Até agora, os candidatos ao Senado pelo Espírito Santo estavam, no máximo, mandando leves indiretas aos adversários.
Erick Musso (Republicanos) perguntava e respondia, no horário eleitoral, o que um senador pode fazer para ajudar a resolver problemas do estado. Rose de Freitas (Rose) alfinetava dizendo o que faz e o que fez no cargo, Magno Malta (PL), em contraponto, apresentou-se como "pai da obra do Contorno do Mestre Álvaro".
Pesquisa Ipec publicada na última quinta-feira (22) mostrou Rose e Magno empatados tecnicamente em primeiro lugar, com a emedebista numericamente à frente e como a única que cresceu acima da margem de erro em comparação com o levantamento divulgado no dia 2.
Rose apareceu com 31% das intenções estimuladas de voto; Magno, com 27% e Erick com 8%. Na pesquisa espontânea, em que os nomes dos candidatos não são informados aos entrevistados, 57% afirmaram não saber em quem votar para o Senado.
Assim, uma inserção do candidato do Republicanos na TV mudou o tom. O narrador da propaganda diz "do lado de lá, velhas políticas e orçamento secreto no Senado".
Ao fundo, imagens de reportagens e coluna de A Gazeta com foto de Rose falando sobre uso de emendas do orçamento secreto e o título: "PF vê indícios de desvios na Codesa para bancar gastos de Rose de Freitas".
Foi a primeira vez que algum adversário mencionou, ainda que indiretamente, a Operação Corsários, que cumpriu, em 2021, mandados de busca e apreensão em endereços da senadora.
Rose já divulgou os valores e a destinação das emendas que utilizou do orçamento secreto, na mesma coluna exibida por Erick. Quanto à operação, em entrevista à coluna, embora tenha se irritado com a pergunta, ela foi enfática: "Não roubei!". Ela afirmou, ainda, que a operação não resultou na abertura de processo.
Na mesma inserção da TV, a campanha de Erick voltou-se também contra Magno.
"Do lado de lá, promessas vazias e ódio", diz o narrador. Ao fundo, reportagens dos veículos Século Diário e Veja com os títulos "Acusado de abuso por CPI da Pedofilia denuncia senador Magno Malta" e "A fraude do senador Magno Malta", sobre o mesmo assunto.
"Afirmei na época (em 2009) o que tenho dito: pedófilos devem ser investigados, condenados e presos. Pedofilia é crime hediondo. Quanto às denúncias de espancamento e outras ilegalidades, devem ser apuradas, e seus autores, apontados pelo acusado", respondeu Magno, em 2018, ao jornal Folha de S. Paulo sobre o caso.
Além de mostrar o que, segundo ele, tem "do lado de lá", Erick também exibiu o que considera haver "do lado de cá", dele mesmo.
"Do lado de cá, ficha limpa e transparência". "Aqui, propostas reais e respeito".
"Do lado de lá, a famosa velha política", prossegue o narrador. "Aqui, renovação, juventude e família".
Erick tem 35 anos, a idade mínima para que alguém possa disputar o Senado. Mas está na política partidária ao menos desde os 22 anos. Já foi vereador, presidente da Câmara de Aracruz, está no segundo mandato de deputado estadual e preside a Assembleia Legislativa há seis anos.
Teve como padrinho político, inicialmente, o avô, Heraldo Musso, que também foi deputado estadual e trabalhou no gabinete de Marcelo Coelho na Assembleia. Eleito deputado, Erick virou vice-líder do governo Paulo Hartung (então filiado ao MDB). E tentou ser eleito prefeito de Aracruz com o apoio deste, em 2016, mas foi derrotado.
Hoje, Erick exibe como principais aliados o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini,e o deputado federal Amaro Neto, ambos do Republicanos.
ROSE E MAGNO
Rose, em entrevista para a coluna, criticou a possibilidade de "um homem preguiçoso" assumir a cadeira no Senado, mas não revelou quem seria tal homem. Não fez críticas diretas a nenhum adversário.
No horário eleitoral, ela se dedica a elencar o que fez no mandato e a reforçar que tem o apoio de diversos prefeitos e, principalmente, do governador Renato Casagrande (PSB), que lidera a corrida pelo Palácio Anchieta.
Magno, por sua vez, tem pouco tempo na TV e no rádio. Ele aposta mais nas redes sociais, mas, em qualquer situação, mostra-se aliado do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), o que, aparentemente, julga ser seu principal trunfo.
O ex-senador já apareceu, também, usando luvas e socando, creio que apenas figurativamente, a câmera: "Aprendi a tomar porrada e continuar lutando".
CAMPANHAS MILIONÁRIAS
Erick tem R$ 3,4 milhões para fazer campanha; Rose, R$ 3,7 milhões e Magno, R$ 2,3 milhões.
Ao todo, há nove candidatos ao Senado pelo Espírito Santo. Também estão no páreo: Nelson Junior (Avante), Gilberto Campos (PSol), Filipe Skiter (PSTU), Carone (Agir), Antonio Bungenstab (PRTB) e Coronel Lugato (DC).
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