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Erick e Casagrande: aliado trabalha para reaproximar adversários

Presidente da Assembleia Legislativa saiu da corrida pelo governo do ES e agora disputa o Senado

Vitória
Publicado em 09/08/2022 às 16h22
Sorridente, Casagrande sanciona projeto ao lado de um Erick Musso ainda mais sorridente
Sorridente, Casagrande sanciona projeto ao lado de um Erick Musso ainda mais sorridente, em 2020. Crédito: Helio de Queiroz Filho

O deputado estadual Marcelo Santos (Podemos) declarou apoio ao presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), na disputa pelo Senado. Marcelo é vice-presidente da Assembleia, compõe a Mesa Diretora da Casa há quase seis anos, sempre como aliado de Erick. 

Mas também é um dileto apoiador do governador Renato Casagrande (PSB). Erick e o socialista estavam diretamente em lados opostos quando o presidente da Assembleia era pré-candidato ao Palácio Anchieta. Casagrande está na corrida pela reeleição.

Agora que o Republicanos rifou o ex-prefeito de Colatina Sérgio Meneguelli e o substituiu por Erick para conquistar uma vaga no Senado, Marcelo Santos trabalha pela reaproximação entre o presidente do Legislativo e o governador.

"Acredito totalmente nisso", cravou Marcelo, em entrevista à coluna.

"Hoje, com Erick não disputando o mesmo cargo que Renato Casagrande, vou trabalhar muito para que eles tenham uma relação mais próxima", afirmou.

"As críticas (de Erick ao governo) sempre foram com respeito, nunca baixou o nível.  O governo Casagrande é muito bom, tem falhas, já que nenhum governo é perfeito. Quem é candidato (de oposição) é natural apontar o que precisa ser corrigido", minimizou o deputado.

O presidente da Assembleia já disse, por exemplo, que a segurança pública no Espírito Santo está na UTI.

Mas num passado não tão distante Erick Musso e Casagrande eram aliados. O socialista apoiou a reeleição do presidente da Assembleia, em fevereiro de 2021. O deputado, por sua vez, declarou publicamente que ajudaria o governador "a carregar o piano".

Aliados de Erick já veem sinais de aproximação dele com integrantes da base do governo. E um sinal claro: o presidente do Legislativo não apoia ninguém na eleição para o Palácio Anchieta.

Não pede votos para Casagrande, mas também não se aliou a seus adversários.

Questionado, na entrevista coletiva em que anunciou uma coligação com o União Brasil apenas para a disputa pelo Senado, se pediria votos, individualmente, para algum postulante ao Palácio Anchieta, Erick não se comprometeu: "Vou pedir votos para senador".

PODEMOS

Voltando ao apoio de Marcelo Santos a Erick, isso não chega a surpreender, dado o histórico de alianças dos dois. O partido de Marcelo, no entanto, não seguiu pelo mesmo caminho, ao menos não oficialmente.

O Podemos rifou o coronel Alexandre Ramalho, até então pré-candidato a senador, e coligou com o PSB de Casagrande, que apoia a reeleição da senadora Rose de Freitas (MDB).

O endosso à emedebista é uma "decisão essa respeitada por todos nós", de acordo com carta assinada pela Executiva estadual do partido que, assim, não se mostrou muito empolgado com Rose, mas tampouco declarou apoio a outro candidato.

Integrantes do partido, ainda que extraoficialmente, podem fazer o mesmo que Marcelo. 

O deputado do Podemos, inicialmente, apoiava o deputado federal Da Vitória (PP) para o Senado. Este, entretanto, vai disputar a reeleição. Então Marcelo passou a advogar pela candidatura avulsa de Ramalho, em seguida descartada pelo partido.

E agora escolheu Erick. "É um cara jovem, tem uma visão que não é limitada", elogiou. Erick Musso tem 35 anos, a idade mínima para se candidatar ao cargo que ele almeja.

OUTROS DEPUTADOS

Outros deputados estaduais também devem apoiar Erick. Alguns, apesar de serem aliados do presidente da Assembleia, não deixariam o palanque de Casagrande para pedir votos para o colega na corrida pelo governo do estado.

Já para o Senado a coisa muda de figura. A exemplo do que faz Marcelo Santos.

Já Renzo Vasconcelos, que está no PSC, inicialmente parceiro de Erick Musso para o governo, é outro que vai endossar o nome do republicano para o Senado, embora o PSC não tenha batido o martelo quanto a isso.

O deputado estadual Doutor Hércules, que integra o Patriota, partido que está na mesma situação que o PSC, não pestaneja ao dizer quem vai apoiar para o Senado:

 "Estamos apoiando Erick. Quando os partidos me rejeitaram (no fim do prazo para filiações, em abril) foi Rafael (Favatto) quem abriu as portas para mim no Patriota e Erick também participou da minha ida para lá", lembrou.

"Gratidão é a memória do coração. Alguns políticos de Vila Velha estão com Alzheimer, mas o meu coração está lembrando", complementou.

Hércules, candidato à reeleição, está um pote até aqui de mágoa com antigos aliados.

FORA DA CASINHA

Erick também procurou o PP, que está na coligação do PSB para o governo, mas deixou em aberto, por enquanto, quem vai apoiar para o Senado. 

O secretário-geral do partido, Marcos Delmaestro, esteve na convenção do Republicanos que confirmou o presidente da Assembleia como candidato ao Senado. Isso não quer dizer muita coisa, já que Delmaestro foi a diversas convenções.

Nesta terça-feira (9), ele disse à coluna que o PP ainda avalia como vai se portar em relação ao Senado.

Nada impede, no entanto, que um membro ou outro estejam com Erick. Só não pode haver material de campanha casado, já que o PP não vai poder se filiar a uma candidatura ao Senado diferente da apoiada pela coligação do governador.

A título de exemplo, apesar de o PP ser um ferrenho defensor de Casagrande, o deputado federal Evair de Melo (PP) está no palanque do ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon (PSD) na eleição para o governo do Espírito Santo.

Erick Musso também tenta obter o apoio de outro filiado ao Podemos, o coronel Ramalho, que ainda não anunciou se vai ser candidato a deputado federal ou desistir de concorrer no pleito deste ano.

RIGONI E CASAGRANDE

Outra reaproximação em curso é entre o deputado federal Felipe Rigoni, presidente estadual do União Brasil e aliado de Erick, e Casagrande.

Os dois conversaram pouco antes de o parlamentar do União desistir de disputar o Palácio Anchieta.

Uma pessoa próxima a Rigoni diz que até foi aberta a possibilidade de o deputado federal comandar uma secretaria no próximo governo do socialista, se este for reeleito, claro.

Rigoni e o governador já foram bem próximos, foi por isso que o deputado se filiou ao PSB, partido pelo qual foi eleito, em 2018. Depois, afastaram-se à medida que o parlamentar passou a tentar alçar voos solos. 

Na entrevista coletiva que selou a parceria entre Erick e Rigoni o deputado do União pontuou, contudo, que as conversas com Casagrande não significavam uma reaproximação política.

Ele também não apoia ninguém na corrida pelo governo do estado.

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