A saída do ex-vice-governador César Colnago do PSDB, após 30 anos de filiação, e sua entrada no PSD, como anunciou nesta quarta-feira (30), é marcada por meses de desencontros entre ele e o presidente estadual dos tucanos, Vandinho Leite, e pela ação de um aliado, o atual presidente estadual do PSD, José Carlos da Fonseca Júnior, o Zé Carlinhos.
O presidente do novo partido de Colnago é também próximo ao ex-governador Paulo Hartung (sem partido), outro convidado a ingressar no PSD, mas o ex-vice-governador diz que ele não teve participação nas tratativas.
O fato que, com a entrada de Colnago nos quadros do PSD, ele passa a competir internamente com o prefeito de Linhares, Guerino Zanon, pela preferência para disputar o governo do estado. Guerino também é hartunguista.
O ex-vice-governador vê com naturalidade haver dois pré-candidatos no mesmo partido e conversou com Guerino sobre o assunto na própria casa do agora ex-tucano e em um hotel de Vitória na última segunda-feira (28).
Assim, ele se coloca na situação que o superintendente da Polícia Federal, Eugênio Ricas, não quis ficar, ao desistir de se filiar ao PSD e concorrer ao governo, já que o PSD trouxe Guerino para o tabuleiro.
"Vivi isso várias vezes (ter mais de um pré-candidato no mesmo partido). É da democracia interna. Eugênio tomou a decisão dele e eu respeito", afirmou.
Agora, o combinado no PSD é que quem estiver "em melhores condições", mais bem posicionado nas pesquisas e mais articulado, seja o candidato.
SENADO É OPÇÃO. VICE, NÃO
Se o escolhido não for Colnago, ele pode disputar o Senado, opção que também foi debatida com Zé Carlinhos. Já ser vice-governador, de novo, não está nos planos do ex-tucano.
"Quem vai decidir é o partido, os militantes, numa discussão interna", narrou Colnago, placidamente.
O clima no PSDB, que ele deixou para trás, era outro. Teve ligações não atendidas, mensagens não respondidas e um acirramento do distanciamento entre Colnago e Vandinho a partir de janeiro. "O PSDB local está muito próximo do governo (Casagrande) (...) o partido poderia até apoiar, embora não seja essa a minha posição, mas não assim, antecipadamente, sem discussão interna", afirmou o ex-vice-governador.
Em janeiro, conforme a coluna apurou, houve uma reunião da Executiva do partido, em que Colnago externou que queria ser candidato. Não houve resposta direta e nem discussão posterior.
Quando Colnago anunciou à coluna, em outubro do ano passado, que percorria municípios do Espírito Santo com o objetivo de ser candidato ao governo do estado, o presidente estadual do PSDB, Vandinho Leite, de pronto reagiu e, por meio de nota, afirmou que não havia nem discussão no partido sobre candidatura ao Palácio Anchieta.
O tempo foi passando e o ex-vice-governador sempre se manteve como pré-candidato ao governo. Concomitantemente, exercia um cargo comissionado na Assembleia Legislativa, o de secretário de gestão de pessoas, a convite do presidente da Casa, Erick Musso (Republicanos), que também é pré-candidato ao governo.
Colnago pediu exoneração do cargo no último dia 11, já se antecipando ao prazo de desincompatibilização, que termina em 2 de abril, e mais uma vez reforçou ser pré-candidato ao governo. O PSDB reforçou que "não há qualquer definição sobre candidatura própria da legenda ao governo do estado".
Para completar, no congresso estadual do PSB, no último domingo (27), Vandinho afirmou que a parceria com o partido do governador Renato Casagrande, que vai tentar a reeleição, é "muito provável". A aproximação de Vandinho com o Palácio já era visível a alguns meses, pela postura na Assembleia Legislativa e presença em eventos oficiais.
Durante todo esse tempo, Colnago, digamos, pregou sozinho no próprio partido. Nos bastidores o que se cogitava é que ele teria legenda para disputar o cargo de deputado estadual no ninho tucano.
De janeiro a março Vandinho não atendeu telefonemas e nem respondeu mensagens de Colnago.
Em entrevista coletiva no final da tarde desta quarta, o ex-vice-governador disse que contava com o apoio da direção nacional do PSDB para ser candidato ao governo, mas regionalmente a coisa não ia bem, como já era notório.
A coluna apurou que, no PSDB, o discurso era de postergar até meados de abril a decisão sobre ter ou não candidatura própria.
Embora o prazo de filiação de candidatos termine no dia 2, algumas vezes os partidos usam o subterfúgio de entregar os dados dos filiados com data retroativa, o que é possível fazer até o dia 18 de abril, quando aí acabam as chances mesmo.
Mas, nesse período, o partido foi ficando cada vez mais próximo de Casagrande. Até anunciou a filiação do ex-senador Ricardo Ferraço, que é próximo ao governador, com chances de disputar um cargo majoritário pelo partido (senador ou vice, por exemplo).
Colnago diz que a entrada de Ricardo não interferiu na decisão dele de sair do partido, que, àquela altura, já estava tomada.
O QUE DIZ O PSDB
Um tucano de alta plumagem avalia que se o partido abraçasse a pré-candidatura de Colnago isso atrapalharia a atração de outros quadros, mais próximos a Casagrande, como o ex-senador. Mas não havia a intenção de, mesmo posteriormente, ingressar na empreitada de disputar contra o socialista.
A coluna tentou, sem sucesso, falar com Vandinho Leite. O PSDB enviou uma nota, assinada pelo vice-presidente do partido, Oziel Andrade:
"O PSDB é um partido que preza e sempre prezou pela democracia e liberdade de escolha de seus filiados. Dessa forma, o tucanato capixaba recebe com muita naturalidade a desfiliação do ex-vice-governador César Colnago, agradecendo ao mesmo por sua contribuição e o desejando sucesso em sua jornada!".
ARIDELMO DEIXA A PREFEITURA PARA SER CANDIDATO AO GOVERNO
O secretário da Fazenda de Vitória, Aridelmo Teixeira, deixa o cargo na prefeitura para disputar o governo do estado pelo Novo. O anúncio deve ser feito nesta quinta-feira pelo prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos).
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