A disputa por uma cadeira de senador no Espírito Santo está bem acirrada. Uma série de pré-candidatos se coloca à disposição. No meio disso tudo, pai e filho aparecem em lados opostos.
Marcel Carone, que responde pelo Avante no Espírito Santo, quer ver o pastor Nelson Junior, do mesmo partido, eleito para a única vaga a ser aberta na Casa legislativa para um representante do estado.
Já o empresário Idalecio Carone, pai de Marcel, é pré-candidato ao Senado, ou seja, concorrente de Nelson Junior, pelo Agir.
O Avante estava até outro dia na base de apoio ao governador Renato Casagrande (PSB), Marcel, inclusive, ocupava um cargo comissionado na gestão estadual, mas, como a coluna mostrou, pediu exoneração e tenta abrigar Nelson Junior em algum palanque de oposição, já que, no bloco socialista, já há pré-candidatos o suficiente querendo a bênção do socialista.
O Agir, por sua vez, aproximou-se do presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), pré-candidato ao Palácio Anchieta.
Idalecio refuta o apoio a Erick, apesar de a parceria ter sido selada pelo presidente estadual do partido, Adriano Rocha. O empresário se diz independente em relação aos concorrentes ao governo do estado e também à Presidência da República.
Reside aí uma das principais diferenças entre ele e o filho, de acordo com Idalecio.
"A principal diferença é que ele (Marcel) apoia o Bolsonaro, acho. Eu não tenho candidato a presidente nem a governador", afirmou o pré-candidato ao Senado à coluna.
"Ele é meu filho, mas a democracia começa dentro de casa. Não posso impedir meu filho de ter um pensamento político. Eu tenho o meu e ele tem o dele", complementou.
Idalecio contou que Marcel não leva muita fé na pré-candidatura dele ao Senado.
"Ele não acreditava que eu seria candidato. Ele falava para algumas pessoas que eu não seria. E agora ele está vendo que está caminhando para eu ser candidato. Tenho zero rejeição e o apoio do presidente nacional do Agir", garantiu.
Presidente estadual do partido, Rocha já disse à coluna que o empresário não vai ter, no entanto, o endosso dos pré-candidatos a deputado da sigla e tampouco do diretório estadual. Para ele, o melhor seria que Idalecio disputasse um lugar na Câmara Federal.
Esse desentendimento já gerou um bate-boca público entre Idalecio e Rocha.
AVANTE
Enquanto isso, o Avante no Espírito Santo, de acordo com registros no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), está sem comando. A vigência do órgão provisório terminou no dia 1º de maio.
Marcel, entretanto, sustenta que ainda responde pelo partido, que passa por uma "reformulação, sem pressa".
"Em relação ao meu pai ser pré-candidato a senador e eu estar apoiando o Nelson Junior, registro que não confundo as coisas, sou uma pessoa profissional que coloca os objetivos coletivos acima dos individuais", afirmou.
"Amo meu pai, tenho grande carinho e respeito por ele, tenho também enorme admiração por tudo que ele construiu e conquistou até aqui, além de ter gratidão pelo esforço incondicional que sempre dedicou a mim e a meus irmãos, e pelos seus ensinamentos e orientações. Temos um convívio estável com algumas divergências de ideias, como qualquer família que se ama e quer o melhor para todos", prosseguiu.
Ele exemplificou que a família Ferraço, que conta com o deputado estadual Theodorico Ferraço (PP), com o ex-senador Ricardo Ferraço (PSDB) e com a deputada federal Norma Ayub (PP), nem sempre está do mesmo lado político também.
"Por várias vezes (os Ferraço) já disputaram eleições em projetos e grupos diferentes. Registro que tenho um respeito e carinho muito grande pela família Ferraço, trago eles de forma respeitosa como exemplo pelas suas histórias vencedoras na política e, principalmente, como família", apressou-se a ponderar.
NELSON JUNIOR X IDALECIO CARONE
Nelson Junior, como já mencionado, é pastor. Fundador da campanha "Eu Escolhi Esperar", que prega a abstinência sexual de jovens até o casamento, ele se identifica também como influencer e, na avaliação de Marcel, tem potencial para conquistar o voto conservador.
Poderia disputar terreno, por exemplo, com Magno Malta (PL), que quer voltar ao Senado.
Nelson tem flertado com Erick Musso e com o deputado federal Felipe Rigoni (União Brasil), outro pré-candidato ao Palácio Anchieta.
Já Idalecio diz que pode apregoar independência em relação ao Executivo estadual, quem quer que seja o eleito. "Posso ter minha bandeira de trabalhar independentemente, por não estar atrelado a nenhum candidato. Mas meu partido pode ter candidato a governador também, quem sabe?", provocou.
Tanto o Avante como o Agir são partidos de menor expressão no cenário político. O Avante, no entanto, tem pré-candidato à Presidência da República, trata-se do deputado federal André Janones, que até esteve no Espírito Santo recentemente.
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