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Pazolini veta reajuste nos salários de vereadores de Vitória

A partir de 2025, parlamentares receberiam R$ 17,6 mil, em vez dos R$ 8,9 mil atuais. Câmara Municipal, entretanto, pode derrubar o veto e manter o aumento

Vitória
Publicado em 29/05/2023 às 23h44
Pazolini ainda não decidiu qual candidato a governador vai apoiar
Prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini. Crédito: Divulgação

Aos 45 do segundo tempo, o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), vetou, nesta segunda-feira (29), o Projeto de Lei  62/2023, aprovado pela Câmara Municipal no último dia 2. Pela proposta, os salários dos vereadores da cidade seriam reajustados de R$ 8,9 mil para R$ 17,6 mil, a partir de 2025. O texto ainda instituiria o pagamento de 13º aos parlamentares.

Tudo isso ainda pode acontecer. Basta que os vereadores derrubem o veto de Pazolini e a Câmara promulgue a lei. 

Como a coluna analisou, no último dia 3, a história do reajuste estava fadada a cair no colo do prefeito, uma vez que todo projeto de lei aprovado pelo Legislativo municipal segue, depois, para apreciação do chefe do Executivo. 

O prefeito tinha três opções: sancionar, o que pegaria mal, visto que a medida é impopular; vetar, o que poderia causar atrito com a própria base aliada na Câmara; ou não fazer nem uma coisa nem outra. O silêncio do prefeito, contudo, significaria sanção tácita.

Ao se omitir, Pazolini chancelaria, de qualquer forma, o reajuste e o 13º salário dos vereadores.

A diferença é que não haveria um ato com a assinatura dele. A promulgação da lei caberia à Câmara. Isso estaria de acordo com o discurso que o republicano vem adotando até aqui, de não interferir em assuntos do Legislativo.

A coluna até apostou que essa seria a escolha de Pazolini. 

Mas, em ano pré-eleitoral, em que o prefeito vem fazendo guinadas políticas, como a aproximação institucional com o Palácio Anchieta, a alocação de correligionários no secretariado e a tentativa de atrair outros aliados, ele decidiu fazer diferente.

OS MOTIVOS

De acordo com a Câmara de Vitória, o prazo para Pazolini se manifestar terminaria nesta terça-feira (30). A um dia do limite, portanto, no final da tarde, o prefeito assinou o veto.

A decisão está baseada em parecer da Procuradoria-Geral da Prefeitura de Vitória. Para o órgão, o projeto aprovado pelos vereadores é inconstitucional. 

A Câmara, ainda segundo a Procuradoria Municiopal, deveria reajustar os salários dos parlamentares por meio de resolução e não por lei. Na primeira hipótese, o texto não iria para a mesa de Pazolini, a própria Câmara publicaria a norma. 

O parecer evoca decisões do Supremo Tribunal Federal que autorizam a fixação dos subsídios de vereadores,  "sendo desnecessária a veiculação por meio de lei" e devendo, "em regra, ser exercida pela espécie normativa resolução".

Tarek Moyses Moussallem

Procurador-geral da PMV, no texto do parecer

"Se a Câmara escolheu estabelecer por meio de lei o subsídio dos Vereadores, ao invés de uma resolução, decorre daí inafastável inconstitucionalidade formal"

É um argumento frágil. O STF dizer que a aprovação por meio de lei não é necessária e que uma resolução serviria não é o mesmo que afirmar que a remuneração dos vereadores tem que, obrigatoriamente, ser feita por resolução. 

O parecer também se insurge contra o pagamento de 13º salário aos parlamentares de Vitória. 

A Procuradoria lembra que o prefeito não recebe 13º, pois não há lei, na cidade, para tal. O salário do chefe do Executivo, de acordo com o parecer, é de R$ 18.478,00 e isso representa o teto remuneratório municipal.

Se os vereadores recebessem 13º, passariam a ter uma remuneração maior que a do prefeito, frisa o texto.

"Logo, a criação da gratificação natalina em favor dos Nobres Vereadores (...) acabaria criando rubrica que ultrapassa o limite da remuneração anual do prefeito, que, frise-se, sequer percebe tal gratificação, implicando verdadeiro vício material", escreveu o procurador-geral.

De acordo com o Portal da Transparência da Prefeitura de Vitória, porém, o salário do prefeito é de R$ 19.217,12 brutos.

Lorenzo Pazolini (Republicanos)

Prefeito de Vitória, no texto do veto enviado à Câmara

"Em conformidade com o Parecer nº 962/2023, da Procuradoria Geral do Município, veto a matéria em sua totalidade"

No ofício enviado à Câmara, Pazolini, além de citar o parecer da Procuradoria, diz esperar o apoio dos vereadores "para manutenção do veto aposto".

O Projeto de Lei 62/2023 foi aprovado, no início de maio, por oito votos favoráveis. Cinco parlamentares se posicionaram de forma contrária. 

A Câmara tem 30 dias para apreciar o veto. Pode manter a decisão de Pazolini e barrar o reajuste salarial ou derrubá-la e reabilitar o aumento. 

Para a rejeição do veto são necessários, justamente, ao menos oito votos, a maioria absoluta dos vereadores (são 15, no total).

Assim, basta que quem votou a favor do reajuste vote contra o veto. Então a lei seria promulgada e passaria a valer, como previsto, a partir de 2025.

Com esse movimento, Pazolini tira a pressão política das próprias costas e a joga sobre os vereadores que foram favoráveis ao aumento, entre eles o próprio líder do prefeito na Câmara, Duda Brasil (União).

VOTARAM A FAVOR DO REAJUSTE (EM 2 DE MAIO):

  • Aloísio Varejão (PSB)
  • Anderson Goggi (PP)
  • Chico Hosken (Podemos)
  • Dalto Neves (PDT)
  • Duda Brasil (União)
  • Karla Coser (PT)
  • Luiz Paulo Amorim (SDD)
  • Maurício Leite (Cidadania)

VOTARAM CONTRA O REAJUSTE (EM 2 DE MAIO):

  • André Brandino (PSC)
  • André Moreira (PSOL)
  • Davi Esmael (PSD)
  • Leonardo Monjardim (Patriota)
  • Vinícius Simões (Cidadania)

Quanto ao aumento do número de vereadores de Vitória, também a partir de 2025, Pazolini nada poderia fazer. A Câmara aprovou, em segundo turno, também em 2 de maio, que as cadeiras em plenário passem de 15 para 21. 

Isso foi estabelecido por meio de emenda à Lei Orgânica, que não vai para apreciação do prefeito. É algo automaticamente e regimentalmente promulgado pela Mesa Diretora da Câmara Municipal, o que foi feito no último dia 16. Ou seja, já está sacramentado. A partir de 2025, Vitória vai ter mais seis vereadores.

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