O aumento da abstenção no segundo turno de uma eleição em comparação com a primeira etapa do pleito não chega a surpreender. Nem todo mundo tem disposição para ir votar quando o candidato escolhido não está mais no páreo. Embora o voto seja obrigatório no Brasil, há quem prefira justificar a ausência ou pagar uma multa. Mas, na Serra, especificamente, a abstenção chamou a atenção no domingo (27): 120.257 eleitores não compareceram aos locais de votação, o que corresponde a 33,17%.
Como a reportagem de A Gazeta mostrou, o número de ausentes superou a quantidade de votos recebida pelo candidato derrotado nas urnas, Pablo Muribeca (Republicanos). Ele foi a opção de 90.227 eleitores. Weverson Meireles (PDT) foi eleito ao receber 138.071 votos.
Em 2020, quando também houve segundo turno na eleição para prefeito da Serra, algo similar ocorreu. Sérgio Vidigal (PDT) foi eleito com 111.920 votos. Fábio Duarte (Rede), o derrotado, recebeu 91.931 votos, número inferior aos 104.526 eleitores que não compareceram.
Ou seja, Fábio Duarte, assim como Muribeca, "perdeu até para a abstenção".
Quatro anos atrás, a abstenção foi de 31,90%, um pouco menor que os 33,17% registrados agora. E olha que em 2020 havia a pandemia de Covid-19, o que deixava as pessoas menos à vontade para sair de casa.
O percentual só cresce. Em 2016, quando o segundo turno foi disputado entre Vidigal e Audifax Barcelos (então filiado à Rede), a abstenção foi de 22,47% (69.248 eleitores faltaram).
Naquela ocasião, Audifax venceu Vidigal, mas o pedetista recebeu 107.050 votos e, assim, superou com folga o número de eleitores ausentes.
Em 2012, 2008, 2004 e 2000 a eleição para prefeito da Serra foi definida já no primeiro turno. Os dados constantes no site do TSE a respeito de pleitos municipais vai só até aí.
ABSTENÇÃO CRESCEU EM TODO O PAÍS
Em 2024, houve segundo turno em 51 cidades brasileiras. As ausências subiram de 21,68% no primeiro turno para 29,26% no segundo.
“Há um aumento de abstenção no segundo turno. Tivemos casos climáticos, outros problemas. Vamos verificar e ver o que podemos aperfeiçoar. Vamos ter que apurar em cada local e trabalhar com os dados”, afirmou a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, em entrevista coletiva ainda no domingo.
O TSE, de acordo com ela, vai fazer uma pesquisa com os Tribunais Regionais Eleitorais para identificar os principais entraves ao comparecimento de eleitores.
Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, foi a cidade com o maior percentual de abstenções no segundo turno: 37,64% dos eleitores aptos não foram às urnas.
Na cidade de São Paulo, houve recorde de abstenções: 2,9 milhões de eleitores (31,54%) não apareceram para votar. As opções eram o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).
Nunes foi reeleito e Boulos recebeu 2,3 milhões de votos. Também foi superado pelo número de eleitores faltosos.
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