Este é um espaço para falar de Política: notícias, opiniões, bastidores, principalmente do que ocorre no Espírito Santo. A colunista ingressou na Rede Gazeta em 2006, atuou na Rádio CBN Vitória/Gazeta Online e migrou para a editoria de Política de A Gazeta em 2012, em que trabalhou como repórter e editora-adjunta

"Não sou bolsonarista, sou serrista", diz Muribeca

A pedido de candidato do PL a prefeito da Serra, deputado foi alvo de decisão que o proíbe de usar a imagem de Bolsonaro na campanha. Veja a análise da coluna sobre a entrevista que Muribeca concedeu a A Gazeta e CBN Vitória

Vitória
Publicado em 10/09/2024 às 12h56
Atualizado em 11/09/2024 às 16h36

A Justiça Eleitoral proibiu o deputado estadual Pablo Muribeca (Republicanos) de usar a imagem do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) na campanha eleitoral para prefeito da Serra. A decisão vale também para o candidato a vereador da cidade Max Pitangui (PRD).

É, no mínimo, curioso que Muribeca se associe a Bolsonaro, já que, no início do mês passado, ele afirmou à coluna que apoia o ex-presidente, mas não é bolsonarista.

Além disso, o PL tem candidato a prefeito da Serra, o vereador Igor Elson, que foi quem acionou o Judiciário.

Nesta terça-feira (10), durante sabatina realizada por A Gazeta e CBN Vitória, o candidato do Republicanos voltou a afirmar: "Não sou bolsonarista, sou serrista".

O deputado sustentou que, na verdade, não usou a imagem de Bolsonaro. O problema é que o deputado participou de um evento da campanha de Max Pitangui em que havia um banner com as fotos do candidato a vereador e de Bolsonaro.

 "Não podemos governar dando seta nem para direita e nem para a esquerda", defendeu Muribeca, na entrevista.

Mas há contradições aí.

O parlamentar diz ser um político "de direita, equilibrado" e distante de extremismos. 

Ao mesmo tempo, porém, associa-se a Max Pitangui, que foi alvo de mandado de prisão expedido pelo Supremo Tribunal Federal e ficou foragido no Paraguai, até ser preso, em setembro de 2023.

Pitangui é acusado pelo Ministério Público Estadual (MPES) de integrar uma milícia digital com o objetivo de desestabilizar as instituições da República.

O candidato a vereador já está em liberdade e cumpre medidas restritivas impostas pelo STF, mas não teve os direitos políticos suspensos, por isso, participa das eleições.

É importante destacar que Max Pitangui não foi condenado, nem ao menos julgado ou formalmente denunciado, e se considera perseguido pelo Judiciário. Mas a figura dele é muito ligada à extrema direita.

Na sabatina, porém, Muribeca chamou o aliado de "preso político".

Após a publicação deste texto, Pitangui entrou em contato com a coluna e se apresentou com "um cara de direita, mas moderado".

"Não seu esse extremista que a imprensa tem pintado (...) Informo também que não fiquei foragido, fiquei sob concessão de asilo político no Paraguai, conforme tratados e convenções internacionais que protegem perseguidos políticos".

A coluna também quis saber sobre a relação de Muribeca com o ex-prefeito da Serra Adalton Martinelli.

Muribeca se apresenta como "o novo", "a mudança" na política serrana. Mas Martinelli, candidato a vereador pelo PRD, faz campanha casada com ele.

Adalton Martinelli foi prefeito na década de 1990, era vice-prefeito e assumiu o poder após o assassinato do titular, José Maria Feu Rosa. Aliás, Martinelli foi acusado de ser um dos mandantes do crime, mas o caso prescreveu antes do julgamento.

O ex-prefeito ainda chegou a ser condenado por envolvimento na morte de um advogado, mas a pena foi reduzida devido à idade do réu, que tem 84 anos.

Martinelli está em pleno exercício dos direitos políticos, por isso é candidato a vereador.

Mas, independentemente da situação jurídica e/ou criminal do ex-prefeito, como explicar que, na campanha do candidato a vereador, há uma foto dele e de Muribeca com o slogan "A mudança chegou na Serra"?

Adalton Martinelli e Pablo Muribeca
Adalton Martinelli e Pablo Muribeca. Crédito: Instagram/@adaltonmartinellioficial

Como o deputado estadual vai realizar a mudança atrelado a uma figura que remonta ao passado da cidade?

Foi essa a minha questão.

Muribeca respondeu que nem conhece Adalton Martinelli: 

"Nós temos mais de 90 candidatos a vereador (filiados a partidos que compõem a coligação de Muribeca), eu nem conheço esse senhor (...)  De verdade, não conhecia e não conheço, não tive oportunidade de conhecer".

Mas e a peça de propaganda eleitoral? "Eu fiz objeção, sim. Eu não quero a minha imagem junto a isso. Pedi que retirasse, inclusive", pontuou Muribeca.

Até a publicação deste texto, os posts de Martinelli junto com Muribeca no Instagram continuavam no ar.

Na entrevista desta terça-feira, ao vivo, Muribeca respondeu também a perguntas sobre propostas que pretende implementar caso seja eleito prefeito da Serra.

Não foi prolixo. Prometeu algumas coisas, como a construção de uma policlínica em Nova Almeida e de "quatro casas do autismo" na cidade.

Em relação a outros temas, não se saiu tão bem. 

Quando o colunista Abdo Filho o questionou, por exemplo, sobre o fato de que os incentivos fiscais no Espírito Santo vão chegar ao fim em 2032 e que isso vai afetar a arrecadação da Serra, Muribeca afirmou que apresentar uma solução para esse problema agora seria "sofrer com antecedência" e que uma "equipe técnica" vai cuidar disso, no futuro. 

O colunista insistiu e, aí, o candidato a prefeito afirmou que "o plano já está pronto".

Só não sabemos qual é o plano.

Outra curiosidade da entrevista foi que Pablo Muribeca revelou que o ex-secretário de Governo da Prefeitura de Vitória Aridelmo Teixeira (Novo), que também já ocupou a pasta municipal da Fazenda, ajudou a elaborar o programa de governo dele. 

"(O setor produtivo) pode ficar tranquilo, pode descansar tranquilo, e sem perseguição", garantiu o candidato a prefeito.

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