Na mesma entrevista coletiva em que anunciou, nesta sexta-feira (5), a escolha do empresário Bruno Lourenço (PTB), como vice na chapa, o candidato ao governo do Espírito Santo Carlos Manato (PL) destacou, após ser questionado, que "história com Bolsonaro só nós temos". Foi uma resposta a adversários que tentam colar a imagem à do presidente da República, como o ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon (PSD).
"Bolsonaro é do mundo, do Brasil, do Espírito Santo. Todo mundo que quiser declarar apoio a Bolsonaro que declare, acho que é a melhor opção. Mas qual é o partido de Bolsonaro? Na primeira vez que Bolsonaro veio ao Espírito Santo, em 2016, eu estava lá. Ele já ficou na minha casa. História com Bolsonaro só nós temos", disparou Manato.
Para mostrar que a recíproca é verdadeira, o ex-deputado federal lembrou que, em vídeo, Jair Bolsonaro (PL) declarou apoio a ele e a Magno Malta (PL), que tenta voltar ao Senado.
"Achar que ele não vai declarar (apoio a Manato), que ele não vai gravar (vídeos de apoio) para nós é acreditar em Papai Noel. Ninguém compra história de vida", complementou.
O presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), quando era pré-candidato ao Palácio Anchieta, disputava o mesmo eleitorado que o candidato do PL no estado: evangélico, conservador. Houve até certo estremecimento entre os dois, com aliados do deputado estadual acusando Manato de ter orquestrado vaias a Erick.
"O Erick até poderia usar foto com Bolsonaro, porque o Republicanos está na coligação (do presidente da República). Agora, quem não está coligado pode até ter problemas com a lei", alertou. O PSD de Guerino não integra a coligação.
Erick Musso agora é candidato ao Senado, em substituição ao ex-prefeito de Colatina Sérgio Meneguelli. Manato acredita que vai herdar os votos que iriam para o deputado estadual.
Já os do deputado federal Felipe Rigoni (União Brasil), que também desistiu da corrida pelo comando do Executivo estadual, vão, provavelmente, se dissolver entre os candidatos.
Em maio, pesquisa Ipec mostrou Erick com 3% das intenções de voto e Rigoni, com 2%.
Há outro bolsonarista no páreo, Claudio Paiva, lançado pelo PRTB ao governo. Essa é uma sigla que Manato gostaria de atrair, caso a legenda reavalie a candidatura majoritária.
Ele também está de olho em PSC e Patriota, que ainda não anunciaram em qual palanque pretendem subir na disputa pelo Palácio Anchieta.
Os dois partidos estavam com Erick Musso, que espera manter os aliados.
GUERINO
Guerino Zanon abraçou de vez o discurso bolsonarista, com chavões como "nossa bandeira jamais será vermelha". Já declarou voto em Bolsonaro e até posou com uma toalha que estampa a foto dos dois.
"É Guerino e Bolsonaro juntos pelo Espírito Santo", bradou, em discurso na convenção estadual do PSD, no último dia 31.
O ex-prefeito, assim, espera atrair os votos dos eleitores do presidente da República no estado, mas também se apresenta como bom gestor, dados os cinco mandatos que exerceu à frente da Prefeitura de Linhares.
Guerino passou quase toda a vida pública filiado ao MDB. Migrou para o PSD em abril para concorrer no pleito deste ano.
Manato, por sua vez, tem a trajetória marcada pela atuação no Legislativo, foi deputado federal de 2003 a 2019. Tem passagens por PDT, Solidariedade, PSL e, agora, PL.
A disputa por quem é mais bolsonarista demonstra que os conservadores estão apostando na popularidade do presidente da República entre os capixabas. Certamente no filão que eles almejam ela é real, mas não absoluta.
A pesquisa Ipec de maio apontou vantagem do ex-presidente Lula (PT) no Espírito Santo.
O presidente estadual do PCdoB, Neto Barros, avaliou, na convenção da federação Brasil da Esperança, que o estado "virou ninho do bolsonarismo". Mas os partidos PT, PV e PCdoB acreditam que o ex-presidente da República pode ser o mais votado no estado.
A visita do petista está sendo organizada para setembro.
LEIA MAIS COLUNAS DE LETÍCIA GONÇALVES
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.