O deputado federal Felipe Rigoni comprou uma briga com os então correligionários no União Brasil para assumir o comando do partido no estado e garantir a pré-candidatura ao governo do Espírito Santo.
Ele tem como esteio a direção nacional do União Brasil, um partido que tem dinheiro para fazer campanha.
Como resultado, no entanto, houve uma debandada na legenda. Os deputados estaduais debandaram. Theodorico Ferraço foi para o PP, Alexandre Quintino e José Esmeraldo, para o PDT; Torino Marques migrou para o PTB. Além disso, a deputada federal Norma Ayub ingressou no PP.
Rigoni teve que montar chapas para eleger deputados federais e estaduais em tempo recorde, mas diz que, na verdade, a saída dos mandatários o ajudou na tarefa, já que quem não tem mandato costuma se assustar quando eles estão no páreo.
Após todo esse périplo, a pesquisa Ipec realizada a pedido da Rede Gazeta e divulgada no último dia 2 mostrou Rigoni com 2% das intenções estimuladas de voto, em penúltimo lugar. Ele ganha apenas do ex-secretário da Fazenda de Vitória Aridelmo Teixeira (Novo), com 1%.
Há quem duvide que Rigoni vá manter a intenção de disputar o Palácio Anchieta e outros que avaliam que ele não tem muitas opções.
Como concorrente ao Palácio Anchieta, o deputado ganha projeção, ao passo que, se tentar a reeleição, corre o risco de perder e ainda sair menor, como menos votos do que obteve em 2018.
Consultado pela coluna, Rigoni diz que não vai mudar os planos, ou seja, segue na disputa pelo governo do estado.
"Não penso em mudar os planos. Pesquisa é foto e eleição é filme. Faltam cinco meses", cravou.
Enquanto isso, ele mantém contato com outros pré-candidatos, em especial o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), que também quer ser governador.
Erick apareceu com 3% das intenções de voto no Ipec. "Erick é jovem, como eu. Eu e ele certamente seremos protagonistas desse novo ciclo", previu Rigoni.
O deputado defende a tese de que o ciclo do ex-governador Paulo Hartung (sem partido) e do governador Renato Casagrande (PSB) chega ao fim, após 20 anos.
Mas Rigoni sustenta que não há conversas sobre uma parceria com o presidente da Assembleia no pleito deste ano.
"Já conversei com Guerino Zanon (PSD), César Colnago (PSD) e com Audifax (Rede). Agora que ele (Audifax) coligou com o PSOL fica mais complicado, mas o respeito", complementou o parlamentar.
O ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos não é um homem estritamente de esquerda, mas a Rede aprovou uma federação com o PSOL, o que faz com que ele fique atrelado ao partido, ainda que apenas formalmente.
"O momento é de discutir os projetos. Parceria não pode ser baseada em nada e sim em projeto para o estado", ressaltou.
Quando falou à coluna ele se preparava para percorrer a região do Caparaó e Sul do Espírito Santo em pré-campanha.
Rigoni tem 30 anos e está no primeiro mandato eletivo. Chegou ao cargo pelo PSB, na eleição de 2018. Como não se identifica com a postura do partido, de centro-esquerda, migrou para o União Brasil, resultado da fusão de DEM e PSL.
O deputado é um liberal, de centro-direita. No Congresso, por vezes vota contra propostas do governo Jair Bolsonaro (PL) e por vezes a favor, dependendo do tema.
O ingresso no PSB se deu pela proximidade com o governador Renato Casagrande. Ele é amigo da família do socialista.
Rigoni, no entanto, decidiu se lançar contra Casagrande neste pleito, o que gerou críticas por parte de aliados do governador.
Em setembro do ano passado, por exemplo, ele que "falta uma gestão mais incisiva e faltam projetos" ao governo Casagrande.
O então secretário estadual de Governo, Tyago Hoffmann, rebateu e chamou o deputado de "desinformado".
Na TV, agora como pré-candidato e presidente estadual do União Brasil, Rigoni apareceu esses dias na propaganda partidária elencando que o atual governador e Hartung revezaram-se no poder por muito tempo "e os velhos problemas na Saúde, na Segurança e no Saneamento ainda estão aí".
"Será que não é tempo de dar chance para a mudança?", questionou, ainda no vídeo.
Para que Rigoni seja o vetor dessa mudança, no entanto, falta convencer os eleitores.
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