O secretário estadual de Saúde do Espírito Santo, Nésio Fernandes, foi um dos protagonistas da gestão da pandemia de Covid-19 no estado. Papel superado apenas pelo próprio governador, Renato Casagrande (PSB). As imagens dos dois ficaram bastante atreladas a esse período, para o bem ou para o mal.
As entrevistas coletivas sobre os casos da doença eram praticamente diárias. As críticas às medidas adotadas pelo governo para conter o coronavírus, também. Embora elogios se fizessem presentes.
Depois do primeiro turno, Nésio saiu de férias. Quem está à frente da pasta da Saúde é o subsecretário Tadeu Marino. O titular deve retornar apenas em dezembro.
A permanência dele no próximo governo, a ser comandado por um Casagrande reeleito, é incerta. O governador vai mexer no secretariado e não confirmou à coluna se Nésio fica ou sai.
A intenção do secretário, conforme apuramos, é seguir no governo no ano que vem. Mas depende do chefe.
Formado em Medicina em Cuba e filiado ao PCdoB, Nésio foi alvo de adversários de Casagrande durante a campanha. Os ataques tinham cunho ideológico, sem argumentos práticos.
Mas também alguns prefeitos, aliados do chefe do Executivo estadual, se insurgiram contra o secretário no segundo turno. Coincidentemente ou não, foi aí que ele saiu em férias.
Vários prefeitos casagrandistas são também bolsonaristas.
No dia 6 de outubro, o governador, ainda candidato, reuniu a maioria dos chefes de Executivos municipais em um hotel de Vitória. Lá, ouviu críticas a Nésio, tanto pelo discurso anticomunista delirante dos bolsonaristas quanto pelo fato de o secretário não ser muito acessível.
Um participante da reunião minimizou, em conversa com a coluna, os petardos disparados naquele dia, destacou que as críticas não foram unânimes.
Nésio é filiado ao PCdoB há 23 anos e integra o comitê nacional do partido. Nunca escondeu a participação política e se define como um sanitarista clássico, em relação à postura profissional, e um socialista cristão, politicamente. Ele é evangélico.
O secretário, que veio do Tocantins, não tem plano de saúde. Utiliza o SUS, assim como seus familiares que estão no estado.
Em março, Nésio Fernandes assumiu a presidência do Conselho Nacional de Secretários de Saúdes (Conass).
Ele é próximo de Humberto Costa, vice-líder do PT no Senado, que também é médico. E deu algumas dicas para a formação do plano de governo de Lula (PT), presidente da República eleito.
Devido a isso, chegou-se a cogitar que o secretário poderia ocupar um cargo no governo federal a partir do ano que vem. Mas a coluna apurou que não houve tal convite.
Um integrante da gestão Casagrande diz que Nésio trabalha bastante, de 12h a 14h por dia, e tem dois meses e meio de férias acumuladas. Logo, o descanso no final de ano deriva disso.
É difícil, entretanto, não enxergar um componente político no afastamento do secretário em meio ao segundo turno, quando aliados do governador pregavam o voto CasaNaro.
No primeiro turno, Nésio não se omitiu. Pediu votos para Casagrande, Lula, Givaldo Vieira, que disputou uma cadeira de deputado federal pelo PSB, sem sucesso, e para Neto Barros (PCdoB), que tentou se eleger deputado estadual, mas não conseguiu.
Deve estar celebrando as vitórias do governador e do petista. Mas sem saber o que vai fazer a partir do ano que vem.
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