Este é um espaço para falar de Política: notícias, opiniões, bastidores, principalmente do que ocorre no Espírito Santo. A colunista ingressou na Rede Gazeta em 2006, atuou na Rádio CBN Vitória/Gazeta Online e migrou para a editoria de Política de A Gazeta em 2012, em que trabalhou como repórter e editora-adjunta

Governo Bolsonaro "dá com uma mão e tira com a outra", diz Eduardo Leite, no ES

Governador do Rio Grande do Sul veio a Vitória em busca de votos dos tucanos locais para ser escolhido como candidato à Presidência da República pelo PSDB

Vitória
Publicado em 23/10/2021 às 13h43
Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, em evento do PSDB, em Vitória
Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, em evento do PSDB, em Vitória. Crédito: Rodger Timm/Divulgação

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, veio ao Espírito Santo neste sábado (23) em busca de votos de tucanos locais nas prévias do partido, que vão definir quem vai ser o candidato do partido à Presidência da República. Não citou em nenhum momento o nome do principal adversário interno, o governador de São Paulo, João Doria.

Frisou o desejo de ser a alternativa ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e ao ex-presidente Lula (PT), sem dedicar muitos adjetivos aos dois.

Leite, no entanto, criticou as recentes manobras do governo federal na economia. Em ano pré-eleitoral, Bolsonaro decidiu furar o teto de gastos, extinguir o Bolsa Família e lançar o Auxilio Brasil, com valor mínimo de R$ 400, ainda sem explicar de onde vai sair o dinheiro para tal.

Bolsonaro também disse que o governo vai bancar uma ajuda de custo a caminhoneiros, nicho eleitoral sensível ao presidente da República e que sofre, como os demais brasileiros, com a alta no preço dos combustíveis. 

Também não se sabe de onde vai sair a verba para o "Bolsa Boleia", como informalmente tem sido chamado o benefício. Para Leite, tudo isso vai resultar em inflação, penalizando a todos: "O governo dá com uma mão e tira com a outra", discursou, ao falar para uma plateia de correligionários na capital do Espírito Santo.

Leite declarou voto em Bolsonaro em 2018, no segundo turno. Questionado pela coluna sobre o motivo do posicionamento, considerando as posturas antidemocráticas e homofóbicas do atual presidente da República, que vêm desde antes da campanha eleitoral daquele ano, o governador do Rio Grande do Sul se justificou:

"Não foi um apoio. Apoiar é fazer campanha junto, é pedir votos, é defender a candidatura de alguém. Eu fiz uma declaração de voto, com críticas à postura em relação às falas antidemocráticas (de Bolsonaro). Do outro lado nós tínhamos uma candidatura que, além de ter aplicado, por meio do PT, um programa econômico que gerou recessão e desemprego e ter protagonizado um dos maiores escândalos de corrupção a história recente do país, lamentavelmente não era o melhor exemplo de democracia, na medida em que comprava deputados com dinheiro vivo e ameaçava fazer regulação da mídia".

Sobre contra quem preferiria disputar um eventual segundo turno em 2022, Leite disse que não escolhe adversários. 

Outros nomes que se movimentam na chamada terceira via, para oferecer uma alternativa a Lula e a Bolsonaro, como o ex-juiz Sergio Moro (que deve se filiar ao Podemos) e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (que saiu do DEM e foi para o PSD). O governador do Rio Grande do Sul disse estar disposto a dialogar com eles, mas afirmou que não é hora de capitular em nome da união de esforços:

"Não há um que flagrantemente se sobreponha em relação aos outros. Não há, na chamada terceira via, uma candidatura que possa avocar para si o apoio dos demais".

Leite disse que, se isso ocorrer no futuro, poderia ceder em prol do fortalecimento de uma via contra Bolsonaro e Lula. "O PSDB sempre teve candidatura, é legítimo que tenha e tudo indica que terá, mas também com disposição de apoiar. É uma missão", frisou. 

Eduardo Leite (PSDB)

Governador do Rio Grande do Sul e pré-candidato à Presidência da República

"A rejeição de Lula turbina Bolsonaro e a rejeição de Bolsonaro turbina Lula"

Leite, aos 36 anos, quer ser a saída. Em vídeo de divulgação exibido em evento do PSDB em um cerimonial de Vitória, o governador se diz de esquerda e de direita. No discurso, disse que é de centro,  mas negou ficar em "cima do muro". "Centro, mas não em cima do muro. É centroavante", cunhou. 

Ele apresenta dados da gestão no Rio Grande do Sul como cartão de visitas: "Assumi o governo em 2019. O Rio Grande do Sul não pagava salários em dia. Hospitais e municípios não recebiam pagamentos relativos à área da saúde, devia fornecedores. Estamos quitando todas as dívidas e anunciamos mais de R$ 3 bilhões em investimentos, com recursos do estado. Vamos chegar a R$ 5 bilhões".

Ele não mencionou no evento, mas o governo de Leite tem integrantes de perfis ideológicos diversos. Leite empregou o filho do ministro do Trabalho e Previdência de Bolsonaro, Onyx Lorenzoni (DEM), Rodrigo Lorenzoni (DEM), na pasta do Turismo, até março. No primeiro escalão também está José Stédile (PSB), irmão do líder sem-terra João Pedro Stédile, na secretaria de Obras

Embora critique o governo Bolsonaro, Doria faz isso num tom mais ameno do que Doria. Da mesma forma, é atacado por Bolsonaristas, já que apregoa o uso de máscaras e a vacinação contra a Covid-19. Mas não é alvo de achincalhes tal qual ocorre com o governador de São Paulo. 

COMO O PSDB DO ES SE POSICIONA

O PSDB do Espírito Santo não fechou questão quanto a apoiar Leite, Doria ou ainda o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio, que também disputa as prévias. O presidente estadual dos tucanos, Vandinho Leite, não respondeu, após ser questionado pela coluna, em quem vai votar. 

O principal cabo eleitoral de Eduardo Leite no Espírito Santo é o deputado estadual Emílio Mameri. O terceiro deputado do partido, Marcos Mansur, não compareceu à recepção ao governador do Rio Grande do Sul. Mansur esteve ao lado de Doria quando este aportou no estado.

O ex-vice-governador César Colnago, que já declarou voto em Doria, prestigiou Eduardo Leite, assim como o ex-prefeito de Vila Velha, Max Filho. 

SUSPEITAS SOBRE AS PRÉVIAS

Eduardo Leite diz que espera uma resposta do partido, em âmbito nacional, quanto às suspeitas de que aliados de Doria filiaram pessoas fora do prazo para que possam votar no governador de São Paulo nas prévias e maquiaram as datas das fichas de filiação. Somente filiados que ingressaram na sigla até 31 de maio podem votar.

"Confio no partido para que as prévias aconteçam de forma regular", afirmou Leite.

Doria, por sua vez, desconfia do sistema de votação das prévias. Não se trata de urna eletrônica, mas um sistema remoto. Os filiados podem votar aqui do Espírito Santo mesmo. Somente alguns, como os que têm mandato, vão votar presencialmente, em Brasília. O governador de São Paulo negou, em debate realizado pelo jornal "O Globo", que seja a favor da adoção de cédulas impressas, mas quer “regras equânimes e confiáveis, para que não haja nenhuma dúvida em relação ao resultado final”.

Leite disse à coluna que confia no sistema adotado pelo PSDB e que Doria vai receber os dados que confirmam tal confiabilidade.

As prévias estão marcadas para o dia 21 de novembro.

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