Carta assinada pelo arcebispo metropolitano de Vitória, Dom Dario Campos, e outros quatro bispos do Espírito Santo, dirigida a "todo o povo de Deus", orienta os cristãos sobre "os valores e as atitudes que devem nortear a escolha dos candidatos, às vésperas do segundo turno eleitoral".
"As mentiras sobre fechamento de Igrejas, o medo, o ódio e a violência política que são disseminadas pelas ruas e pelas mídias sociais não podem calar a verdade do empobrecimento e da fome que a realidade nos mostra, orientando, assim, o agir e o voto dos cristãos", diz o texto.
O documento não endossa nem menciona nenhum candidato ao Palácio Anchieta, ou seja, nem o governador Renato Casagrande (PSB) nem o ex-deputado federal Carlos Manato (PL).
As "mentiras sobre fechamento de igrejas", entretanto, têm sido disseminadas por bolsonaristas, que apontam que, se o ex-presidente Lula (PT) vencer o pleito pela Presidência da República, templos vão ser obrigados a fechar as portas.
Não existe nada disso, obviamente. O PT governou por 13 anos e, nesse período, nenhuma igreja foi fechada. Ao contrário, houve o crescimento, principalmente, das denominações neopentecostais.
Manato é o candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Partidários do ex-deputado têm dito, nas redes sociais, que Casagrande mandou fechar igrejas durante a pandemia de Covid-19.
Na verdade, os templos tinham apenas que cumprir algumas medidas, como restringir o número de pessoas presentes e adotar medidas para inibir a propagação do coronavírus. Por uma questão de saúde pública.
Algumas igrejas, entretanto, decidiram encerrar as atividades presenciais naquele período. Em 2020, Casagrande sancionou uma lei que incluiu templos religiosos na lista de atividades essenciais.
Outro trecho da carta dos bispos chama a atenção:
"Não podemos admitir que o nosso Estado retroceda na garantia de direitos, na confiança e seriedade das instituições, no combate a toda forma de violência que provoca tanto prejuízo, dor e sofrimento ao povo, principalmente aos pequenos e empobrecidos".
Casagrande, ao mencionar Manato, também diz, vez por outra, que "o estado não pode retroceder".
Bispos e padres em outros estados, como ocorreu em Aparecida, têm sido hostilizados por apoiadores do presidente da República quando falam sobre fome e compaixão para com os pobres ou ao pregarem contra o ódio e a violência.
Carta dos bispos do ES da Igreja Católica sobre as eleições de 2022
Leia a íntegra do documento assinado pelos religiosos
"Neste segundo turno eleitoral, o futuro do nosso Estado, aquilo que desejamos para nossas crianças, jovens, adultos e idosos, está sendo moldado. Por isto, todos nós devemos agir sempre comprometidos com a verdade, a justiça e a paz, na defesa da vida e da dignidade de todas as pessoas, especialmente os mais pobres e vulneráveis, que sofrem ao longo dos anos, com a ausência de políticas públicas voltadas para o seu bem-estar integral, conforme ensina a Doutrina Social da Igreja", ressalta a carta dos bispos do Espírito Santo.
"A verdadeira cidadania cristã exige diálogo, respeito, solidariedade e repúdio a toda e qualquer forma de violência, que fere a vida e a dignidade das pessoas" complementam os religiosos.
EM ROMA
O documento é datado desta quinta-feira (20) e foi escrito em Roma, onde os religiosos participam da Visita Ad Limina Apostolorum.
Trata-se da “visita aos túmulos dos Apóstolos”. É uma obrigação dos bispos diocesanos, a cada cinco anos devem se encontrar com o Papa e visitar os túmulos dos apóstolos São Pedro e São Paulo.
"Clamamos pela Paz e confiamos a vida do povo do nosso Estado do Espírito Santo à intercessão maternal de Maria, Nossa Senhora das Alegrias, a Virgem da Penha, pedindo sobre todos e todas a luz e o discernimento do divino Espírito Santo", concluem os religiosos.
Além de Dom Dario, assinam a carta: Dom Paulo Bosi Dal’Bó, bispo da Diocese de São Mateus; Dom Luiz Fernando Lisboa, bispo da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim; Dom Lauro Sérgio Versiani Barbosa, bispo da Diocese de Colatina, e Dom Andherson Franklin Lustoza de Souza, bispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória.
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