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Granadas, armas, 'aparelho hacker': o que foi encontrado com político do PL no ES

Thiago Oliveira do Nascimento é investigado e suspeito de praticar extorsão, coação e ameaça contra milionário indiano; ele teve a prisão temporária prorrogada

Vitória
Publicado em 29/01/2024 às 15h56
Thiago Oliveira do Nascimento (jaqueta preta) ao lado do senador e presidente do PL no Espírito Santo, Magno Malta
Thiago Oliveira do Nascimento (de jaqueta preta) ao lado do senador e presidente do PL no Espírito Santo, Magno Malta. Crédito: Reprodução/Instagram

O veterinário Thiago Oliveira do Nascimento foi preso na última terça-feira (23) e teve a prisão temporária prorrogada por mais cinco dias pela juíza Paula Cheim Jorge, da 2ª Vara Criminal de Vila Velha, na sexta-feira (26). Ele é investigado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e suspeito de praticar extorsão, coação e ameaça contra um milionário indiano.

Desde outubro de 2023, Nascimento é filiado ao PL e era até considerado por atores políticos canelas-verdes como possível candidato à Prefeitura de Vila Velha em 2024. Em 2022, disputou uma vaga de deputado estadual pela Rede.

O veterinário foi preso em um hotel de Vitória. Naquela terça-feira (23), mandados de busca e apreensão também foram cumpridos em endereços ligados a ele.

Na decisão do dia 26, à qual a coluna teve acesso, a lista de materiais encontrados chama a atenção. Para começar, na cabeceira da cama do quarto do hotel, havia uma arma de fogo, uma pistola Taurus .380. E um "distintivo CAC do Exército", o que indica que o suspeito tem registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC).

Ainda no quarto, estavam 92 munições, R$ 14 mil em dinheiro e um "aparelho hacker".

O relatório do Gaeco descreve o "Flipper Zero" como "aparelho famigeradamente utilizado por 'hackers', proibido pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações)". 

"Tal aparelho torna sistemas de segurança mais vulneráveis, capaz de interagir com interfaces digitais no mundo físico, incluindo clonar sinais de RFID e NFC, usados em crachás, chaves eletrônicas, celulares que fazem pagamentos por aproximação, análise de protocolos de rádio, abertura de portas de carros, catracas e fechaduras eletrônicas e sistemas de controle de acesso, tudo através de 'clonagem'. Utilizado de forma maliciosa, a cópia realizada com o aparelho o FLIPPER ZERO pode ser usada para acessar áreas restritas, fazer pagamentos indevidos ou roubar informações pessoais", diz o relatório, citado na decisão judicial.

A suspeita é que Thiago Oliveira do Nascimento extorquiu ao menos US$ 1,8 milhão do indiano ao ameaçar divulgar imagens e mensagens que comprovariam que o empresário, casado, manteve um caso extraconjugal com uma brasileira.

Os pagamentos ocorreram, de acordo com o Gaeco, entre 2021 e 2023, via criptomoedas. 

"Foi apreendido ainda um dispositivo eletrônico denominado TREZOR, é uma Hardware Wallet (carteira digital), com suporte para diversos criptoativos, incluindo Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH), Litecoin (LTC), Dogecoin (DOGE), Bitcoin Cash (BCH), além de inúmeros outros Tokens e Altcoins, utilizado para manipulação de moedas digitais", como registra o relatório.

Simulacros de granada

No apartamento em que Nascimento mora, em Itapoã, Vila Velha, a lista de materiais apreendidos é ainda mais curiosa, para dizer o mínimo.

Lá, o Gaeco encontrou dois simulacros de granada M67, dois rifles, mais munições e relógios de marcas de luxo, como Rolex e Montblanc.

"Após a prisão do investigado, identificou-se potencial esquema de lavagem de ativos arrecadados a partir da extorsão praticada, com a participação de interpostas pessoas a serviço de Thiago", escreveu a juíza, ao prorrogar a prisão temporária.

Ou seja, mais pessoas podem ser abarcadas pelo Procedimento de Investigação Criminal (PIC) que tramita no Ministério Público Estadual. 

A magistrada da 2ª Vara Criminal de Vila Velha decidiu manter Nascimento preso por mais cinco dias, a contar de 28 de janeiro, "visando preservar (a investigação de) qualquer tipo de pressão, represália ou forma de intimidação por parte deste agente, ou seja, sem riscos à investigação por atuação dele que pudesse vir a atrapalhar as apurações".

Paula Cheim Jorge ressaltou que o político do PL já respondeu pelo crime de ameaça em outro processo, que não tem relação com a trama envolvendo o milionário indiano.

O que diz a defesa

Nascimento não foi julgado, e tampouco condenado, pelos crimes dos quais é suspeito no caso investigado pelo Gaeco. 

A coluna tentou contato com a defesa dele, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

O que diz o PL

Em comunicado enviado à imprensa, o PL de Vila Velha, presidido por Carlos Salvador, afirmou que "o partido não pode ser responsabilizado pelos atos individuais de seus afiliados" e "repudia firmemente qualquer conduta que não esteja alinhada com valores morais sólidos".

"Em nenhum momento, o senador Magno Malta, presidente do PL-ES, ou qualquer representante oficial do partido, declarou Thiago Oliveira como pré-candidato. Portanto, não podemos nos responsabilizar por especulações políticas envolvendo o seu nome", diz ainda a nota.

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