Este é um espaço para falar de Política: notícias, opiniões, bastidores, principalmente do que ocorre no Espírito Santo. A colunista ingressou na Rede Gazeta em 2006, atuou na Rádio CBN Vitória/Gazeta Online e migrou para a editoria de Política de A Gazeta em 2012, em que trabalhou como repórter e editora-adjunta

Marcos do Val e Magno Malta em rota de colisão

Senador afirmou que recebeu um estranho convite por parte do PL e que Magno recebe salário do partido. Assessoria do ex-senador nega e até o presidente nacional da sigla entrou na treta

Vitória
Publicado em 26/09/2022 às 19h50
Senador Marcos do Val e ex-senador Magno Malta
Senador Marcos do Val e ex-senador Magno Malta. Crédito: Agência Senado/Montagem A Gazeta

No mesmo podcast em que declarou apoio a Nelson Junior (Avante) na corrida pelo Senado no Espírito Santo, o senador Marcos do Val também criticou outro candidato. "Magno Malta fez contato, aliás, a minha chefe de gabinete fez contato com ele", começou.

Rossini Macedo, coapresentador do podcast com Do Val, fez uma observação: "Que, é bom reforçar, é uma pessoa (a chefe de gabinete) muito educada, muito bacana, competentíssima".

Do Val prosseguiu: "Ele (Magno) tratou ela com muita estupidez, dizendo que ele não precisava estar em podcast nenhum porque ele já tinha Deus com ele e já tinha Bolsonaro".

"Gritando, dá esporro nas pessoas, né?", complementou Rossini.

"Candidato que também é da sua religião (dirigindo-se a Nelson Junior), é evangélico", lembrou o intérprete do Tonho dos Couros. "Não praticante", alfinetou Do Val.

"MAGNO RECEBE SALÁRIO DO PL"

"Ele (Magno) está até hoje recebendo salário do partido dele, equivalente, como se ele estivesse exercendo a função de senador. O presidente do partido (PL) quis me chamar para que eu mudasse de partido e ele falou assim: 'olha, se você não conseguir ser reeleito', e faltava seis anos ainda (para a eleição para senador em que o cargo de Do Val estará em disputa), 'o partido banca você. O salário que você recebe hoje o partido banca, assim como está fazendo com o Magno Malta'", contou o senador.

"Magno Malta fala uma coisa, mas está fazendo outra. Eu queria que ele estivesse aqui (no podcast) para eu falar de frente para ele."

Do Val afirmou que o senador a ser eleito em 2022 tem que ser uma pessoa empenhada em enviar recursos da União para o estado. "Não uma pessoa que gosta de estar lá na tribuna falando, mitando (...) um grande orador, mas um péssimo entregador".

Em entrevista à coluna, o senador complementou que também apoia Erick Musso (Republicanos) para o Senado e não decidiu se vai votar no republicano ou em Nelson.

Rossini Macedo e Marcos do Val em podcast
Rossini Macedo e Marcos do Val em podcast. Crédito: Reprodução

"DO VAL NÃO FALOU A VERDADE", DIZ VALDEMAR COSTA NETO

A assessoria de Magno encaminhou um vídeo à coluna em que o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, rebate Do Val.

"Tive conhecimento de uma declaração do senador Marcos do Val, que eu teria convidado ele para vir para o partido e que eu sustentaria ele, como sustento Magno Malta se ele perdesse as eleições. Ele deve saber que não vai ter outro mandato, porque esse foi na bamba. Acontece o seguinte: o Magno é um camarada difícil, mas tem uma vantagem, é um camarada honesto, correto, trabalhador. Nunca tivemos problema com ele nessas questões de dinheiro. Sempre defendeu os interesses do partido e, principalmente, do estado do Espírito Santo", afirmou Costa Neto.

"O Marcos do Val não falou a verdade a vocês", complementou o presidente nacional do PL.

"CONVITE PARTIU DO LÍDER DO PL NO SENADO"

Em entrevista à coluna, Marcos do Val afirmou que quando disse "presidente", no podcast, quis dizer líder do PL no Senado. Foi do senador Jorginho Mello (PL-SC), que ocupava a posição na época, que partiu o convite para que Do Val ingressasse no PL e as informações sobre o salário de Magno Malta, segundo o próprio Do Val. Ele narra que isso ocorreu no final do ano passado.

"Esse (Valdemar Costa Neto) eu nem conheço, nunca falei com ele", reforçou. Costa Neto foi preso e condenado no mensalão.

"(Jorginho Mello) me levou na sala da liderança do partido. Eu disse que teria problema no estado (se entrasse para o PL), porque Magno é do partido e não me sinto confortável de estar num partido onde ele está", contou Do Val. "É uma pessoa que não agrega, tumultua", criticou.

"Ele (Jorginho) disse que poderia me oferecer a liderança do partido no Senado. E, caso não reeleito, o pagamento do salário equivalente ao valor líquido de senador, 'como estamos fazendo com Magno Malta'. Nunca poderia imaginar que isso existia", complementou o senador do Espírito Santo.

O salário bruto de um senador é de R$ 33,7 mil. 

"Eu não dei a resposta na hora, mas disse que estava no Podemos há pouco tempo e não fazia sentido trocar de partido", encerrou Do Val.

Do Val ressaltou que o Podemos também pagava um salário ao ex-juiz Sergio Moro, quando este era pré-candidato ao Palácio do Planalto, e também discorda da medida:  "Depois o Moro, quando veio para o Podemos, começou na mesma regalia, o Podemos começou a pagar o salário dele. Eu falei 'isso não é moral, apesar de poder ser legal'".

Moro agora está no União Brasil e disputa o Senado pelo Paraná.

A coluna tentou contato com Jorginho Mello e com a assessoria do senador de Santa Catarina, mas não obteve resposta até a publicação deste texto. Depois, a assessoria de Magno encaminhou um vídeo em que Jorginho desmente Marcos do Val. "Nunca falei para senador nenhum, muito menos para o Marcos do Val, que o partido sustentaria ele (Magno Malta), que sempre foi um homem que caminhou com as próprias pernas". 

A coluna então procurou Do Val novamente, e mostrou o vídeo de Jorginho Mello a ele. O senador do Espírito Santo reafirmou tudo o que havia dito.

Depois da publicação da coluna, Do Val ainda postou um vídeo no Instagram desafiando o PL a provar que não paga salário ao ex-senador. Veja abaixo.

A coisa escalou tanto que a campanha de Magno Malta também publicou um vídeo no Instagram, nesta terça-feira (27), chamando Do Val de "O Contador de Mentiras" e creditando "a treta" ao fato de que "está faltando cinco dias para a eleição".

"MAGNO NÃO DESTRATOU NINGUÉM"

A assessoria do ex-senador Magno Malta também rebateu a afirmação de Do Val e Rossini de que o ex-senador teria tratado mal a chefe de gabinete do senador. Enviou à coluna o print de uma conversa de WhatsApp entre Magno e uma secretária de Do Val em que ele a responde educadamente. Houve também uma ligação, via WhatsApp, cujo conteúdo a coluna desconhece.

DO VAL E MAGNO NA ELEIÇÃO

Do Val foi eleito em 2018, justamente quando Magno perdeu a cadeira no Senado, e tem mais quatro anos de mandato na Casa. Não é candidato desta vez.

O senador do Podemos é aliado do governador Renato Casagrande (PSB) há tempos e apoia a reeleição do socialista. Quanto à Presidência da República, ele endossa Jair Bolsonaro (PL), embora não goste de ser chamado de bolsonarista.

O partido de Magno tem candidato ao Palácio Anchieta, o ex-deputado federal Carlos Manato. O ex-senador baseia a campanha pelo Senado de 2022, principalmente, em associar sua imagem à de Bolsonaro.

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