Candidato do PL à Prefeitura de Vila Velha, Coronel Ramalho chegou à sabatina realizada por A Gazeta e Rádio CBN Vitória, nesta terça-feira (27), com um objetivo: demolir, verbalmente, o principal adversário dele na disputa, o prefeito Arnaldinho Borgo (Podemos).
Mesmo ao responder perguntas em que o candidato à reeleição não era citado, Ramalho dava um jeito de inserir várias críticas ao gestor municipal. Às vezes até se atropelava, reprovando muitas coisas de uma vez só.
A estratégia é compreensível. Ramalho é um candidato de oposição ao atual prefeito e tem um curto período, 39 dias, para convencer os eleitores de Vila Velha de que a continuidade da administração não é a melhor ideia e, assim, ao menos conseguir disputar o segundo turno.
De acordo com pesquisa Ipec realizada a pedido da Rede Gazeta e divulgada na última sexta-feira (23), Arnaldinho tem 75% das intenções de voto e Ramalho, em segundo lugar, tem 10%.
O coronel fez o dever de casa. Assistiu à entrevista de segunda-feira (26), protagonizada por Arnaldinho, e rebateu números e afirmações do candidato do Podemos.
Até agora, a campanha de Ramalho, embora contenha críticas ao prefeito, está mais voltada a questões ideológicas, com alfinetadas na esquerda e no PSB, partido do governador Renato Casagrande, que está no palanque de Arnaldinho.
Nesta terça, contudo, Ramalho colocou o prefeito de Vila Velha, propriamente, na mira (metaforicamente falando).
Criticou ações ou omissões nas áreas de saúde, educação, segurança e trânsito. Mas pecou um tanto na apresentação de soluções, de propostas.
Ramalho, por exemplo, discorreu bastante sobre pessoas em situação de rua em Vila Velha, tema de pergunta feita pela colunista Vilmara Fernandes.
É um problema complexo, cuja solução, certamente, também o é.
No programa de governo registrado na Justiça Federal, o coronel propõe "aprovar legislação e efetivação da política de internação humanizada sem consentimento das Pessoas em Situação de Rua - PSR que ofereçam risco à sociedade".
Desde 2023, entretanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) proíbe que pessoas em situação de rua sejam internadas à força.
Aprovar uma lei municipal — a única sobre a qual um prefeito teria influência direta — para a internação "sem consentimento", portanto, não é uma opção legal.
Ramalho respondeu que não faria nada ilegalmente e que apenas gostaria de propor o debate.
Questionado por mim, na sabatina, sobre o apoio ao governador Renato Casagrande (PSB), em 2022, Ramalho afirmou que esteve ao lado do socialista, naquele ano, por "inexperiência política".
"Mas, hoje, estamos consolidados dentro do PL, dentro de um projeto muito maior, pensando em 2024, mas também em 2026."
Alguns atores políticos de Vila Velha e até de fora da cidade avaliam que o plano de Ramalho, na verdade, é ser candidato ao Senado ou à Câmara dos Deputados em 2026.
E que a disputa de 2024 é apenas uma escala para este caminho, uma forma de o coronel ganhar mais visibilidade e estofo para a eleição a ser realizada daqui a dois anos.
Em 2022, ele tentou disputar o Senado, mas o partido dele, o Podemos, na época, não permitiu. Coronel Ramalho concorreu a uma vaga na Câmara dos Deputados e não foi eleito, ficou como suplente.
Perguntei, então, na sabatina, se ele pretende disputar o pleito de 2026, independentemente do resultado das eleições de 2024.
Coronel Ramalho respondeu que está focado em 2024 e que não brinca com o sentimento das pessoas:
"O nosso foco, obviamente, é 2024 (...) naquele momento (2022), a gente estava motivado, realmente, a ingressar no Congresso Nacional. Nós não costumamos e não é a nossa índole brincar com os sentimentos das pessoas".
"Como secretário de Segurança Pública é muito comum os prefeitos baterem à porta do gabinete (...) Muitos prefeitos não cumprem as suas responsabilidades e cobram das polícias a solução para a criminalidade. Nós identificamos que havia muitas ações que poderiam ser feitas pelas prefeituras", contou o candidato do PL.
Em seguida, claro, criticou Arnaldinho Borgo.
Veja a íntegra da entrevista com Coronel Ramalho:
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