Este é um espaço para falar de Política: notícias, opiniões, bastidores, principalmente do que ocorre no Espírito Santo. A colunista ingressou na Rede Gazeta em 2006, atuou na Rádio CBN Vitória/Gazeta Online e migrou para a editoria de Política de A Gazeta em 2012, em que trabalhou como repórter e editora-adjunta

Os bastidores do debate entre os candidatos a prefeito de Vila Velha

Arnaldinho Borgo foi o principal alvo dos adversários; "Nárnia", o "País das Maravilhas" e "Seu Babá" foram citados. Veja como estava "o clima" na plateia, nos intervalos e no final

Vitória
Publicado em 23/09/2024 às 14h37
Atualizado em 23/09/2024 às 16h04
Arnaldinho Borgo e Coronel Ramalho em debate
Arnaldinho Borgo e Coronel Ramalho no debate realizado por A Gazeta e CBN Vitória. Crédito: Fernando Madeira

Os candidatos a prefeito de Vila Velha fizeram pouquíssimas propostas durante o debate realizado por A Gazeta e CBN Vitória nesta segunda-feira (23). A opção foi pelo ataque. O alvo principal foi Arnaldinho Borgo (Podemos), que disputa a reeleição. Reveja a íntegra do confronto no final deste texto.

Assim como no debate entre o concorrentes a prefeito de Vitória, na sexta-feira (20), que colocou Lorenzo Pazolini (Republicanos) no foco, não se pode dizer que houve "perseguição" e sim apenas uma estratégia até esperada, sem surpresas.

É natural que os adversários critiquem a atual gestão, que pretendem substituir.

NEM OITO NEM OITENTA

Mas, no caso de Vitória, houve mais propostas, ainda que algumas sejam mirabolantes.

O debate de Vila Velha foi mais pobre, nesse sentido.

RAMALHO E O TEMPO

Erros acontecem, principalmente ao vivo. Eu também troquei uma palavra, ao fazer uma pergunta. Mas, logo no início, Coronel Ramalho (PL) se enrolou.

Ele tinha trinta segundos para fazer a primeira pergunta do embate. Mas, por algum motivo, achou que poderia se apresentar aos eleitores antes de se dirigir ao oponente, Arnaldinho.

O mediador, o jornalista Mário Bonella, avisou que o tempo estava passando e que Ramalho deveria fazer a pergunta logo, no que o candidato do PL apenas reclamou e perdeu a oportunidade.

Isso rendeu a Arnaldinho um minuto e meio para falar o que quisesse. Era o tempo que ele levaria para responder à pergunta... que não foi feita.

"CASA ARRUMADA"

Candidato do PSDB, o ex-vereador Maurício Gorza está no páreo graças à intervenção da direção nacional do PSDB.

Foi o ex-prefeito tucano Max Filho que agiu para que Gorza fosse oficializado como candidato e é o principal apoiador do ex-vereador.

No debate desta segunda, Gorza, em diversos momentos, defendeu a gestão de Max, ainda que o ex-prefeito não estivesse sob ataque.

"Entregamos uma casa arrumada (a Arnaldinho)", "foi como entrar em uma casa mobiliada e com carro na garagem", "governou quatro anos com recurso de oito anos, Vila Velha nunca teve tanto dinheiro".

Ou seja, de certa forma, Maurício Gorza creditou a Max alguns feitos que ocorreram durante a gestão de Arnaldinho.

E a menção a casa arrumada ainda remete a um slogan do ex-governador Paulo Hartung, com o qual Max não se dava bem.

Maurício Gorza orientado pela equipe no intervalo do debate
Maurício Gorza orientado pela própria equipe no intervalo do debate. Crédito: Fernando Madeira

"GESTÃO TERCEIRIZADA"

Gorza ainda afirmou que a gestão de Vila Velha é "terceirizada" e que o real prefeito é o governador Renato Casagrande (PSB), aliado de Arnaldinho e do PSDB.

"NÁRNIA" E "PAÍS DAS MARAVILHAS"

Entre as críticas à atual administração municipal, o candidato do PT, o ex-vereador João Batista Gagno Intra, o Babá, afirmou que o prefeito parece viver em Nárnia, reino fictício criado por C.S. Lewis.

Já Nicholas Trancho (PSOL) fez analogia com o "País das Maravilhas" de Lewis Carroll.

ATAQUES

Mas os principais ataques a Arnaldinho partiram de Ramalho. O ex-secretário estadual de Segurança Pública levantou suspeitas sobre o apartamento alugado em que o prefeito mora, em Itaparica, um carro de R$ 200 mil e uma bicicleta de R$ 100 mil (?).

Mencionou ainda um empresário e a cidade de Búzios, sem muitas explicações.

Arnaldinho não respondeu, pontualmente, às acusações. Em determinado momento apenas afirmou que "não tem nada de errado em morar de aluguel", mas Ramalho insinuou que não é o prefeito que paga a conta.

O prefeito, de certa forma copiando o que Pazolini fez no debate de sexta-feira, pediu desculpas à audiência pelos ataques desferidos pelos demais candidatos a ele mesmo.

Após a publicação deste texto, a coordenação de campanha de Arnaldinho entrou em contato com a coluna para dizer que "o ataque feito por Ramalho, decorrente de notícia anônima, já tinha sido apurado e arquivado pelo MPES, desde 02/2024, por não ter qualquer elemento probatório".

O SORRISO DO PREFEITO

Mesmo quando as perguntas e respostas ocorriam entre dois outros candidiatos, a atual administração municipal era citada.

Enquanto isso, Arnaldinho sorria. Poderia ser de nervoso ou de deboche. A segunda opção é a mais provável.

As câmeras não mostravam todas as reações dele, mas, como eu estava dentro do local da transmissão, percebi.

De vez em quando o prefeito também balançava a cabeça, em sinal de contraridade.

Ele pediu seis direitos de resposta durante o debate, dos quais dois foram concedidos.

Nas considerações finais, o prefeito afirmou que os adversários "vão responder na Justiça" e que "prego que se destaca leva martelada".

"SEU BABÁ"

Um momento cômico foi quando Nicolas Trancho, de 34 anos, chamou Babá, 62 anos, de "seu Babá".

PLATEIA INDICIPLINADA

Talvez os ouvintes da CBN e o pessoal que acompanhou a transmissão ao vivo, em vídeo, em A Gazeta não tenham percebido, mas a plateia, contrariando as regras do debate, estava bastante indicisciplinada.

Integrantes da campanha de Babá e Ramalho falaram alto, chegando a atrapalhar a produção por trás das câmeras.

A âncora da CBN, Fernanda Queiroz, e o editor-chefe de A Gazeta, Geraldo Nascimento, tiveram que fazer reiterados "puxões de orelha" verbais.

A "PARTICIPAÇÃO" DE PADRE KELDER

O padre Kelder Brandão, da paróquia Santa Teresa de Calcutá, em Itararé, Vitória, foi citado três vezes do debate de Vila Velha.

Primeiro, o colunista de A Gazeta Leonel Ximenes lembrou que o religioso criticou Ramalho, em 2023, quando este comandava a Sesp, por um vídeo em que o militar aparece "aconselhando" um adolescente que havia sido apreendido.

Para o padre, Ramalho expõs e ofendeu o jovem negro. Leonel perguntou se o coronel da reserva da PM faria o mesmo com um rapaz branco, de olhos azuis, morador da Praia do Canto, um bairro nobre da Capital.

Ramalho respondeu que não faz distinção de cor ou raça e afirmou respeitar o padre, "sou católico".

Depois, foi a vez de Maurício Gorza mencionar o pároco. O candidato do PSDB lembrou que Padre Kelder acusou Arnaldinho de não "gostar dos pobres" por ter sancionado uma lei que restringe a circulação de catadores de material reciclável em Vila Velha.

Desta vez, Ramalho, que era o destinatário da pergunta, aproveitou o momento e fez coro a Gorza, citando Kelder Brandão mais uma vez.

IDEOLOGIA DE GÊNERO? INVASÃO?

Durante a maior parte do tempo, o candidato do PL ateve-se a críticas ao prefeito ou à gestão municipal.

No último bloco, principalmente, nas considerações finais, resolveu voltar à cruzada contra "a esquerda". Ramalho alega que há uma grande trama esquerdista para se perpetuar no poder na prefeitura canela-verde.

Arnaldinho é um político de centro-direita, mas apoiado por uma ampla coligação, composta, por exemplo, por PSB, Republicanos e PP.

Ramalho alertou os eleitores de Vila Velha, nas considerações finais, quanto aos perigos da "idelogia de gênero" e da "invasão de propriedade privada"

A DESPEDIDA

Logo após o debate, Ramalho e assessores saíram rapidamente do estúdio, sem cumprimentar os demais candidatos.

Vários dos outros apertaram as mãos dos concorrentes, de forma polida.

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