Este é um espaço para falar de Política: notícias, opiniões, bastidores, principalmente do que ocorre no Espírito Santo. A colunista ingressou na Rede Gazeta em 2006, atuou na Rádio CBN Vitória/Gazeta Online e migrou para a editoria de Política de A Gazeta em 2012, em que trabalhou como repórter e editora-adjunta

O que leva Casagrande à liderança isolada no ES a dez dias das eleições

Projeção de votos válidos feita pelo Ipec indica que, se o pleito fosse hoje, socialista seria reeleito no primeiro turno. Não houve  alterações significativas em relação à pesquisa publicada no último dia 2

Vitória
Publicado em 22/09/2022 às 19h31
Governador Renato Casagrande
Governador Renato Casagrande. Crédito: Arte/A Gazeta

"Se a eleição para governador do Espírito Santo fosse hoje e os candidatos fossem estes, em quem o(a) sr(a) votaria?". Foi essa a pergunta feita por entrevistadores do Ipec que foram às ruas entre 19 e 21 de setembro. Pois bem, se o pleito fosse hoje, frise-se, o governador Renato Casagrande (PSB) seria reeleito no primeiro turno, com 61% dos votos válidos. Isso quer dizer: excluídos brancos, nulos e indecisos.

Na pesquisa anterior, publicada no último dia 2, a projeção é que o socialista venceria, naquela data, com 62%. A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais, para mais ou para menos, então, tecnicamente, nada mudou de lá pra cá.

O ex-deputado federal Carlos Manato (PL) permanece em segundo lugar, com 21% dos votos válidos, mesmo percentual da sondagem divulgada no dia 2.

O ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos (Rede) oscilou de 6% para 8%, dentro da margem de erro. Movimento idêntico ao do ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon (PSD). 

Má notícia para os adversários do governador, que têm agora dez dias para tentar levar o pleito para o segundo turno.

Vinte dias de horário eleitoral, campanha nas ruas e posts patrocinados nas redes sociais não alteraram o cenário. Logo, vão ter que apelar para novas estratégias.

O fogo já está cerrado sob Casagrande, alvejado por críticas de todos os lados, o que é natural, considerando que ele é o candidato da situação e todos os demais, da oposição. 

Já houve eleições em que candidatos foram lançados pró-forma, mas, na prática, faziam dobradinha com um adversário para tentar minar um concorrente político em comum. Desta vez, não tem isso. 

Casagrande, por sua vez, tem a maior aliança partidária (formada por 11 legendas), o maior tempo no horário eleitoral (cerca de seis minutos), a maior cifra para fazer campanha (R$ 4,2 milhões).

Como se não bastasse, conta com o apoio da maioria dos prefeitos do estado e da maioria dos deputados estaduais e federais.

"Disputo contra a máquina estadual e outras 75 máquinas, municipais", confidenciou um candidato ao Palácio Anchieta à coluna. 

Casagrande, como a coluna já havia avaliado, é um páreo duro de bater. Além de ser governador, o que lhe conferiu mais visibilidade fora do período eleitoral, tem ainda o recall de um mandato anterior, exercido entre 2010 e 2014. No final daquela gestão, ele não foi reeleito. Mas perdeu para o ex-governador Paulo Hartung (então filiado ao MDB).

Embora tenha vários pupilos no pleito deste ano, o governador mantém distância pública da disputa. Um de seus principais aliados, Guerino apostou na guinada rumo ao bolsonarismo, no que destoa de Hartung. 

VOTOS VÁLIDOS

  • Renato Casagrande (PSB): 61% (em 2 de setembro tinha 62%)
  • Manato (PL): 21% (em 2 de setembro tinha os mesmos 21%)
  • Audifax (Rede): 8% (em 2 de setembro tinha 6%)
  • Guerino Zanon (PSD): 8% (em 2 de setembro tinha 6%)
  • Capitão Vinicius Sousa (PSTU): 1% (em 2 de setembro tinha 3%)
  • Aridelmo (Novo): 0  (em 2 de setembro tinha 1%)
  • Claudio Paiva (PRTB): 0 (em 2 de setembro tinha 1%)
  • O cálculo dos votos válidos exclui as menções aos votos brancos, nulos e indecisos, considerando para a base de cálculo do percentual somente os votos atribuídos aos candidatos.

Para haver segundo turno, Casagrande teria que perder 11 pontos percentuais e um voto, ainda que divididos entre os demais candidatos. Por ora, o principal beneficiado seria Manato, que está em segundo lugar.

Mas, ainda considerando os votos válidos, a distância dele para o líder é de 40 pontos.

GRANDE VITÓRIA X INTERIOR

Casagrande se sai melhor no interior do estado. Se dependesse apenas dos municípios que não compõem a região metropolitana, ele acalçaria 68% dos votos válidos, contra 55% na área mais urbanizada.

Com Manato, ocorre o contrário: ele chega a 24% dos votos válidos na região metropolitana. No interior, marca 18%.

É na Grande Vitória que está concentrada a maioria do eleitorado. Mas observe-se que, mesmo apenas nesse recorte, o governador seria reeleito em primeiro turno, de acordo com o Ipec, se as eleições fossem hoje.

E 63% dos entrevistados disseram que a decisão quanto ao voto é definitiva. Outros 33% podem mudar de ideia até o dia 2 de outubro. 

Os indecisos, na pesquisa espontânea, em que os nomes dos candidatos não são informados previamete aos entrevistados, diminuíram. Eram 46% no início do mês. Passaram para 35%.

A REJEIÇÃO DE MANATO AUMENTOU

Outro mau sinal para o candidato mais competitivo contra Casagrande é a rejeição. Entre os entrevistados, 26% disseram que não votariam em Manato de jeito nenhum. Casagrande é rejeitado por 22%.

Na pesquisa divulgada em 2 de outubro, a rejeição do candidato do PL era igual à do socialista, 22%. Enquanto o rechaço a Manato aumentou quatro pontos percentuais, um acima da margem de erro, a de Casagrande manteve-se a mesma.

QUEM COLA EM QUEM

O candidato do PL alia a própria imagem à do presidente Jair Bolsonaro (PL). O Ipec mostra que o presidente da República é competitivo no estado, mas segue empatado tecnicamente com o ex-presidente Lula (PT) na intenção estimulada de voto: Bolsonaro tem 39% e Lula, 38%.

Bolsonaro, entretanto, está em ascenção, ao menos em território capixaba. Ele ultrapassou Lula numericamente, ainda que com apenas um ponto percentual e dentro da margem de erro.

Na pesquisa espontânea, Bolsonaro cresceu. Passou de 33% para 37%. Lula oscilou de 36% para 35%.

Ainda que Bolsonaro esteja se recuperando, parece arriscado apostar todas as fichas nele.

Manato, que disputou o Palácio Anchieta em 2018 e ficou em segundo lugar, com 27,22% dos votos, está na planície, sem mandato, desde então.

Logo, precisa usar o presidente como escada para ganhar notoriedade. Vale ressaltar, no entanto, que o candidato do PL estadual não adotou isso como estratégia de campanha apenas em 2022. Desde que perdeu a corrida de 2018 ele segue no nicho bolsonarista.

A voz de Manato, pelo que indica o Ipec, ecoou com relevância apenas na Grande Vitória, onde Casagrande também se fez presente durante todo esse tempo.

Além de apostar em Bolsonaro, Manato ataca Lula, que é apoiado por Casagrande. Uma peça de propaganda do ex-deputado federal na TV associa o governador ao petista e ainda à ex-presidente Dilma Rousseff e ao ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, com foco na corrupção.

Casagrande, por sua vez, apoia Lula apenas discretamente, embora negue que esconda o aliado. Ele também diz que em todos os partidos há desvios de conduta. 

Já Manato minimiza as suspeitas de corrupção que pesam sobre o governo Bolsonaro. Questionado sobre isso em entrevista concedida à Rádio CBN Vitória e a A Gazeta, ele afirmou que são coisas "pontuais" e considerou apenas um "equívoco" o fato de o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, ter sido preso no mensalão.  

GUERINO E AUDIFAX PARTEM PARA O ATAQUE

Guerino adotou um discurso bolsonarista, disse que vai votar no presidente e até entoa gritos de guerra como "nossa bandeira jamais será vermelha".

Se for para um eleitor do Espírito Santo votar em alguém para o governo devido à associação com Bolsonaro, o mais natural seria escolher Manato, que é do partido do chefe do Executivo federal e brada os gritos há mais tempo. Por outro lado, com esse discurso, Guerino afasta os eleitores que não têm simpatia pelo presidente da República.

Talvez isso explique o fato de não ter conseguido crescer mais que os dois pontos percentuais restritos à margem de erro. 

Mas o ex-prefeito de Linhares se concentra mesmo em críticas à gestão Casagrande. Sobrou até para o MDB de Rose de Freitas, que é apoiada para o Senado pelo governador. Guerino foi filiado ao MDB por 26 anos.

Ao menos Guerino cresceu numericamente, ainda que isso não implique em um percentual de relevo.

O mesmo ocorreu com Audifax. E a estratégia dele também é "bater" incessantemente no governador nesta reta final. O ex-prefeito da Serra aponta que o governo tem dinheiro em caixa e não gasta, deixando a população passar fome, mesma crítica feita por Guerino.

Casagrande, por sua vez, diz que os adversários querem "raspar o cofre" do estado.

A eleição do dia 2 vai mostrar quem vai ganhar a guerra de "narrativas", como está na moda dizer.

Em tempo: sobre o dinheiro em caixa, o leitor pode conferir informações apuradas pela reportagem de A Gazeta. Não precisa se fiar apenas na palavra dos postulantes ao Palácio Anchieta.

DEBATES

Dois confrontos diretos entre os candidatos ao governo do Espírito Santo já estão marcados antes da batalha final. A TV Gazeta realiza um debate no dia 27. A Rádio CBN Vitória e A Gazeta, no dia 29.

Vão ser chances para os candidatos tentarem virar o jogo aos quarenta e cinco do segundo tempo. Certamente, Casagrande vai ser atacado por todos os lados.

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