A pré-candidata do MDB à Presidência da República, senadora Simone Tebet (MS), chegou, nesta sexta-feira (15), ao cerimonial Oásis, em Vitória, ladeada pela também senadora Rose de Freitas (MDB) e por integrantes do PSDB e do Cidadania estaduais.
O local não estava lotado e praticamente todos os presentes eram ligados a agremiações partidárias.
O ex-senador tucano Ricardo Ferraço ressaltou, ao discursar, no entanto, que ali não havia apenas 150 ou 250 pessoas e sim uma "multidão", considerando a representatividade das lideranças políticas que compunham a plateia.
Tebet, em entrevistas e discurso, evitou atacar o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula (PT), que lideram as pesquisas de intenção de voto. A senadora do Mato Grosso do Sul apareceu com 1% no último Datafolha e com 4% em pesquisa BTG/FSB.
A pré-candidata adota um tom propositivo e se apresenta como "a adulta na sala".
Diz, por exemplo, que a pobreza e a fome devem diminuir no país assim que um governo que possa garantir estabilidade assumir o controle, promovendo a queda do valor do dólar frente ao Real, o que deve baratear o combustível e diversos alimentos.
"É inadmissível deixar cinco milhões de crianças dormirem com fome. No meu governo, desde o primeiro dia, nenhuma criança vai dormir com fome, vamos tirar dinheiro de onde for", bradou.
Ela, que tem pecha de ruralista, afirmou acreditar que o desenvolvimento econômico se dá por meio da geração de emprego e renda através da indústria. Quer industrializar o interior do Brasil.
E também falou em obras de infraestrutura, como a instalação de ferrovias e a duplicação da BR 262, em parceria com a iniciativa privada.
A senadora é uma boa oradora. Não deixou de elogiar a colega Rose, a quem chamou de "professora".
Fez várias menções a uma campanha que não pende, segundo ela, "nem para a direita nem para a esquerda" e pregou o fim da polarização política, hoje protagonizada por Lula e Bolsonaro.
A pré-candidata tem até um jingle que diz "Ela sim, eles não".
Tebet, solícita, tirou fotos com todos que pediram. E até chamou o ex-deputado federal Lelo Coimbra para garantir um clique com ela e Rose, provavelmente sem saber que a senadora do Espírito Santo e o ex-parlamentar não têm andado em muita sintonia.
Somente ao ser questionada pela coluna ela falou mais incisivamente sobre os pré-candidatos que lideram a corrida eleitoral.
A senadora minimizou a ofensiva que Lula tem feito para atrair caciques do MDB para o lado dele nos estados. Ela creditou algumas defecções no partido a questões regionais e não considera que os correligionários mudaram de lado.
"Não podemos esquecer que o MDB é o maior partido do Brasil e ele tem suas dificuldades e suas características regionais", afirmou, num preâmbulo.
"As pessoas que estarão com o presidente Lula estiveram com ele desde sempre, foram ministros de Estado dele. Não é possível dizer 'ah, mudou de lado'. Não, eles sempre estiveram daquele lado", avaliou, para, em seguida, ressaltar que o MDB precisa garantir a eleição de outros quadros, além da chefia do Executivo federal:
"O MDB tem a grandeza de entender que o partido que tem o maior número de prefeitos, de vice-prefeitos, de vereadores, de filiados e que preza pela municipalismo e pela regionalidade não pode eleger apenas o presidente da República. O MDB quer fazer o presidente da República e fazer governadores, senadores e entender a realidade regional".
"Não temos a unanimidade do partido, mas teremos a unidade no partido na convenção e estaremos, sim, sem nenhum problema, dividindo palanque nos estados", complementou.
No Espírito Santo mesmo ela divide palanque. Rose de Freitas apoia Casagrande, que já disse que vai fazer campanha apenas para Lula. A própria Rose, nesse caso, faz o palanque de Tebet.
Agora, dividir o apoio do próprio partido é outra coisa. No estado isso não ocorre, até porque o MDB perdeu bastante capilaridade. Mas em outras unidades da federação, especialmente no Nordeste, o apelo de Lula fala mais alto entre os emedebistas.
Para e tornar mais conhecida, a pré-candidata aposta justamente em entrevistas ao percorrer o país e no voto das mulheres.
Bolsonaro, que é mais rejeitado entre as eleitoras, disse recentemente que elas procuram um presidente, não um casamento.
Questionada pela coluna, Tebet avaliou que Bolsonaro não é bom presidente para as mulheres nem para ninguém.
"Ele não é um bom presidente para o Brasil. Um presidente que não acredita na ciência, negou a pandemia. Tirou do Brasil o direito de ser o primeiro país do mundo a vacinar. Atrasamos 45 dias vacina no braço do brasileiro. Quantas pessoas, na faixa de 40 a 50 anos de idade, que você conhece que foi intubado e está com sequelas gravíssimas ou chegou a morrer enquanto faltavam 15 dias, um mês para tomar a vacina? Essa conta está na conta dele", criticou.
"Alguém que não defende a vida dos seus cidadãos, que não tem a sensibilidade e a empatia de se colocar no lugar do outro não serve para governar um país da dimensão que o Brasil tem", emendou.
A senadora, como Rose de Freitas, votou a favor da PEC Kamizaze, que dá a Bolsonaro a possibilidade de acenar ao eleitorado com a ampliação do Auxílio-Brasil e outras medidas, somente até o final do ano, para turbinar suas chances de reeleição.
Tebet disse que não teve dúvida sobre dizer sim à proposta: "Não havia saída. Não era uma escolha de Sofia enquanto tantas Sofias estão passando fome. Como mãe, não pensei duas vezes. É o mínimo que você pode oferecer para todas as famílias. O problema não é a PEC Kamikaze. O problema é que (o auxílio) caiu de R$ 600 para R$ 400 quando não deveria ter caído".
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