O Partido Liberal, do presidente da República, Jair Bolsonaro, tem 14 candidatos a governador no país. O que mais recebeu valores da direção nacional da sigla foi Anderson Ferreira, que disputa em Pernambuco. Ele conta, até agora, com R$ 11 milhões vindos do fundo eleitoral.
Na outra ponta está Manato, candidato ao Palácio Anchieta. O PL nacional enviou a ele R$ 100 mil. Os outros receberam ao menos R$ 600 mil, caso do Coronel Diego Melo, que concorre ao governo do Piauí (veja a lista completa no final do texto).
Assim, eleger Manato não parece estar entre as prioridades do partido.
Enquanto isso, o candidato ao Senado Magno Malta recebeu R$ 2 milhões do PL, também do fundo eleitoral, para fazer campanha.
Magno é o presidente do PL estadual. De acordo com a assessoria do ex-senador, quando Manato ingressou no partido, em fevereiro, foi avisado de que o dinheiro do fundo seria destinado a Magno e aos candidatos a deputado estadual e federal do partido.
Caberia a Manato buscar verbas para viabilizar a própria campanha. Nesta segunda, faltando 13 dias para as eleições, o candidato ao governo havia arrecadado, além dos R$ 100 mil do PL, R$ 42,4 mil de pessoas físicas.
Manato, que declarou patrimônio de R$ 10,2 milhões, tirou R$ 5 mil do próprio bolso para investir na corrida eleitoral.
"O candidato a governador Manato tem feito uma campanha enxuta do ponto de vista financeiro. E é muito grato ao candidato Magno Malta, com quem acertou tudo previamente, por tê-lo recebido no PL", diz nota enviada pela assessoria de Manato à coluna.
Manato, assim, confirma o que a equipe do ex-senador já havia informado.
O fato de o candidato ao governo do Espírito Santo ser o mais desprestigiado pela direção nacional do partido, entretanto, continua a chamar a atenção.
A campanha de Manato é baseada na relação dele com Bolsonaro.
Essa relação, entretanto, não se estende ao PL. O próprio presidente da República não é um quadro histórico do partido. Ele se filiou à legenda em novembro de 2021.
A sigla integra o Centrão, a quem Bolsonaro praticamente entregou as chaves do governo, e é presidido pelo ex-deputado federal Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão.
Magno, por sua vez, está no partido há tempos. O PL já mudou para PR, Partido da República, e depois voltou à antiga nomenclatura.
O partido fez parte da base de apoio aos governos do PT, mantendo o Ministério dos Transportes como feudo.
Manato passou por PDT, Solidariedade e PSL (que depois se fundiu com o DEM, dando origem ao União Brasil) antes de chegar ao PL.
Não tem vínculos com os caciques do partido.
Magno é a personificação da sigla no estado e protagonizou, em julho, a convenção estadual do PL. Aliás, as fotos dele e de Bolsonaro são as únicas que aparecem durante o horário eleitoral destinado aos candidatos do partido na televisão. Nada de Manato.
Até o PTB, que integra as coligações de Manato e Magno, dá mais moral para o candidato ao governo do PL.
A coluna entrou em contato com o vice-presidente nacional do PL, Capitão Augusto, que esteve no Espírito Santo para o anúncio da filiação de Manato, em fevereiro, para saber o motivo dos parcos recursos destinados ao candidato ao Palácio Anchieta. Ele ainda não respondeu.
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