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Ipec Cachoeiro: o que explica queda de Ferraço, que segue como favorito

Deputado estadual perdeu 15 pontos percentuais em pouco mais de 15 dias, mas, se as eleições fossem hoje, seria eleito prefeito com ampla vantagem

Vitória
Publicado em 05/10/2024 às 16h20
Candidato Ferraço faltou debate da TV Gazeta
Candidato Ferraço faltou ao debate da TV Gazeta. Crédito: Fernando Madeira

Aos 86 anos, o deputado estadual Theodorico Ferraço (PP) segue liderando a corrida eleitoral em Cachoeiro de Itapemirim. A menos de 48h da eleição de domingo (6), o Ipec mostra que, se a votação fosse hoje, o parlamentar seria o escolhido como novo prefeito da cidade, com 50% dos votos. Isso considerando a projeção de votos válidos, que exclui brancos, nulos e indecisos.

Só que Ferraço, em setembro, tinha 65% das intenções de voto, também no recorte pelos votos válidos. Em pouco mais de 15 dias, o político veterano caiu 15 pontos percentuais. É algo significativo, pois extrapola bastante a margem de erro, de quatro pontos.

O que pode explicar isso? Aqui elenco algumas hipóteses.

Em setembro, destaquei que o criador, Ferraço, superou a criatura, Diego Libardi (Republicanos) e, para surpresa desta colunista, demonstrou fôlego eleitoral, apesar da idade avançada e de que, até pouco tempo antes da campanha eleitoral, o deputado nem comparecia pessoalmente às sessões da Assembleia, devido a problemas de saúde.

Ferraço foi prefeito de Cachoeiro por quatro mandatos (16 anos) e deixou o cargo, na vez mais recente, em 2004, ou seja, há 20 anos. Mesmo assim, tem um recall forte entre os eleitores. É a memória do que houve no passado que o move hoje.

Mas a questão é que o próprio candidato do PP não se move muito. Ele não compareceu, por exemplo, ao debate realizado pela TV Gazeta entre os candidatos a prefeito de Cachoeiro, no último dia 28.

Os adversários aproveitaram para criticar o líder nas pesquisas e reforçar os argumentos que têm utilizado na campanha: Ferraço não tem feito caminhadas para pedir votos. No lugar dele, vai o vice na chapa, Júnior Corrêa (Novo).

Será que, se Ferraço for eleito, o prefeito, na verdade, vai ser o vice? Foi esse o questionamento, em tom acusatório, que primeiro surgiu no debate. Ferraço não estava lá para responder.

Na ocasião, antes de o embate começar, ele avisou à TV Gazeta que não iria comparecer justamente devido ao fato de os adversários terem feito muitos ataques a ele nos dias anteriores.

O deputado considerou que participar do encontro não seria proveitoso do ponto de vista de apresentar propostas e projetos aos eleitores.

O púlpito vazio, porém, serviu para reverberar os ataques, que vieram de qualquer forma.

Não estou dizendo que o debate, que começou às 23h30 de um sábado, foi responsável pela queda do percentual de Ferraço. A questão é que o embate ecoou o que há tempos já era veiculado na campanha em Cachoeiro pelos adversários ele.

A vantagem de Ferraço se mantém porque, apesar disso tudo, os concorrentes não têm empolgado os eleitores.

A candidata apoiada pelo atual prefeito, Victor Coelho (PSB), Lorena Vasques (PSB), por exemplo, está em quarto e penúltimo lugar, com 12% das intenções de voto (cenário com votos válidos).

Isso mostra que a máquina municipal não é suficiente para fazê-la crescer. Lorena oscilou três pontos para cima. Em setembro, ela tinha 9%, mas ainda está dentro da margem de erro, que é de quatro pontos percentuais.

O ex-pupilo de Ferraço, o advogado Diego Libardi, está em segundo lugar, com 17% (subiu quatro pontos). Mas isso não é suficiente para ameaçar o favoritismo do deputado estadual.

Há 33 pontos de diferença entre os dois. Somente um "cavalo de pau" eleitoral performado em menos de 48 horas poderia reverter o resultado das urnas. Não é impossível, mas é improvável.

QUEM MAIS CRESCEU

Quem mais cresceu de setembro até agora foi Léo Camargo (PL). Ele passou de 10% para 17%. Está, portanto, numericamente empatado com Libardi.

Mas já estava tecnicamente empatado com ele em setembro. O candidato do PL tinha 10% e o do Republicanos, 12%.

Então, apesar da ascensão, o cenário não foi substancialmente alterado. Mas é um feito a ser considerado, já que candidatos bolsonaristas têm ficado estagnados nas pesquisas de intenção de voto realizadas nas principais cidades do Espírito Santo.

ÚLTIMO COLOCADO E MAIS REJEITADO

É sintomático que o candidato do PT, o ex-prefeito Carlos Casteglione, esteja em último lugar. Ele manteve a mesma posição e os mesmos 4% medidos em setembro pelo Ipec.

A rejeição dele ainda oscilou dois pontos para cima, passou de 52% para 54%.

Por falar em rejeição, eis uma das principais vantagens de Ferraço. Apesar de ser o candidato mais conhecido pelo eleitorado e da extensa carreira política, ele é o segundo menos rejeitado.

Apenas 14% dos entrevistados disseram que não votariam nele de jeito nenhum.

VOTOS VÁLIDOS

Calcular votos válidos é uma coisa complicada. O método é utilizado pelos institutos de pesquisa às vésperas da data da eleição para se aproximar mais do resultado a ser divulgado no domingo pela Justiça Eleitoral, que contabiliza os votos válidos e descarta brancos e nulos.

A projeção, porém, pressupõe que os eleitores indecisos vão se distribuir proporcionalmente entre os candidatos, o que pode não ocorrer.

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