O governador reeleito Renato Casagrande (PSB) formou uma ampla aliança, com 11 partidos, nas eleições de 2022. Ainda assim, dos 30 deputados estaduais eleitos, metade não integra essa frente. Isso não quer dizer que o socialista vai enfrentar a oposição de 50% da Casa a partir de fevereiro do ano que vem.
Entre os eleitos fora de legendas que compuseram a coligação de Casagrande está, por exemplo, Camila Valadão, do PSol, que declarou apoio a ele no segundo turno. O mesmo vale para Denninho Silva, do União Brasil, e Xambinho, do PSC.
O principal provável foco de oposição vem do partido que elegeu a maior bancada, o PL, que vai ocupar cinco cadeiras na Assembleia Legislativa. O PL é a sigla do ex-deputado federal Carlos Manato, que disputou o governo contra Casagrande.
O ex-deputado teve um resulado expressivo nas urnas. No segundo turno, alcançou 1.006.021 votos (46,20%). Não foi o suficiente, obviamente, para bater o adversário, que recebeu 1.171.288 (53,80%).
Ainda assim, é algo que dá força política à oposição.
Questionado em entrevista à Rádio CBN Vitória, o governador admitiu que "tem que ser realista e saber trabalhar com a Assembleia Legislativa".
Voltando ao PL, o partido tem o segundo deputado estadual mais votado, Capitão Assumção, que foi reeleito com 98.669 votos. O militar da reserva da Polícia Militar já é um dos principais opositores de Casagrande na Assembleia e, certamente, vai manter a postura no próximo mandato.
Ironicamente, Assumção é um dos anistiados administrativamente por Casagrande pela participação na greve da PM de 2017.
Além dele, a legenda tem, como deputados estaduais eleitos, Danilo Bahiense (também atual parlamentar e opositor); Callegari; Zé Preto e Lucas Polese.
A segunda maior bancada da Assembleia vai ser a do Republicanos. O partido, puxado pela votação recorde do ex-prefeito de Colatina Sergio Meneguelli, vai ter, ao todo, quatro parlamentares na Casa.
O próprio Meneguelli afirmou, às vésperas da votação no segundo turno, que não pediria votos nem para Casagrande nem para Manato. Assim, parece improvável que ele se poste como um opositor ferrenho do socialista. A ver.
Um dos principais nomes do Republicanos, hoje, é o do presidente da Assembleia, Erick Musso. Ele, no entanto, não vai estar entre os integrantes do Legilativo estadual a partir de fevereiro.
Erick tentou se eleger senador, sem sucesso. Declarou apoio a Manato no segundo turno e, ao final da apuração, parabenizou Casagrande pela vitória e desejou sucesso ao chefe do Executivo, numa postura democrática.
"AMÉM"
A Assembleia Legislativa, nos últimos anos – aí contemplado não apenas o período em que o socialista está à frente do Executivo – por vezes ganhou o apelido de "Assembleia do amém", por seguir, via de regra, as orientações do governador.
É de praxe que projetos do governo sejam aprovados, inclusive rapidamente, em regime de urgência. Ainda que alguns opositores votem de forma contrária. Hoje, esses votos contrários somam, na maioria das vezes, cinco ou seis entre os 30 parlamentares.
É possível que essa margem aumente no ano que vem. Mas isso não quer dizer que a governabilidade de Casagrande esteja, a priori, ameaçada.
Aliados de primeira hora do governador também foram eleitos, ou reeleitos, como os deputados Marcelo Santos (Podemos) e Janete de Sá (PSB), o ex-secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação Tyago Hoffmann (PSB) e o ex-prefeito de Vitória João Coser (PT).
ELEIÇÕES 2024
Em breve, outro pleito deve influenciar a postura dos deputados estaduais, as eleições de 2024, em que as prefeituras vão estar em jogo.
Assumção que, além de ter sido o segundo mais votado, ampliou os votos que recebeu entre 2018 e 2022, é um dos cotados para concorrer à Prefeitura de Vitória. Ele tentou chegar ao posto em 2020, mas ficou em quarto lugar.
Camila Valadão também é citada por pessoas que acompanham a política da Capital, assim como Coser e Fabrício Gandini (Cidadania). Denninho é outro nome lembrado, apesar de ser aliado do atual prefeito, Lorenzo Pazolini (Republicanos), que deve disputar a reeleição.
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