Se as eleições fossem hoje, o deputado estadual Theodorico Ferraço (PP) seria eleito prefeito de Cachoeiro de Itapemirim com ampla vantagem. Ele tem 57% das intenções de voto, contra 11% do segundo colocado, o advogado Diego Libardi (Republicanos).
É o que mostra pesquisa Ipec realizada a pedido da Rede Gazeta e divulgada nesta segunda-feira (16).
Assim, na cidade, o criador supera a criatura. Foi Theodorico que lançou Libardi na vida político-partidária. Os dois estavam sob o guarda-chuva do antigo DEM, que depois se fundiu ao PSL, dando origem ao União Brasil.
A aliança desandou quando o advogado decidiu se filiar ao Republicanos e alçar voo próprio.
Confesso que, inicialmente, não compreendi o motivo de Theodorico, aos 85 anos de idade, lançar-se candidato a prefeito. Deputado estadual, agora filiado ao PP, o político veterano nem participava, presencialmente, das sessões da Assembleia Legislativa, devido a problemas de saúde.
Ele teria fôlego para encarar uma disputa municipal? Será que decidiu concorrer apenas para criar problemas para o ex-pupilo?
Em julho, o próprio Theodorico contou à coluna que o plano original era que Juninho da Cofril fosse o candidato a prefeito de Cachoeiro apoiado por ele.
Juninho, porém, estava filiado ao PL e a sigla impôs diversas restrições em relação a alianças partidárias, o que enfraqueceria o palanque. Para não deixar o grupo político órfão, Theodorico Ferraço, então, assumiu a cabeça de chapa. E se disse plenamente recuperado dos problemas de saúde.
Juninho da Cofril, por sua vez, filiou-se ao Novo e virou vice do candidato do PP. Aos 27 anos, ele equilibra a dupla, composta por um veterno e um jovem.
MDB e PMB reforçam a coligação.
Se Theodorico for eleito, como indica o Ipec, vai ter 87 anos ao tomar posse, em 1º de janeiro de 2025.
E voltará ao comando do município após 20 anos. Ele foi prefeito de Cachoeiro por quatro mandatos (16 anos) e deixou o cargo, na vez mais recente, em dezembro de 2004.
O primeiro mandato foi exercido por ele, no Executivo municipal, de 1973 a 1977, ainda durante a ditadura militar. Aliás, na época, ele era filiado à Arena, partido do regime.
Ou seja, Theodorico é, realmente, um político "das antigas" que volta às graças do povo em pleno 2024.
É até incrível, eu diria, o fato de ele ser o menos rejeitado entre os candidatos. Normalmente, os nomes mais conhecidos pelos eleitores têm uma rejeição significativa.
Mas, de acordo com o Ipec, apenas 10% dos entrevistados disseram que não votariam no ex-prefeito de jeito nenhum.
O SUPLENTE
Se Theodorico for eleito prefeito, ele vai ter que renunciar ao cargo de deputado estadual.
No lugar dele, em 2026, quem deve assumir é o primeiro suplente, o conselheiro aposentado do Tribunal de Contas (TCES) e ex-deputado estadual Marcos Madureira (PP).
EMBOLADOS
Não somente de Theodorico Ferraço e Diego Libardi se faz a eleição em Cachoeiro de Itapemirim.
O atual prefeito, Victor Coelho (PSB), apoia uma candidata, a ex-secretária municipal de Obras Lorena Vasques, também do PSB, partido do governador Renato Casagrande.
De acordo com a pesquisa Ipec, contudo, a socialista não está bem na foto. Com 8% das intenções de voto, ela aparece em quarto lugar na corrida.
Pela margem de erro da amostragem, que é de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos, Lorena está tecnicamente empatada com Libardi e com o candidato do PL, Léo Camargo, que tem 9% das intenções de voto.
Isso quer dizer que os três, Libardi, Léo e Lorena, estão "embolados" entre o segundo e quatro lugares, mas, na verdade, seguem no mesmo patamar, que é bastante inferior ao de Theodorico.
Em último, aparece o ex-prefeito Carlos Casteglione (PT), com 3% das intenções de voto. Vale lembrar que a candidatura do petista chegou a ser barrada pelo juiz eleitoral da cidade, mas, nesta segunda, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES) decidiu manter o candidato no páreo.
Casteglione é o mais rejeitado: 52% disseram que não votariam nele de forma alguma.
A candidata do prefeito aparece em segundo lugar, rejeitada por 22% dos eleitores.
AVALIAÇÃO É CALCANHAR DE AQUILES
O Ipec mostra que a gestão do prefeito Victor Coelho é considerada ruim ou péssima por 37% dos entrevistados.
Esse percentual é bem superior aos 19% que avaliam a administração municipal como boa ou ótima.
Enquanto isso, 42% a consideram regular.
Para que um prefeito consiga eleger o sucessor, é preciso estar mais bem avaliado.
Logo, o desempenho de Victor Coelho afeta direta e negativamente o de Lorena Vasques.
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