O vereador de Vitória Luiz Emanuel filia-se nesta segunda-feira (5) ao Republicanos, partido do prefeito Lorenzo Pazolini. Assim, a legenda passa a contar com dois parlamentares na Capital. O outro é o presidente da Câmara, Leandro Piquet.
Luiz Emanuel saiu do Cidadania em novembro de 2022 e, desde então, estava sem filiação. Ele é aliado de Pazolini e agora vai reforçar, oficialmente, o time do prefeito na Casa.
O convite para integrar o Republicanos partiu do presidente estadual da legenda, Erick Musso, e contou também com a interlocução do chefe do Executivo.
É mais um passo para fortalecer o palanque de 2024. "Se o prefeito decidir disputar a reeleição no ano que vem, estarei ao lado dele. Tenho convicção que, se ele disputar, vai estar no segundo turno", afirmou Luiz Emanuel à coluna, na manhã desta segunda.
Já destino natural do parlamentar, de acordo com o próprio, é concorrer a mais uma mandato na Câmara Municipal. "É bem provável que eu seja (candidato à reeleição), mas estarei nas eleições em qualquer posição para debater o futuro da cidade."
O Republicanos é um partido do Centrão na Câmara dos Deputados e, historicamente, apoia o governo da ocasião em troca de cargos e emendas parlamentares.
Como a coluna já analisou ao tratar do Progressistas, no entanto, esse grupo de siglas fisiológicas robusteceu-se nos últimos anos e tem planos de deixar de ser apenas um satélite do poder.
Como estratégia eleitoral, os integrantes do Centrão também passaram a adotar uma identidade ideológica que, até pouco tempo, relegavam a segundo plano. O slogan do Republicanos, por exemplo, é "O verdadeiro partido conservador".
Luiz Emanuel diz que esse foi um fator preponderante para decidir se juntar aos quadros do partido. "Eu me considero conservador e de direita. A conversa com o presidente Erick Musso foi muito madura. Ele sabe que as eleições do ano que vem vão ser contra o petismo", avaliou o vereador.
O parlamentar saiu do Cidadania, ao qual filiou-se em 2015 (na época, o nome era PPS), justamente por ter detectado que a sigla caminhava para um lado ideologicamente diverso do dele.
"Estou no meu terceiro mandato de vereador e, historicamente, tenho uma indisposição contra o PT. Nas eleições de 2020, no segundo turno, apoiei Pazolini contra João Coser. Nada contra João Coser, pessoalmente, mas é uma questão política", lembrou.
Naquele ano, o Cidadania disputou a prefeitura de Vitória com o deputado estadual Fabrício Gandini. Ele, entretanto, não passou à próxima etapa do pleito e ficou neutro.
Via de regra, vereadores somente podem sair dos partidos pelos quais se elegeram quando aberta a janela específica para tal, para não haver risco de perda do mandato por infidelidade. Esse prazo começa apenas no ano que vem.
A nova aquisição do Republicanos, porém, obteve uma desfiliação pacífica do Cidadania, com a anuência da agremiação.
"Gandini (presidente estadual) me concedeu e eu saí. Mas o suplente (o ex-vereador Leonil) acionou a Justiça Eleitoral (apontando que Luiz Emanuel deveria perder o mandato). A decisão judicial saiu apenas na última sexta-feira (2), validando a desfiliação. Eu decidi esperar (para se filiar a um novo partido). Agora, está tudo certo", resumiu.
DESAFETO DE ARMANDINHO FONTOURA?
Sempre que Luiz Emanuel é citado, aliados do vereador afastado de Vitória Armandinho Fontoura (sem partido) destacam que os dois são "desafetos".
Logo, a ida do egresso do Cidadania para o Republicanos pode ser lida como o prefeito de Vitória dando abrigo a um "inimigo" de Armando.
Luiz Emanuel, contudo, rechaça essa narrativa.
"Eu desafio essas pessoas a apontarem qualquer tipo de situação em que eu atuei para prejudicar o vereador que está preso (Armandinho). Em 2013, quando eu exercia o meu primeiro mandato de vereador, eu o nomeei no meu gabinete. Quando fui chamado para ver as cenas da câmera de videomonitoramento que o mostravam, de bermuda, batendo ponto e saindo sem trabalhar, eu o exonerei", afirmou o novo republicano.
"Eu o exonerei porque ele cometeu improbidade administrativa. Depois, ele decidiu me perseguir, mas não tenho espírito de revanche. E o Republicanos não tem nada a ver com isso", complementou.
Armandinho Fontoura segue preso, preventivamente, por ordem do Supremo Tribunal Federal. Ele é acusado de integrar uma milícia digital com objetivo de atacar autoridades e desestabilizar a República.
Luiz Emanuel, como registrou o colunista Leonel Ximenes, é alvo de uma notícia-crime encaminhada pelo Ministério Público Estadual (MPES) ao Supremo por, supostamente, fazer "manifestações que incitam o ódio que resultam em atos antidemocráticos".
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