A disputa pelo Senado no Espírito Santo rendeu mais emoções, até agora, que a corrida pelo governo do estado. Ninguém esperava a substituição de Sérgio Meneguelli por Erick Musso, ambos do Republicanos, por exemplo.
Ainda há a indefinição sobre coronel Ramalho, se ele vai ou não conseguir se lançar pelo Podemos. E o pastor Nelson Junior (Avante) segue sem rumo.
Mas uma coisa sempre foi dada como certa: a presença do ex-senador Magno Malta (PL) no páreo. Neste sábado (30), ele foi homologado como candidato na chapa do ex-deputado Carlos Manato (PL), que concorre ao Palácio Anchieta.
A convenção do PL foi aos moldes tradicionais de Magno. No cerimonial Casa di Lucca, no Centro de Vila Velha, como a de 2018, quando ele tentou, sem sucesso, a reeleição.
O discurso virulento, de "nós contra eles", também se repetiu, assim como a música gospel "noites traiçoeiras", entoada por Magno e demais correligionários no evento.
O apoio ao presidente da República, Jair Bolsonaro, do mesmo partido, deu o tom, assim como pautas mais nacionais que regionais, como ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Velhos espantalhos, como "a ameaça comunista" apareceram nos discursos de candidatos a deputado. Um deles chegou a dizer que "as universidades públicas estão cheias de comunistas. É verdade".
O mantra de Bolsonaro, "Deus, pátria e família", foi entoado à exaustão, assim como a frase "nossa bandeira jamais será vermelha".
Como era de se esperar, a campanha de Magno vai ser calcada no bolsonarismo.
Ele chegou até a dizer, em discurso, que é o idealizador do Auxílio Brasil, ou do auxílio emergencial (usou os dois termos em momentos diferentes), pago pelo governo federal.
O ex-senador não tem qualquer função no Executivo. É um apoiador do presidente nas redes sociais e passou a receber reciprocidade por parte do presidente.
Bolsonaro o convida para agendas oficiais e o mencionou nominalmente durante discurso em Vitória no dia 23. Logo após, o presidente falou em "perdão" e que "todo mundo merece uma segunda chance".
Integrantes do Republicanos dizem que foi por intervenção de Bolsonaro que o presidente nacional do partido, Marcos Pereira, decidiu rifar Meneguelli da corrida pelo Senado. O ex-prefeito de Colatina tinha potencial para tirar votos do candidato do PL.
Magno nega ter feito qualquer intervenção nesse sentido.
Os alvos preferenciais na convenção do PL neste sábado foram o ex-presidente Lula (PT), chamado de "ladrão", e o governador Renato Casagrande (PSB), com gritos de "fora, Casagrande".
O petista lidera as pesquisas de intenção de voto para a presidência da República. O socialista, a corrida pela reeleição.
O "ERRO" CONTARATO
Por mais de uma vez, aliados do ex-senador disseram, na convenção deste sábado, que a eleição do senador Fabiano Contarato (então filiado à Rede), em 2018, "foi um erro" a ser reparado.
Contarato, delegado aposentado da Polícia Civil, é um crítico do governo Bolsonaro, hoje está filiado ao PT e tem mais quatro anos de mandato, não disputa o pleito atual.
Nas últimas eleições, foi um dos responsáveis por Magno ter ficado na planície. O então redista e Marcos do Val (na época filiado ao Cidadania) ficaram com as cadeiras outrora ocupadas pelo cantor gospel e por Ricardo Ferraço (PSDB).
Curiosamente, Contarato e Magno já foram aliados. Em 2014, o então delegado filiou-se ao PR (hoje PL) e quase disputou o Senado, com o aval do ex-senador, que na época estava no mandato.
O pedido de registro de candidatura já estava feito. Depois, a renúncia foi registrada na Justiça Eleitoral. Oficialmente, Contarato alegou "motivos estritamente pessoais" para o recuo.
Hoje, Magno e Contarato não poderiam estar em lados mais opostos.
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