Coube à pré-candidata do MDB à Presidência da República, senadora Simone Tebet (MS), tornar público o que a coluna registrou nesta sexta-feira (15) mesmo que tinha tudo para se consolidar: o partido apoia a reeleição do governador Renato Casagrande (PSB), que ainda não declarou publicamente que endossa o nome da senadora emedebista Rose de Freitas também à reeleição.
Rose não quis fazer um anúncio que cabe ao socialista, disse apenas que vai ficar "muito feliz" quando o governador se dispuser a falar disso em público. Mas Tebet, durante evento de pré-campanha em Vitória, foi mais direta:
"O apoio dele à senadora Rose de Freitas já está selado. Quem quer apoio tem que estar disposto a dar apoio. Ele, ao ter o apoio do MDB de Rose de Freitas, automaticamente, vai apoiá-la porque política é uma estrada de duas vias (...) É óbvio que dará apoio à nossa senadora Rose de Freitas".
Casagrande já disse ao PT, em recente reunião, que a vaga de candidato Senado não deve caber ao partido porque Rose é a escolhida a ser endossada por ele.
O governador também não é entusiasta de "candidaturas avulsas", em que partidos aliados lançariam outros candidatos ao Senado, ainda que sozinhos, sem coligação. Rose já disse à coluna que não apoia tal estratégia e, nesta sexta, foi ainda mais enfática:
"Sou contra. Você tem um time, você torce por ele, tem um lado na política. Meu lado não é meio Casagrande. Porque tem Audifax candidato, tem Guerino ... Poderia então falar que onde o Guerino estiver e o pessoal me apoiar eu estou com Guerino. Não. Eu estou com Casagrande pela reeleição porque acho que o estado do Espírito Santo precisa disso. Se eu não sou meio Casagrande, ele não será meia Rose, não é?".
A senadora de 73 anos, veterana na política, foi quem trouxe a colega de Congresso Nacional ao Espírito Santo.
O evento não foi muito concorrido, em número de participantes. Tebet apareceu com 1% das intenções de voto na última pesquisa Datafolha. Mas reuniu lideranças políticas do estado, como o ex-senador Ricardo Ferraço (PSDB) e os presidentes estaduais do PSDB, Vandinho Leite, e do Cidadania, Fabrício Gandini.
Os dois partidos estão juntos, nacionalmente, com o MDB em prol de Tebet. Rose serve como palanque para a presidenciável no Espírito Santo e essa aliança deve empurrar ainda mais os tucanos e o Cidadania para o palanque de Casagrande.
Vandinho e Gandini não incensaram o governador, mas Rose, sentada à mesa bem perto deles, bradou, ao final do discurso: "Casagrande governador".
Havia poucos representantes do PSB lá, no cerimonial Oásis. Um deles era o ex-prefeito de Muqui Frei Paulão, que foi cumprimentado por Rose e chamado a integrar a mesa.
PSDB e Cidadania mostraram-se empolgadíssimos com a pré-candidatura à reeleição da senadora. Ricardo Ferraço declarou publicamente apoio a ela.
Gandini disse que Rose é sua "senadora do coração" e Vandinho deixou claro que, para ele, "é Rose senadora e Simone presidente".
O Cidadania é aliado do governador a tempos. O próprio Gandini, hoje deputado estadual, foi vice na chapa de Casagrande em 2014, quando perderam para Paulo Hartung (então filiado ao MDB) e César Colnago (que estava no PSDB).
Já os tucanos dão sinais dúbios. Vandinho, também deputado, aproximou-se do Palácio Anchieta nos últimos tempos. PSDB e Cidadania divulgaram um documento reforçando que vai apoiar ao governo quem der à federação espaço para disputar um cargo majoritário. O principal nome é o de Ricardo.
Considerando que este apoia a reeleição de Rose, o pleito só pode ser o de candidato a vice, o que já era especulado desde quando o ex-senador estava no União Brasil.
Em entrevista para a reportagem de A Gazeta nesta sexta, o presidente estadual do PSB, Alberto Gavini, listou MDB, PSDB e Cidadania entre os partidos aliados aos socialistas no estado. Mas tervigersou quando questionado sobre o apoio à reeleição de Rose de Freitas.
OUTROS ALIADOS
No palanque de Casagrande, há outros postulantes ao Senado: o ex-secretário de Segurança Pública coronel Alexandre Ramalho e o deputado federal Da Vitória (PP).
O PT, que recentemente se juntou ao grupo, pleiteou vaga de candidato a vice ou ao Senado, mas já sabe que é improvável que alcance esses espaços. A candidata de Casagrande ao Senado já está posta.
Por falar em PT, Casagrande já declarou que vai votar e fazer campanha apenas para o ex-presidente Lula em relação à corrida pela Presidência da República, mas não vê como inimigos outros presidenciáveis que integram partidos parceiros, como o MDB de Tebet.
Nesta sexta, o governador se encontrou com a senadora do Mato Grosso do Sul no Palácio Anchieta, institucionalmente. Rose reafirmou, como já havia dito à coluna, que não tem reservas quanto à inclusão do PT na coligação de Casagrande, considera salutar e democrática a ampla aliança que o governador está formando.
Ao destacar isso, em entrevista coletiva nesta sexta, ao lado estava Tebet, balançando a cabeça em sinal de aprovação.
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