Desde antes do início da campanha eleitoral de 2024 uma dúvida está no ar: o pleito municipal vai ou não ser contaminado pelo debate ideológico nacional? E, se sim, qual o peso das figuras do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na hora de o eleitor decidir em quem votar para prefeito?
Isso é especialmente interessante de se observar em Vila Velha, onde Bolsonaro recebeu 60,92% dos votos no segundo turno em 2022, ao passo que Lula foi a escolha de 39,08% dos eleitores.
Em 2024, o município canela-verde tem um candidato do PL, o ex-secretário estadual de Segurança Pública Coronel Ramalho, e um do PT, o ex-vereador João Batista Babá.
Pesquisa Ipec realizada a pedido da Rede Gazeta e divulgada nesta sexta-feira (23) traz algumas respostas.
Entre os entrevistados, 45% disseram que o apoio de Bolsonaro a um candidato a prefeito de Vila Velha, independentemente de quem seja, "não afetaria" a vontade de votar em tal candidato.
Quando a pergunta é: "Caso um candidato a prefeito de Vila Velha, independentemente de quem seja, tivesse o apoio do presidente Lula, isso aumentaria, diminuiria ou não afetaria a sua vontade de votar nesse candidato?".
A resposta é que, para 50% dos eleitores da cidade, o apoio de Lula "não afetaria a vontade de votar no candidato".
O leitor ou leitora deve estar pensando: Tá, mas e a outra metade do eleitorado canela-verde? Deixaria-se influenciar pelo apoio do presidente ou do ex-presidente?
Sim, mas a influência pode ser negativa ou positiva para o candidato em questão.
Vinte e seis por cento dos eleitores de Vila Velha responderam que a vontade de votar em alguém para prefeito aumentaria se esse alguém fosse apoiado por Bolsonaro (para 22%, a vontade aumentaria muito e, para 4%, aumentaria pouco).
Outros 27%, porém, disseram que o apoio do ex-presidente da República os faria ter menos vontade de votar num candidato a prefeito (para 23%, a vontade diminuiria muito e para 4%, diminuiria um pouco).
Ou seja, o apoio de Jair Bolsonaro faz diferença para 53% do eleitorado de Vila Velha. Só que ajuda e atrapalha o candidato a prefeito na mesma medida.
Embora a pergunta dos pesquisadores do Ipec não cite Coronel Ramalho, é ele o postulante à prefeitura que se associa a Bolsonaro.
O ex-secretário estadual de Segurança Pública tem 10% das intenções de voto e está 65 pontos percentuais atrás do primeiro colocado, o prefeito Arnaldinho Borgo (Podemos).
Podemos concluir, assim, que o militar da reserva da PM dá um tiro, de corrida, para frente ao evocar o nome do ex-presidente e, ao mesmo tempo, um tiro no pé. (Todos esses tiros são metafóricos).
E o que dizer de Babá, do PT?
Ele aparece na pesquisa Ipec com 1% das intenções de voto para prefeito.
No Instagram, Babá se apresenta como integrante do "time do Lula".
Mas, como se pode notar, até agora isso não rendeu dividendos eleitorais para o ex-vereador.
A pesquisa Ipec mostra que 19% dos eleitores de Vila Velha teriam mais vontade de votar num candidato a prefeito se esse candidato tivesse o apoio do presidente da República (para 16%, a vontade aumentaria muito e para 3%, aumentaria pouco).
Outros 29%, entretanto, teriam menos vontade de escolher um nome apoiado pelo líder petista (para 25%, a vontade diminuiria muito e para 4%, diminuiria pouco).
Ou seja, potencialmente, em Vila Velha, Lula mais tira do que acrescenta votos.
O apoio dele exerce influência sobre 48% dos eleitores, mas o efeito é mais negativo do que positivo.
A estratégia de Arnaldinho de se associar ao governador Renato Casagrande (PSB) pode ter rendido frutos no que se refere aos investimentos estaduais realizados na cidade e à capitalização política de tais aportes e obras.
Mas o apoio direto do socialista, para 59% dos entrevistados pelo Ipec, não "afetaria a vontade de votar no candidato" a prefeito de Vila Velha, seja qual for o candidato.
Já para 26%, a vontade de votar em alguém aumentaria se esse alguém fosse apoiado por Casagrande (para 21%, aumentaria muito e para 4%, aumentaria pouco).
Outros 13% disseram que o apoio do governador a um candidato a prefeito reduziria a vontade de escolher esse candidato (para 9%, a vontade diminuiria muito e, para 4%, diminuiria pouco).
Assim, vemos que o apoio de Casagrande mais ajuda do que atrapalha.
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