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Marcos Do Val tem bens bloqueados e se candidata à presidência do Senado

Candidatura do senador do Podemos, entretanto, não é "levada a sério". Ele é investigado por ataques a policiais federais e ao STF

Vitória
Publicado em 14/08/2024 às 10h15
O senador Marcos do Val (Podemos-ES)
O senador Marcos do Val (Podemos-ES). Crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O senador Marcos do Val (Podemos) teve todos os bens e valores em contas bancárias bloqueados, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Do Val é investigado por atacar a Polícia Federal e o próprio Supremo. Bolsonaristas, como o blogueiro Alan dos Santos, convocaram apoiadores para ataques coordenados, nas redes sociais, contra policiais que atuam ou atuaram em apurações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados.

A página de Do Val no Instagram foi retirada do ar. O perfil no "X" (antigo Twitter) permanece.

Foi lá que o senador reclamou do bloqueio monetário e anunciou, na terça-feira (13), que vai se candidatar à presidência do Senado, eleição que vai ocorrer em fevereiro de 2025, para contrapor o ministro do Supremo.

"Essa decisão (o bloqueio de bens), além de inconstitucional, caracteriza-se como um verdadeiro abuso de autoridade, pois não houve qualquer comunicação prévia ao Senado Federal ou ao seu presidente, Rodrigo Pacheco", escreveu Do Val.

"Como senador, diante das perseguições incessantes e das tentativas de destruir minha honra e meu mandato, tomei a decisão de me candidatar à presidência do Senado em fevereiro de 2025. Esta decisão (a candidatura) é, acima de tudo, uma defesa firme não apenas da minha própria integridade, mas também de todos aqueles que têm sido injustamente perseguidos."

Como a colunista Bela Megale, de O Globo, revelou, contudo, "os senadores não veem qualquer chance de a candidatura de Do Val ser levada a sério. Parlamentares do próprio Podemos descartam apoiar o nome do colega de bancada. Davi Alcolumbre (União-AP) é o favorito para suceder Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no posto".

No "X", Do Val relatou que o bloqueio foi de R$ 50 milhões, mas que tinha apenas R$ 1 mil na conta.

O UOL teve acesso à decisão judicial, que não menciona nenhum valor, apenas "determina um bloqueio geral de todos os bens e valores em nome dele e de suas contas bancárias para pagar a multa equivalente ao descumprimento de medidas cautelares que Moraes havia imposto a Marcos do Val".

Do Val, há tempos, empreende uma cruzada verbal e jurídica contra Alexandre de Moraes, mas já deu versões conflitantes sobre episódios envolvendo o ministro.

No início de 2023, por exemplo, o senador acusou o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) e o ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) de tramar um golpe de Estado, para o qual teriam pedido a colaboração de Do Val.

A ideia, de acordo com uma das versões do senador, era Dol Val gravar Moraes clandestinamente e fazê-lo dizer algo comprometedor, algo que pavimentaria o caminho para Bolsonaro recursar-se a entregar o poder ao vencedor das eleições presidenciais de 2022, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ministro, na época, presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Do Val, porém, contou que procurou Moraes com o intuito de alertá-lo sobre as artimanhas de Bolsonaro e Silveira. Logo depois, entretanto, o senador deu nova versão para os fatos, livrou o ex-presidente da República da responsabilidade e culpou o ex-deputado federal. 

Também afirmou que queria, com tudo isso, apenas atrapalhar o trabalho do magistrado.

Foram tantas as versões que é até difícil compreender. De político preocupado em avisar Moraes sobre uma trama golpista, Do Val voltou a ser um dos principais críticos do ex-presidente do TSE.

O senador admitiu ter mentido (não sei dizer qual parte era mentira e qual era verdade, se houve alguma verdade), o que ele chamou, em entrevista à Globo News, ainda em 2023, de "estratégia de persuasão".

Em junho de 2023, Do Val foi alvo de mandados de busca e apreensão. As declarações e as histórias que ele mesmo tornou públicas, voluntariamente, levaram-no a ser investigado pela Polícia Federal, por ordem de Moraes.

A suspeita é que o senador tenha cometido quatro crimes, entre eles tentativa de golpe de Estado e divulgação sem justa causa de documento confidencial.

No âmbito dessa investigação, as redes sociais do senador foram suspensas, mas depois Moraes permitiu que ele voltasse a publicar. Só que as novas postagens geram mais problemas.

ATAQUES À POLÍCIA FEDERAL

Um novo inquérito foi aberto para apurar os ataques de Marcos do Val a policiais federais e ao STF.

Shor foi chamado de "capataz" do ministro do Supremo. A imagem do delegado foi usada em uma montagem postada por Do Val que mostrava o policial em um cartaz de "procura-se", como se fosse um bandido.

A Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) divulgou nota, no dia 15 de julho de 2024, em repúdio às declarações de Do Val:

"A Associação não vai admitir que nenhum Delegado ou Delegada Federal seja covardemente atacado em decorrência da condução da investigação. Os elementos informativos e provas produzidas no inquérito policial devem ser discutidos pela via adequada, ou seja, a judicial, não sendo admitida em hipótese nenhuma a personalização das críticas em redes sociais com objetivo de ferir e expor moralmente o profissional responsável pela condução do inquérito policial".

"Essa grave conduta pode, inclusive, colocar em risco a vida do Delegado e de sua família (...) A entidade está estudando as medidas judiciais cabíveis."

O QUE DIZ MARCOS DO VAL

A coluna procurou Marcos do Val, por meio da assessoria de imprensa do senador, nesta quarta-feira (14), mas não houve retorno até a publicação deste texto. 

No "X", Do Val publicou, ainda na terça-feira, um texto em que chama Moraes de "o brasileiro mais perverso e com o maior número de crimes contra a humanidade em toda a nossa história".

O post vem acompanhado de uma imagem, uma montagem que vilaniza Moraes e vitimiza o senador:

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