O deputado estadual Pablo Muribeca (Republicanos) recebeu menos votos que o número de eleitores que não foram votar no segundo turno da disputa pela Prefeitura da Serra, é verdade. Mas, como a coluna mostrou, isso já havia ocorrido na cidade em 2020, quando Fábio Duarte (Rede) também foi superado pela abstenção.
Em 2024, Weverson Meireles (PDT) foi eleito prefeito após uma ascensão meteórica. Passou de praticamente desconhecido a vitorioso graças à atuação do principal padrinho político, o atual prefeito da Serra, Sérgio Vidigal (PDT). Contou ainda com o apoio do governador Renato Casagrande (PSB).
Assim, Muribeca conquistou 90.227 votos, ou 39,52%, remando contra essa maré. A campanha foi acirrada no segundo turno e o republicano deu trabalho ao pedetista, embora Weverson não tenha perdido em nenhum momento a posição de favorito.
A principal conquista do deputado estadual foi ter passado à segunda etapa do pleito, deixando para trás o ex-prefeito Audifax Barcelos (PP), tradicional político serrano e que, até a reta final do primeiro turno, liderava a corrida.
Não se pode, portanto, dizer que o parlamentar saiu menor do pleito. O capital político dele aumentou.
De parlamentar histriônico, apenas "o deputado do chapéu", ele tornou-se um adversário temido.
Está fortalecido para as eleições de 2026, quando pode disputar a reeleição ou uma cadeira na Câmara dos Deputados.
Em relação ao desempenho de Muribeca na eleição, bem, ele trouxe temas que estão de acordo com o slogan do Republicanos, "o verdadeiro partido conservador do Brasil", com pitadas de desinformação.
Fez declarações que beiram a homofobia, atacou o fato de o Partido dos Trabalhadores ter orientado voto em Weverson — a despeito de o Republicanos integrar o governo Lula (PT) — e promoveu uma espécie de "guerra santa" pelo apoio de pastores evangélicos.
Mas boa parte dos eleitores gostou desse discurso.
O deputado também explorou uma marca, além do chapéu, que é a fiscalização das unidades de saúde.
Criticou a situação da saúde pública na Serra e fez com que Weverson tivesse que apresentar propostas e fazer promessas.
Muribeca já avisou, no último domingo (27), após o resultado da eleição, que vai continuar "de forma implacável" com a atuação fiscalizadora "na saúde, na segurança e na educação".
Com mandato de deputado até 31 de janeiro de 2027, ele tem potencial para dar trabalho para Weverson como opositor e, a depender do desempenho do pedetista, voltar a enfrentá-lo nas urnas em 2028.
Ao que parece, o partido vai continuar apostando em Muribeca. "Contra tudo e contra todos, contra a máquina estadual e municipal, teve quase 40% dos votos! Nasce a maior liderança popular da Serra nos últimos tempos", publicou o presidente estadual do Republicanos, Erick Musso, nas redes sociais após o resultado do segundo turno.
LEIA MAIS COLUNAS DE LETÍCIA GONÇALVES
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.