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O que levou Casagrande a trocar cinco secretários no governo do ES

Governador fala em necessidade de dar mais visibilidade às ações da gestão, mas tudo passa pelas eleições de 2026. "Não tem ninguém que eu tenha colocado que seja político apenas e simplesmente", afirmou

Entrevista com o Governador Renato Casagrande na CBN
O governador Renato Casagrande, em dezembro, durante entrevista à Rádio CBN Vitória. Na ocasião, ele disse que faria apenas mudanças pontuais no secretariado. Crédito: Fernando Madeira

Desde o início do ano, o governador Renato Casagrande (PSB) fez cinco mudanças no secretariado. Seriam seis, mas o Podemos decidiu não indicar ninguém para compor o primeiro escalão depois que o chefe do Executivo estadual preferiu não convidar o deputado federal Gilson Daniel, presidente estadual do partido, para compor a equipe. Casagrande impediu, dessa forma, que o ex-secretário estadual de Segurança Pública Coronel Ramalho (PL) assumisse o mandato de Gilson em Brasília como suplente.

Agora, as alterações no comando das pastas estão concluídas, de acordo com o governador. "A não ser que o Podemos decida indicar alguém depois, eram essas as mudanças", afirmou Casagrande à coluna, no domingo (9).

Mas qual o motivo por trás dessa reforma administrativa? A resposta está no perfil dos novos secretários.

Entraram para o time o deputado estadual licenciado Tyago Hoffmann (PSB), na Secretaria de Saúde; o então subsecretário Marcos Soares (PP), na de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano; o ex-prefeito da Serra Sérgio Vidigal (PDT), que vai ser nomeado na pasta de Desenvolvimento na quarta-feira (12); o ex-prefeito de Cachoeiro de Itapemirim Victor Coelho (PSB), no comando da Secretaria de Turismo, e o ex-prefeito de Colatina Guerino Balestrassi (MDB), à frente da recém-criada Secretaria de Recuperação do Rio Doce.

Todos são quadros essencialmente políticos, o que acendeu o alerta sobre o risco de politização excessiva do governo.

O próprio Casagrande rechaçou tais preocupações: "São pessoas políticas com perfil técnico. Não tem ninguém que eu tenha colocado que seja político apenas e simplesmente. É gente que tem experiência administrativa, que conhece tecnicamente o assunto".

Ao escalar esses aliados, o governador reforçou laços com partidos aliados, principalmente no caso da Sedurb, já que Marcos Soares foi indicado pelo presidente estadual do PP, deputado federal Da Vitória, e abrigou ex-prefeitos que ficariam na planície, sem mandato, após as eleições de 2024.

Mas o objetivo mesmo, de acordo com o governador, é dar mais visibilidade às ações da gestão estadual, apelando à faceta política dos novos integrantes do primeiro escalão.

Isso ocorre em um momento crucial, afinal, estamos em um ano pré-eleitoral e Casagrande quer eleger o sucessor em 2026. O plano A é lançar o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) como candidato ao Palácio Anchieta.

"(O objetivo é) resultado político, que poderá ter resultado eleitoral. A ideia é de fato fortalecer politicamente o governo", definiu o governador.

O que ocorreu na Secretaria de Saúde, principalmente, ilustra bem a situação.

Tyago Hoffmann, deputado estadual e aliado de primeira hora de Casagrande, substituiu Miguel Duarte Filho, que tinha um perfil técnico e low profile, aparecia pouco em entrevistas, eventos e posts nas redes sociais. 

Hoffmann, desde os primeiros dias no comando da secretaria, faz justamente o contrário.

"Miguel é um bom profissional, um bom técnico, continua no governo (é diretor na Fundação Inova). Mas eu precisa de uma exposição maior dos resultados, que são muitos, na saúde", admitiu Casagrande.

Para além disso, há questões pontuais do xadrez das eleições de 2026 que também foram contempladas pela reforma administrativa.

Tyago Hoffmann, ao dar mais visibilidade às ações da Sesa, também fica sob os holofotes, o que pode ajudá-lo no plano de disputar uma vaga na Câmara dos Deputados no ano que vem.

A chegada de Sérgio Vidigal à Sedes, por sua vez, coloca o ex-prefeito mais perto do jogo. Ele é um possível candidato ao Palácio Anchieta, ao lado de outros casagrandistas, caso o grupo opte por não lançar Ricardo Ferraço.

O pedetista vai entrar no lugar justamente de Ricardo, que acumulava o comando da Secretaria de Desenvolvimento com a Vice-governadoria e, agora, fica mais livre para se movimentar como pré-candidato.

Detalhe: em entrevista à Rádio CBN Vitória em dezembro do ano passado, o governador afirmou que não pretendia fazer uma reforma administrativa, que poderia haver apenas uma ou outra mudança pontual no primeiro escalão.

No fim das contas, mexeu bastante no time e já sabia que faria isso. Só não quis deixar os aliados ansiosos.

No início de abril do ano que vem, outra dança das cadeiras vai ocorrer. Esse é o prazo de desincompatibilização imposto pela legislação.

Quem quiser disputar o pleito do ano que vem vai ter que deixar de ser secretário estadual. 

Aliás, até o governador pode ser outro, se Casagrande decidir disputar o Senado. Nesse caso, ele vai renunciar ao mandato e Ricardo herdará a cadeira, ao menos, até dezembro de 2026.

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