Com 5% das intenções estimuladas de voto, de acordo com pesquisa Ipec divulgada no último dia 2, o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), tenta ser eleito ao Senado pelo Espírito Santo com um discurso que acena ao eleitor de centro.
Ao menos essa foi a estratégia que ele adotou em entrevista concedida à coluna nesta quarta-feira (14) e transmitida ao vivo em A Gazeta.
Erick ficou, digamos, em cima do muro em algumas questões. Em outras, foi incisivo. É, por exemplo, favorável à redução da maioridade penal e ao armamento da população civil.
Esses são temas abraçados, via de regra, pela direita, notadamente pelos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Erick evitou se dizer, com todas as letras, um eleitor do atual chefe do Executivo federal, mas deu uma dica que deixa pouca margem para dúvidas:
"Sou cristão, sou conservador, tenho as minhas premissas básicas, valores éticos, morais e republicanos".
Ao menos "cristão" e "conservador" são termos que fazem parte do dicionário de dez entre dez bolsonaristas, ainda que, em muitos casos, sejam adjetivos sem aplicação prática por esses mesmos bolsonaristas.
Um dos líderes da pesquisa Ipec é o ex-senador Magno Malta (PL), que tem 27% das intenções estimuladas de voto, empatado com a senadora Rose de Freitas (MDB), que alcançou o mesmo percentual.
Magno dia sim, dia também, associa-se à imagem de Bolsonaro. O ex-senador é do PL, um partido conservador, que integra o Centrão. É evangélico e se vale disso na vida pública.
O Republicanos de Erick, por sua vez, tem como slogan arvorar-se "o verdadeiro partido conservador do Brasil". O deputado estadual também é evangélico e não restringe isso à sua vida privada. Divulga encontros com líderes religiosos e até orações realizadas no gabinete da Assembleia.
UM MAGNO JOVEM?
A coluna quis saber o que o difere de Magno, além da idade – um tem 35 e o outro 64 anos – e o fato de o candidato do PL ter sido senador por dois mandatos. Erick disputa o Senado pela primeira vez, mas está na política partidária desde os 21 anos.
Afinal, se alguém quiser votar em Erick como "terceira via", uma opção entre Rose e Magno, pode acabar com um candidato que, no Senado, vai votar como se o próprio Magno lá estivesse?
O candidato do Republicanos não fez questão de se contrapor ao do PL. Ao eleitor disposto a lançar mão do voto útil, ele pediu "uma oportunidade de renovação".
"Eu respeito quem já passou por lá por 16 anos, respeito quem está no Senado há oito, mas no Congresso Nacional há 30 (Rose). Estou pedindo uma oportunidade aos capixabas para que a gente possa renovar."
Questionado sobre como avalia o governo Bolsonaro, deu uma resposta genérica:
"Um governo com erros, um governo com acertos, como todos os governos. Um governo que encarou grandes desafios e com grandes serviços prestados à nação e também com coisas que poderiam ser melhor aprimoradas"
A coluna pediu para ele ao menos citar um erro e um acerto. "O governo Bolsonaro trabalhou muito forte no agronegócio, acho esse um ponto positivo, tem vários pontos positivos, mas não vou ficar aqui levantando pontos assertivos. Uma coisa que eu faria de forma diferente foi de colocar algumas coisas do ponto de vista da comunicação com a sociedade brasileira".
O candidato do Republicanos ao Senado não criticou diretamente o governador Renato Casagrande (PSB), do qual foi adversário direto quando o deputado era pré-candidato ao Palácio Anchieta, há poucos meses.
Mas disse não haver, hoje, conversas ou possibilidade de reaproximação entre os dois.
"Não existe essa conversa. Essa possibilidade nunca foi colocada à mesa. O governador tem a sua candidata (Rose) e eu respeito", afirmou Erick.
A coluna também questionou o deputado sobre como fica a atuação no parlamento estadual enquanto ele tenta ser eleito para o Legislativo federal. A reportagem de A Gazeta já levantou que ele praticamente não presidiu sessões na Casa no mês de setembro. Muitas vezes, nem participa das sessões, apenas registra presença e sai em seguida.
Erick sustentou não ter deixado o Legislativo estadual de lado. A pauta está trancada por um veto que, enquanto não for votado pelos parlamentares, impede a análise de projetos:
"Eu presidi as sessões que tinham votações importantes. Há o travamento da pauta por vetos, que é legítimo, constitucional e dentro do regimento interno. Quando destravar esses vetos estarei lá para presidir".
Todos os demais deputados estaduais são candidatos, ou à reeleição ou a deputado federal. Muitos deles não aparecem efetivamente na Casa em meio às eleições. Registram presença e abandonam o plenário.
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