O superintendente da Polícia Federal, Eugênio Ricas, está fora da disputa pelo governo do Espírito Santo e não apenas por uma questão de perfil, como registrou em artigo publicado em A Gazeta nesta terça-feira (29).
"Por inúmeras questões, no entanto, não senti que uma pessoa com meu perfil pudesse fazer a diferença no mundo político neste momento", escreveu ele.
Ao final do texto, no entanto, uma pista: "Seguiremos firmes e aguerridos combatendo a criminalidade com a mesma disposição de sempre e com a segurança e confiança que sempre me nortearam. Este mundo (o do combate à criminalidade) eu conheço bem!"
Ou seja, tem um outro mundo que ele não conhece tão bem, o da política, podemos presumir. Mundo esse que lhe reservou algumas surpresas.
Ricas, que por diversas vezes negou ter o intuito de disputar as eleições, afirmou ter mudado de ideia recentemente, incentivado, entre outros, pelo ex-governador Paulo Hartung (sem partido).
"Nos últimos tempos tenho sido muito procurado por muitas pessoas, empresários, políticos, lideranças religiosas, no supermercado, no Uber. Muita gente pedindo para eu ser candidato", justificou, no último dia 10, à coluna, quando admitiu que cogitava a ideia.
Menos de 20 dias depois, tudo foi por água abaixo. O PSD já flertava com outro hartunguista, o prefeito de Linhares, Guerino Zanon, que, por enquanto está no MDB.
Como a coluna já mostrou, Guerino tenta montar chapas competitivas, principalmente para eleger deputados federais, no PSD, o que valoriza seu passe. No MDB, Guerino não tem chance de concorrer ao Palácio Anchieta.
O PSD, antes de Ricas se decidir, já havia convidado o prefeito de Linhares a migrar para lá. Ele tentava, no entanto, virar o jogo no próprio partido. Com o "ok" de Guerino, o PSD se viu com dois possíveis candidatos ao governo do estado.
A proposta passou a ser que o superintendente da PF deixasse o cargo (ele não sairia da Polícia Federal, mas perderia a chefia da superintendência) e ingressasse no PSD para, mais à frente, o partido decidir quem seria o nome a concorrer ao Palácio Anchieta.
Ricas não topou a empreitada. Além da corrida ao Palácio Anchieta, o partido tinha outra preocupação: eleger deputados. Guerino, por ter maior inserção no meio político, teria maior facilidade, ou talvez menos dificuldade, para conseguir angariar os nomes necessários.
O anúncio oficial da saída de Ricas não surpreende. O descontentamento dele com a entrada de Guerino no mesmo páreo partidário já era sabido e há dias ele havia "mergulhado", já não concedia entrevistas sobre o futuro político.
Em resumo, Ricas sempre pareceu que seria candidato. Mas dizia que não era. Passou a ser (embora publicamente tivesse apenas admitido a possibilidade de ser). E acabou não sendo.
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