Em setembro de 2021, o superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo, Eugênio Ricas, anunciou que iniciava a formação de uma força-tarefa para combater organizações criminosas no estado, de acordo com o modelo do Ministério da Justiça implementado em outras unidades da federação. A ideia era juntar representantes das polícias Militar, Civil, da PF, da Polícia Rodoviária Federal e de Guardas Municipais no mesmo espaço e em atividades estratégicas.
As polícias estaduais capixabas, entretanto, nunca integraram a iniciativa. Até agora. O governador Renato Casagrande (PSB) afirmou à coluna, nesta terça-feira (1), que "o governo vai participar".
"Está na fase final (dos procedimentos para formalizar a entrada no grupo). Nós, antes da eleição, já tínhamos ajustado isso. Os documentos estão no Ministério da Justiça, tenho que ver com o Eugênio (Ricas) como está a tramitação", contou.
Poderia tratar-se apenas de trâmites extremamente burocráticos, dado que o assunto se estende desde 2021. Mas há um componente político aí.
Ricas ganhou projeção à frente da PF, passou a aparecer frequentemente em entrevistas e a publicar artigos na imprensa. Não demorou para que surgisse a especulação de que teria a intenção de ser candidato nas eleições de 2022.
O superintendente negou isso por diversas vezes. Até que admitiu.
Eugênio Ricas quase se filiou ao PSD para concorrer ao Palácio Anchieta, portanto, em oposição a Casagrande.
Desistiu diante do embarque iminente do ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon na sigla. Foi este o candidato do PSD ao comando do Executivo estadual.
O superintendente permaneceu à frente da PF e a força-tarefa seguiu seu curso. A PRF está lá, as Guardas de Vitória e Vila Velha, também.
A coluna quis saber porque somente agora o governo decidiu participar do grupo, embora já desconfiasse da resposta. "Tínhamos um ambiente político ruim, tinha desconfianças", afirmou Casagrande.
"Nos últimos tempos, a gente retomou essa relação institucional", complementou. Em agosto, Ricas foi ao Palácio e conversou com o governador, protocolarmente, demonstrando a retomada do contato.
"E nós já temos o programa Estado Presente. A gente discutiu com o Ricas o formato para que nossas forças policiais também tivessem protagonismo. As forças policiais são muito ciosas da sua participação. Todas elas querem ter um nível de coordenação e protagonismo", justificou Casagrande, nesta terça.
O protagonismo da força-tarefa, é verdade, tem ficado com a PF, que tomou a iniciativa. Agora, segundo o governador, deve haver um "coprotagonismo" das demais polícias.
Em outubro do ano passado, o então secretário estadual de Segurança Pública, coronel Alexandre Ramalho, reagiu de forma enérgica ao ser questionado sobre uma possível participação das polícias estaduais no grupo: "Força-tarefa já existe há muito tempo, sob a égide do governador Renato Casagrande".
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