Causou furor o rápido encontro do governador Renato Casagrande (PSB) com o ex-juiz Sergio Moro, então filiado ao Podemos, em fevereiro. Petistas tomaram o ato como uma afronta, já que Moro é arquirrival do ex-presidente Lula e era pré-candidato à Presidência da República.
Afinal, Casagrande, além de não declarar apoio a Lula, ainda conversava amigavelmente com o ex-juiz. O governador tirou por menos, frisou ter sido um encontro apenas protocolar, mais pelo fato de o Podemos compor a base aliada ao Palácio Anchieta do que pelo próprio Moro.
O ex-juiz participou, na ocasião, de um grande encontro do Podemos, em Vila Velha, concedeu entrevistas e mostrou-se confiante como pré-candidato. Evocou propostas genéricas, como a criação de uma força-tarefa para combater a pobreza.
E ainda provocou o tal alvoroço pela passagem pela Residência Oficial da Praia da Costa. Para quê? Nesta quinta-feira (31), Moro anunciou que, "nesse momento" abre mão da pré-candidatura ao Palácio do Planalto.
Trocou o Podemos pelo União Brasil e lá, como ressaltou o deputado federal Felipe Rigoni, presidente do partido no Espírito Santo, a única oferta que está de pé é o ex-juiz disputar uma vaga de deputado federal por São Paulo.
No Espírito Santo ele havia amealhado aliados. O presidente estadual do Podemos, Gilson Daniel, fazia parte da equipe que elaborava o plano de governo do então pré-candidato à Presidência da República, na área do municipalismo.
O senador Marcos do Val (Podemos) divulgou-se ao lado de Moro quando da filiação dele ao Podemos e também passou a integrar o time, como organizador dos projetos na área de Segurança Pública.
A presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, que, em fevereiro, também esteve no Espírito Santo exaltando o ex-juiz, disse que soube pela imprensa que ele estava deixando o partido.
Todos ficaram a ver navios.
No Podemos, Moro chegou a propor ser candidato ao Senado pelo Paraná, o que tiraria a chance de reeleição do senador Álvaro Dias (Podemos-PR). Proposta rejeitada, desfecho inusitado.
No PT, local e nacional, quem perguntava, provocativamente, se Casagrande apoiava Lula ou Moro agora sabe que a segunda opção nem é uma opção.
Mas está longe de ser uma vitória para Lula. Os cerca de 8% de intenções de voto que Moro marcou no último Datafolha certamente não vão migrar para o petista.
Quem tem mais a ganhar com isso é o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), a quem o ex-juiz serviu como Ministro da Justiça até o rompimento entre os dois.
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