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"Fui injustiçado, tiraram o meu sonho", diz Ramalho, após ser rifado da disputa pelo Senado

Ex-secretário de Segurança Pública foi barrado pelo próprio partido. Agora, ainda avalia se vai concorrer a deputado federal. E não se compromete a subir no palanque do governador Renato Casagrande (PSB), a quem serviu no primeiro escalão

Vitória
Publicado em 04/08/2022 às 14h15
Atualizado em 04/08/2022 às 15h16
Coronel da PMES Alexandre Ramalho
Coronel da PMES Alexandre Ramalho. Crédito: Divulgação/PMES

O ex-secretário de Segurança Pública coronel Alexandre Ramalho (Podemos) diz se sentir "injustiçado" pelo próprio partido. "Tiraram meu sonho", afirmou à coluna, nesta quinta-feira (4). O Podemos decidiu não lançar a candidatura dele ao Senado.

O coronel se queixou de não ter recebido apoio da legenda e do tempo que a sigla levou para tomar uma decisão, ainda que negativa.

E afirmou que ainda não decidiu se vai disputar uma cadeira de deputado federal e tampouco se vai subir no palanque do governador Renato Casagrande (PSB), a quem serviu no primeiro escalão.

"Em momento algum o partido acenou com possibilidade real de eu ser candidato. Só falaram que era para eu trabalhar. E fui, sozinho. Falaram 'agora é capinar'. Eu fui capinar, nem enxada me deram", lamentou.

Ramalho ingressou no Podemos em 2 de abril, no prazo limite para filiações. Na época, recebeu a garantia de que teria espaço para concorrer ao Senado. No campo dos aliados do governador, desde então, entretanto, já se sabia que outros nomes estavam na corrida, como o deputado federal Da Vitória (PP) e a senadora Rose de Freitas (MDB), que acabou por se consolidar.

"Se todo mundo sabia que íamos chegar neste ponto agora, que tivessem negado lá atrás. Deixar passar três meses, não decidir na convenção, criar expectativa ...Aí passo pelo constrangimento de ser o único na convenção a não ter candidatura homologada, como você viu lá", lembrou.

"Essas coisas que foram machucando a gente", complementou.

Marcelo Santos e Coronel Ramalho
O deputado estadual Marcelo Santos e o coronel Alexandre Ramalho, durante convenção do Podemos. Crédito: Letícia Gonçalves

O então pré-candidato ao Senado soube da definição da Executiva estadual do partido, à qual a convenção delegou poderes decisórios, após uma conversa, nesta quarta-feira (3), com o presidente estadual da sigla, Gilson Daniel.

Ramalho disse não guardar mágoas, nem dele e nem do governador, de quem é aliado. 

Mas, como se disse "decepcionado", ainda avalia se vai ser candidato este ano ou se abandona de vez a vida político-partidária.

"Não sei se vou disputar este ano (como candidato a deputado federal) e aí não sei se teria ânimo para permanecer na política partidária. Tem a iniciativa privada, consultoria, palestras, recebi contatos de empresas", adiantou.

"VOU PENSAR EM MIM"

Questionado se pretende abraçar a candidatura à reeleição do governador, com quem o Podemos vai se coligar, o coronel preferiu não se comprometer.

"Sempre caminhei com o governador, tive total lealdade, me entreguei por resultados.. Saí com redução de 15% nos homicídios, o melhor resultado em 26 anos. Agora chegou a hora de pensar em mim", disparou.

"Não estou preocupado com o projeto do governador ou de outros candidatos. Tenho que decidir o que vou fazer da minha vida."

"Não estou focado nisso (em pedir ou não votos para Casagrande). Fui leal o tempo todo. Não fui eu que não escolhi o governador. Eu que não fui escolhido. Tiraram o meu sonho."

ERICK MUSSO

No rol de outros candidatos há o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), que concorre a uma vaga de senador. Erick já telefonou, de novo, nesta quinta para Ramalho. O deputado gostaria do apoio dele, ainda que informal.

"Hoje (Erick) ligou prestando solidariedade pelo ocorrido e está disposto a colher ideias para integrar no projeto dele. É importante dialogar, mas não é hora de definir. Não sei nem se vou continuar (na política partidária) aí não teria peso nenhum minha participação", despistou o coronel.

Como analisamos, o maior beneficiário da retirada do coronel do páreo é Magno Malta (PL), que quer voltar ao Senado. Ramalho é bolsonarista, assim como o ex-senador, e, com a bandeira da segurança pública e pautas conservadoras, poderia tirar votos do adversário.

Erick, que explora o mesmo filão, no entanto, tem uma estratégia, apresentar-se como "novidade". Ramalho poderia disputar com ele essa marca. Agora, pode ajudá-lo. 

MOTIVOS

 O coronel ainda não tem respostas sobre seu futuro político. Mas faz questão de avaliar os motivos que levaram à negativa do Podemos quanto à candidatura ao Senado. Considera que nenhum deles é plausível.

Ele ouviu de Gilson Daniel que o Podemos teria que lançar a candidatura avulsamente, sem coligação, ou seja, sem se aliar oficialmente ao time de Casagrande, uma vez que a coligação dele já apoia Rose.

E, dessa forma, os candidatos a deputado estadual e federal da legenda não poderiam fazer material de campanha "casado", com a foto do socialista, por exemplo. 

"Qual seria o prejuízo? Estar sem material casado? O cara que abraça a campanha do governador vai fazer de qualquer jeito, isso é retrógrado. A gente se comunica por rede social", rebateu o coronel.

"Ele também falou que, sem coligação, o Podemos não poderia receber recursos do partido do governador. Mas o ministro Fachin (do Supremo Tribunal Federal) já decidiu que mesmo os partidos da coligação também não podem receber. Não me deram motivos plausíveis (para não lançar a candidatura avulsa ao Senado)", alegou Ramalho.

O próprio coronel teria um tempo ínfimo de propaganda de TV e rádio se o partido bancasse a candidatura dele ao Senado isoladamente, mas ele também já minimizou isso, disse que pediria votos via redes sociais. Outro entrave é que uma campanha para o Senado é cara, custaria recursos do Podemos.

Publicação do coronel Alexandre Ramalho no Instagram após ser rifado da disputa pelo Senado
Publicação do coronel Alexandre Ramalho no Instagram após ser rifado da disputa pelo Senado. Crédito: Reprodução

O melhor para o partido e para o próprio Gilson Daniel seria o coronel aceitar ser candidato a deputado federal. Isso impulsionaria a chapa, aumentaria as chances de eleição de Gilson, que integra o grupo. O presidente do Podemos já disse que, mesmo sem o militar da reserva da PM, o Podemos conseguiria eleger dois deputados federais, embora há quem duvide dessa projeção.

Com Ramalho na chapa, no mínimo, "ajudaria muito", segundo o próprio presidente do partido.

Em nota divulgada nesta quarta, a Executiva estadual do Podemos justifica a decisão de não lançar um nome ao Senado e, entre outros pontos, frisa que a prioridade da legenda é eleger deputados federais.

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