Este é um espaço para falar de Política: notícias, opiniões, bastidores, principalmente do que ocorre no Espírito Santo. A colunista ingressou na Rede Gazeta em 2006, atuou na Rádio CBN Vitória/Gazeta Online e migrou para a editoria de Política de A Gazeta em 2012, em que trabalhou como repórter e editora-adjunta

O debate, o Xou da Xuxa e as imitações de Marçal na Serra

Weverson Meireles (PDT) e Pablo Muribeca (Republicanos) inspiraram-se no coach que disputa a Prefeitura de São Paulo. Audifax foi isolado, mas também criticado. E só dois candidatos se cumprimentaram no final

Vitória
Publicado em 25/09/2024 às 15h17

debate entre os candidatos a prefeito da Serra, nesta quarta-feira (25), foi emocionante. Emoções, porém, podem ser positivas ou negativas. Em comparação com Vitória, Vila Velha e Cariacica, é na Serra que a disputa eleitoral está mais acirrada, pois lá, pelo que indicam as pesquisas de intenção de voto, vai haver segundo turno.

O ex-secretário estadual de Turismo Weverson Meireles (PDT) e o deputado estadual Pablo Muribeca (Republicanos), que disputam entre si uma vaga na próxima etapa do pleito, protagonizaram, no debate, as perguntas e respostas mais ácidas, principalmente, um contra o outro.

O ex-prefeito Audifax Barcelos (PP) lidera a corrida e também foi alvo.

O pedetista e o republicano imitaram o candidato a prefeito de São Paulo Pablo Marçal (PRTB). A estratégia do coach já está cansando o eleitorado paulistano, mas, na Serra, ainda há quem aposte nisso.

Muribeca, há tempos, repete o "faz o M" e o gesto feito por Marçal na campanha. Nesta quarta, o candidato do Republicanos recorreu à imitação, de forma recorrente e até debochada, mas foi além.

O deputado, fora do microfone e das câmeras, provocou Weverson e Audifax, falando alto e atrapalhando a participação dos adversários. Parecia querer que os outros se descontrolassem (e lhe dessem uma cadeirada?).

Mas a performance de Muribeca descumpriu as regras do debate com as quais ele mesmo havia concordado.

Assim, o deputado teve que receber puxões de orelha dos mediadores Geraldo Nascimento e Fernanda Queiroz para se comportar.

"XOU DA XUXA"

Weverson aproveitou para surfar na onda do meme e soltou um "Que Xou da Xuxa é esse?".

Pelo que se pode depreender do tom de voz e da postura do candidato do PDT, em entrevistas e debates ele se manifesta de uma forma meio ensaiada. Não "caiu na pilha" das provocações de Muribeca.

Foi contra Audifax que Weverson deu uma de Pablo Marçal, de maneira premeditada.

Também desrespeitando as regras do debate, o pupilo de Sérgio Vidigal (PDT) sacou uma carteira de trabalho e a exibiu às câmeras.

Fez isso para acusar Audifax de nunca ter trabalhado. Mais de um mês atrás, Marçal fez o mesmo para provocar outro candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL).

Debate com os candidatos a prefeito da Serra
Weverson Meireles mostra carteira de trabalho durante debate. Crédito: Fernando Madeira

Audifax respondeu que é servidor concursado da Prefeitura de Vitória. Servidores públicos são regidos por um estatuto específico, não pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), logo, não têm mesmo carteira assinada.

O ex-prefeito ainda aconselhou os adversários a prestarem concurso público "em vez de dependerem de políticos", afirmação que, depois, se voltou contra o próprio Audifax, acusado pelo vereador Igor Elson (PL) de valorizar apenas os servidores e não os profissionais da iniciativa privada.

Enfim, esses momentos foram todos meio "quinta série". Esquentaram o debate, mas acrescentaram muito pouco ao eleitor e à disputa.

Além de infantil (desculpe, baixinhos), é falta de educação descumprir as regras.

ISOLAMENTO

Audifax, por liderar as pesquisas eleitorais, foi o quanto possível isolado pelos adversários, que preferiram escolher outros para responder a perguntas.

A estratégia é compreensível e válida, afinal, por que dar mais visibilidade a um candidato que já foi prefeito da Serra por três mandatos?

Devido a isso e ao fato de ser menos agressivo ao se manifestar, o ex-prefeito ficou um pouco apagado no debate.

Mas Audifax também entrou na mira dos demais a certa altura.

"CONSÓRCIO"

O fato de Audifax e Vidigal se revezarem no comando da Prefeitura da Serra há quase 28 anos foi uma crítica constante.

Para Muribeca, há um "consórcio" em curso, o que foi negado e rebatido pelo candidato do PP.

"Renovação e inovação nem sempre é qualidade de quem é novo. Às vezes, a embalagem esconde o que há de mais velho", alertou Audifax aos eleitores.

O ex-prefeito voltou a bater na tecla de que é preciso ter experiência para administrar a cidade.

O deputado estadual reforçou que é preciso renovar e Weverson se apresentou, mais uma vez, como "a mudança segura".

Em relação a temas que têm mais a ver com o dia a dia dos moradores da cidade, a saúde pública, foi, destacadamente, o assunto mais abordado, que contou com críticas às duas últimas gestões municipais e promessas diversas.

Debate com os candidatos a prefeito da Serra
Pablo Muribeca faz o gesto de Marçal. Crédito: Fernando Madeira

PT E PL

Na Serra, como nas outras cidades da Grande Vitória, a eleição para prefeito não está "nacionalizada".

Os candidatos do PT e do PL não lideram as pesquisas de intenção de voto em nenhuma dessas cidades. Ao contrário, têm um desempenho bastante tímido.

Igor Elson (PL) e Professor Roberto Carlos (PL), no debate desta quarta, desempenharam o papel de defender Lula e Bolsonaro, os principais líderes dos respectivos partidos. Atuaram como porta-vozes da esquerda e da direita.

A participação deles na eleição da Serra parece servir mais a isso do que em, realmente, disputar a prefeitura.

Roberto Carlos, entre os cinco candidatos, foi o mais cortês e respeitoso com os demais.

Igor, que já foi secretário municipal na gestão de Audifax, voltou-se diretamente contra o antigo aliado.

O ex-prefeito, por sua vez, afirmou que o vereador parece sofrer de "memória curta, ou amnésia", por não se recordar dos feitos da gestão integrada pelo próprio Igor Elson.

Aí foi a vez de o candidato do PL rebater: "Eu não estou com amnésia. Quando ele (Audifax) teve amnésia e teve o problema de saúde, fui eu que levei ele no colo para o hospital".

Em 2016, Audifax teve pneumonia, ficou internado em estado grave e voltou à campanha eleitoral na reta final dizendo: "Tô vivo". Foi reeleito.

No debate, o ex-prefeito confirmou que Igor Elson o levou ao hospital na ocasião porque o candidato do PL, na época, era motorista de Audifax.

CUMPRIMENTOS

Logo após o debate, apenas dois adversários se cumprimentaram — ao menos dentro do local do evento: Audifax e Roberto Carlos:

Debate com os candidatos a prefeito da Serra
Professor Roberto Carlos e Audifax Barcelos cumprimentam-se após o debate entre cinco candidatos a prefeito da Serra. Crédito: Fernando Madeira

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