Aos 36 anos, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, quer ser candidato à Presidência da República pelo PSDB. Para isso, precisa vencer as prévias do partido, marcadas para o dia 21 de novembro. Ele esteve em Vitória, neste sábado (23), para pedir o apoio dos tucanos locais. O principal rival interno dele é o governador de São Paulo, João Doria.
Enquanto Doria dispara críticas contundentes a Jair Bolsonaro (sem partido), apesar de ter investido no "BolsoDoria", em 2018, Leite é mais comedido. A mesma lógica impera em relação a Lula e ao PT.
Leite, que declarou voto em Bolsonaro em 2018, diz que não está "em cima do muro". O discurso do governador gaúcho é permeado de repúdio "ao ódio" e a quem quer "destruir em vez de construir".
"O Brasil não é do ódio, não é da guerra, não é de conflito"; "o Brasil não precisa de um terceiro para brigar"; "se for para votar contra, que seja contra a inflação, contra o desemprego". São algumas das frases ditas pelo jovem tucano neste sábado.
A estratégia de Leite é se mostrar um candidato mais leve que Doria que, exposto a mais tempo, também tem mais rejeição. Eduardo Leite, por outro lado, é menos conhecido.
O governador do Rio Grande do Sul (e não do Rio de Janeiro) diz que é sambista e, para reforçar a ideia de leveza, anda com um pandeiro, que ele toca, como no vídeo acima, no evento do PSDB em Vitória.
A empreitada do PSDB, seja com Eduardo Leite, João Doria ou mesmo com o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio, que também disputa as prévias, deve ser árdua.
Em 2018, com Geraldo Alckmin, o partido teve o pior desempenho da história em eleições presidenciais. Ele ficou em quarto lugar, com cerca de 5% dos votos. Isso porque o PSDB tem tempo de propaganda de TV e rádio e dinheiro do fundo eleitoral nada desprezíveis.
Leite, portanto, precisa mais do que sambar conforme a música sem desafinar.
ENCONTRO COM CASAGRANDE
O encontro com tucanos locais, num cerimonial de Vitória, não foi o único compromisso do governador do Rio Grande do Sul no Espírito Santo. Ele esteve com o governador Renato Casagrande (PSB), na residência oficial da Praia da Costa, pouco antes de se dirigir aos correligionários.
De acordo com a assessoria do socialista, a agenda foi um café e uma conversa breve. Leite disse que conversaram sobre pautas como a Conferência das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas (COP-26), a ser realizada a partir de 31 de outubro e temas afeitos aos governadores do país, que enfrentam a resistência de Bolsonaro em quase tudo.
Casagrande já disse que o governo Bolsonaro vai se arrastar até 2022 e gostaria de ver um nome da terceira via ganhar força. O PSB exige contrapartida do PT, inclusive com apoio no Espírito Santo, em troca de uma possível aliança com Lula, mas Casagrande não parece disposto a subir no palanque do ex-presidente da República.
Uma solução seria um palanque duplo, em que o socialista ficaria livre para, pessoalmente, endossar outra candidatura à Presidência da República.
TORCIDA
O presidente estadual do PSDB, Vandinho Leite, não quis dizer em quem vai votar nas prévias do PSDB. A plateia do cerimonial em que partido recebeu Eduardo Leite estava lotada. Todos que a coluna viu usavam máscaras (ainda bem). Chamou a atenção a quantidade de gritos de apoio e aplausos direcionados a Vandinho.
"Tem muita gente que veio de comunidade carente. O PSDB é isso", discursou Vandinho. Na saída, por volta de 12h20, a coluna ouviu o seguinte diálogo entre os populares que deixavam o evento: "Tudo pelo Vandinho, hein?!", disse uma mulher, de forma irônica. "Bem que ele podia pagar um almoço pra gente", reclamou a outra.
CANDIDATURA AO PALÁCIO ANCHIETA
O ex-vice-governador César Colnago, que já declarou apoio a Doria, apoio este que está mantido, foi ao evento prestigiar Eduardo Leite. Lá, ouviu Vandinho dizer que o PSDB local vai decidir o que fazer sobre as eleições de 2022 no estado somente após as prévias do PSDB nacional.
Colnago tem percorrido o estado em pré-campanha pelo governo do estado.
BOMBEIRO E SAMBISTA
O ex-prefeito de Vila Velha Max Filho se disse bombeiro e não incendiário, no sentido de que o partido não pode rachar devido às prévias. Em eleições, como mostrou o pleito municipal passado, Max costuma colocar fogo nos debates, desta vez está no estilo paz e amor.
Já o ex-prefeito de Vitória Luiz Paulo Vellozo Lucas surgiu quase irreconhecível, de máscara, boina e o cabelo mais comprido. Ele endossou a pré-candidatura de Eduardo Leite.
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