O debate realizado pela TV Gazeta começou às 22h30 de terça-feira (27). Horas antes, trios elétricos das campanhas dos candidatos ao governo do Espírito Santo já se postavam em frente à Rede Gazeta com barulho ensurdecedor de jingles, mas não apenas isso.
Quem estava de posse do microfone no carro de som de Renato Casagrande (PSB) adotou um ar de provocação que destoa, até aqui, do adotado pelo socialista na corrida eleitoral.
"Meu governador nunca foi preso", entoou o locutor. "Lá em Linhares ele (Guerino Zanon) tá lascado. Quer cuidar do Espírito Santo e não cuidou da cidade dele. E ele foi preso? Por que ele foi preso?", continuou, dirigindo-se aos apoiadores do ex-prefeito de Linhares que disputa o Palácio Anchieta.
Guerino foi preso em 2013, na Operação Derrama, da Polícia Civil, que investigava supostas ilegalidades em contratos das prefeituras com uma empresa que trabalha com recuperação de tributos municipais.
Em 2015, o processo foi arquivado por iniciativa do Ministério Público Estadual, que entendeu que houve irregularidades na condução da operação.
“Montaram uma farsa em cima de nós, nos prenderam e eu espero algum dia que a verdade venha à tona, porque quero ter documento nas mãos. Quero que a mesma Justiça que me prendeu, me dê um documento dizendo que estou livre, que posso andar livremente na rua”, afirmou Guerino, na ocasião.
MAIS PROVOCAÇÕES
"Mais um partido saiu do 18 (número do candidato ao governo Audifax Barcelos) O Avante meteu o pé do 18 porque (Audifax) não cumpriu o que prometeu. O 18 não tem palavra", bradou também o locutor que estava no trio elétrico da campanha de Casagrande.
Depois, voltou-se novamente contra Guerino: "Aqui não é Linhares, não. Aqui tem rodoviária".
"Tem gente aí que só vive de fake news", emendou, sem especificar a quem se referia.
"Chora, não, bebê."
NA PAZ
Casagrande chegou e adotou um tom totalmente diferente, falou ao microfone e pregou aos militantes e/ou cabos eleitorais que o debate deveria ser propositivo.
NA GUERRA
Dentro do estúdio foi que o jogo virou mesmo. Casagrande passou a ser o único alvo de ataques de todos os outros. Aridelmo Teixeira (Novo), Carlos Manato (PL), Guerino e Audifax seguiram um script parecido.
O candidato à reeleição lidera as pesquisas de intenção de voto e pareceu meio retraído diante das bordoadas.
"CALMO"
Cada candidato pôde levar um assessor para dentro do estúdio. Eles ficaram fora do alcance das câmeras, assim como esta colunista.
Nos intervalos de cada bloco, os assessores e estrategistas de campanha iam ao pé do ouvido dos postulantes ao Palácio Anchieta dar dicas.
A coluna percebeu ao menos um esboço da tática de Diego Brandy, que comanda a campanha de Casagrande. Após ouvir os conselhos do publicitário argentino, que já atuou para Eduardo Campos em Pernambuco, o socialista capixaba repetiu: "Calmo, calmo", balançando a cabeça em sinal de aprovação.
PAPÉIS
Os candidatos não podiam exibir papéis para as câmeras, até porque ninguém conseguiria ler o que estivesse escrito mesmo. Mas levaram um arsenal impresso para consulta durante o embate com os adversários.
O campeão de papelada pareceu ser Audifax.
Aliás, o filho do redista, Durval Audifax, foi quem acompanhou o candidato no estúdio e repassou dicas nos intervalos.
CHAPA CASAGRANDE-GUERINO?
Durante o debate, Guerino rebateu uma crítica de Casagrande com uma pergunta retórica: "Por que o senhor me convidou três vezes para ser seu vice?"
A coluna achou curiosa a possibilidade de uma chapa Casagrande-Guerino e, após o debate, quis saber mais a respeito.
Guerino disse que a última vez que o socialista o convidou para a parceria foi em fevereiro, quando o então prefeito de Linhares ainda estava filiado ao MDB.
Casagrande, à coluna, negou que tenha feito o convite. "Eu falei com ele, ainda no ano passado, sobre fazer uma composição (partidária e eleitoral), mas não o convidei para ser vice".
ALTURA
CUMPRIMENTOS E CLIMÃO
Antes de o debate começar, todos os candidatos apertaram as mãos uns dos outros, em cumprimentos polidos. Ao final, o clima foi bem menos amigável, ao menos em relação a Casagrande. Este não recebeu a mesura de nenhum dos outros concorrentes e também não se dirigiu a eles.
Os poucos petardos de Casagrande foram dirigidos a Guerino. Os dois estavam lado a lado no estúdio. Durante o debate, nem olharam um para o outro.
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