Uma coisa une o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (União Brasil), ao ex-senador Magno Malta (PL): os dois são conservadores, apesar de estarem em lados opostos na disputa pelo governo do Espírito Santo. Euclério é aliado do governador Renato Casagrande (PSB). Magno, de Carlos Manato (PL).
O prefeito e o ex-senador se estranharam nesta terça-feira (9), mas não foi devido à corrida eleitoral. O que opôs os dois foi um vídeo publicado nas redes sociais de Magno. Euclério divulgou uma nota de repúdio porque "foi dito de forma mentirosa que a Prefeitura de Cariacica direcionou verba para uma manifestação do movimento LGBTQIA+".
"A atual gestão da Prefeitura de Cariacica nunca direcionou nenhum valor para manifestações desse movimento e de nenhum outro dessa natureza. As informações ditas nesse encontro são totalmente mentirosas (...) Essa é mais uma artimanha que faz parte da política suja ainda feita no nosso estado e que precisa acabar", escreveu Euclério.
"Este senhor (Magno), que é candidato a senador da República, deveria se informar antes de publicar fake news disseminadas em grupos de extremistas e que nada contribui para a democracia", provocou o prefeito.
As palavras sobre o suposto repasse de verbas da prefeitura não partiram do ex-senador e sim de representantes do grupo Gays de Direita Brasil, de acordo com Euclério. A coluna não chegou a ver o vídeo. Magno apagou a publicação e, em outro post, fez um "esclarecimento":
"Foi uma reunião da Direita Guarapari, em que falei das nossas pautas. Um grupo, denominado Gays Conservadores, usaram a palavra para falar da perseguição e do sofrimento por serem conservadores no ativismo LGBTQI. Eles defendem as nossas pautas, Deus, pátria, família e liberdade. Eles sabem que ser homossexual é uma escolha pessoal deles e que nós respeitamos", afirmou o ex-senador.
"Em nenhum momento (o objetivo do vídeo) foi ofender ou atacar o prefeito de Cariacica e nem a cidade de Cariacica. Muito pelo contrário, mas virou uma polêmica envolvendo o nome do prefeito Euclério Sampaio, a quem eu sempre respeitei. É meu amigo, irmão em Cristo, guerreiro, dono do projeto que proíbe homem nu em museu, em qualquer exposição. Ele aprovou e foi vetado pelo governador", elogiou Mango.
"Em respeito a você, Euclério, eu pedi à minha assessoria que tirasse o vídeo do ar", completou.
"IMPÉRIO HOMOSSEXUAL"
Magno sempre se contrapôs a pautas LGBTQIA+ e se promove dessa forma para angariar votos entre os eleitores conservadores, em especial os evangélicos.
Em 2012, ao discursar contra o projeto que criminalizava a homofobia, por exemplo, ele alertou sobre a tentativa de se criar um "império homossexual no Brasil". Queixou-se de que queriam proibir uma pessoa de se negar a alugar um apartamento para um gay ou de demitir um homossexual somente por ser homossexual.
A homofobia foi criminalizada no Brasil. Não graças ao Congresso Nacional, que Magno integrou. Em 2019, o Supremo Tribunal Federal equiparou homofobia e transfobia como crimes de racismo.
De lá pra cá, nenhum "império homossexual" se formou. O presidente da República continua a ser Jair Bolsonaro (PL) , que já disse o seguinte: "Seria incapaz de amar um filho homossexual. Não vou dar uma de hipócrita aqui: prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí. Para mim ele vai ter morrido mesmo".
Magno é aliado de Bolsonaro e conta com o apoio dele na disputa pelo Senado no Espírito Santo.
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