O PT local preparava-se para "colocar o bloco na rua" pela candidatura ao governo do senador Fabiano Contarato, como afirmou, em abril, a presidente estadual dos petistas, Jackeline Rocha. A militância estava e está animada com a possibilidade de concorrer ao Palácio Anchieta com um nome competitivo – o senador marcou 11% na pesquisa Ipec, ficando em segundo lugar. Mas, ao que tudo indica, não vai ser desta vez.
O PT e o PSB do governador Renato Casagrande já estão juntos nacionalmente, como denota a chapa Lula-Alckmin. Falta aparar arestas nos estados e a daqui deve limar Contarato da jogada.
Um evento marcado para o próximo sábado (11) que, originalmente, seria para o lançamento do senador ao governo, ganhou ares de "discussão de plano de governo" a ser apresentado ou a um candidato próprio ou a quem o PT vier a apoiar, ou seja, Casagrande.
As lideranças nacionais do PT que cuidam das tratativas com os estados, a presidente Gleisi Hoffmann e os deputados federais Paulo Teixeira e José Guimarães, já sinalizaram aos líderes locais que a segunda opção é a mais provável. A mudança de caráter do evento de sábado dá a dica.
O próprio Contarato deve estar presente. Na reunião do diretório estadual do PT, na noite desta quarta-feira (8), ele não compareceu, pois está em agenda no Uruguai. A reunião selou o "rebaixamento" do encontro.
Mas o senador, de acordo com fontes do PT, está ciente da movimentação.
Casagrande também conversou com petistas locais, na última segunda-feira (6), e mostrou-se disposto a declarar voto em Lula, "do jeito dele", segundo um petista. Ou seja, sem muito estardalhaço.
Palanque exclusivo para o pré-candidato do PT à Presidência da República, no entanto, não vai rolar, como o próprio governador já havia dito à coluna.
Assim que o nome de Contarato for retirado, o partido deve passar a pleitear espaços na chapa de Casagrande, como os postos de candidato a vice e a senador. Este último é cobiçado por vários aliados do socialista e promete ser fonte de muitas emoções.
Em entrevista à coluna, o governador pontou que compor a chapa majoritária não é a prioridade do PT e sim a eleição de Lula, tirou por menos.
Quem vai bater o martelo mesmo sobre o destino eleitoral do senador é a direção nacional do PT, que, junto com o PSB, estabeleceu o próximo dia 15 como a data limite para definir as questões nos estados.
Após algumas críticas feitas pela presidente estadual do PT à gestão Casagrande, Gleisi entrou em contato, no final de abril, com dirigentes locais pedindo a adoção de um discurso mais ameno, pavimentando assim o caminho para uma possível aliança.
Afinal, ficaria, no mínimo, chato, um "casamento na delegacia". Casagrande, ao adotar um tom de conciliação na segunda-feira, mais encorajador do que o que utilizou na primeira reunião com o PT, em 12 de abril, também tentou um acordo local, sem que fosse necessária uma imposição da direção nacional do PT.
Quem não vai gostar nada da retirada de Contarato da jogada é a militância, a base do partido que, como já mencionado, estava empolgada com a ideia de concorrer ao Palácio Anchieta.
Além disso, convenhamos, Casagrande não ofereceu muita coisa em troca do apoio dos petistas. As costuras nacionais, embora não seja o cenário ideal para uma aliança, é que vão ditar a parceria local.
O PT nacional tem interesse em outros estados, pode usar o Espírito Santo apenas como moeda de troca para obter o apoio do PSB nesses locais, sem esperar mesmo que o governador faça grandes gestos.
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