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PSOL e Audifax se estranham (também) por causa de Rose de Freitas

Rede e PSOL compõem uma federação. O PSOL quer a vaga de candidato ao Senado na chapa do ex-prefeito da Serra, mas o mais provável é que o casamento das legendas ocorra apenas no papel

Vitória
Publicado em 28/04/2022 às 02h10
Ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos aponta para a Pedra do Elefante, em Nova Venécia
Ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos aponta para a Pedra do Elefante, em Nova Venécia, quando passou por lá ainda em 2021. Entre a Rede e o PSOL também há pedras no meio do caminho. Crédito: Facebook/Audifax Barcelos

A federação entre Rede e PSOL está chancelada. A primeira conversa entre as duas siglas no Espírito Santo ocorreu na terça-feira (26). E, se antes já havia arestas a serem aparadas, agora há ainda mais. O presidente estadual do PSOL, Toni Cabano, diz que o partido não abre mão de lançar um candidato ao Senado na chapa. O nome é o de Gilbertinho Campos, que disputou a Prefeitura de Vitória em 2020.

O pré-candidato da Rede ao governo do estado, figura central dessa engrenagem, Audifax Barcelos, diz que o ocupante da vaga está indefinido e não garante que Gilbertinho vai ficar com o assento.

"A gente respeita, é importante colocar o nome, mas a definição vai se dar lá na frente", afirmou. "Nem o atual governador tem vice e senador definidos, quanto mais nós", ressaltou Audifax.

A coluna apurou que pré-candidatos ao Senado, como Rose de Freitas (MDB) e Idalecio Carone (Agir), já foram procurados pela Rede.

No PSOL, tais tratativas não pegaram nada bem. Um integrante da legenda diz ser inimaginável que a sigla esteja no mesmo palanque que a senadora. 

O presidente estadual do PSOL, Toni Cabano, frisou à coluna que esperava, na reunião, que a Rede expusesse quem são seus pretensos aliados, entre pessoas e partidos. 

"A militância do PSOL tem dificuldade imensa para fazer campanha para o Audifax", cravou.

O ex-prefeito da Serra integrou legendas de esquerda, como PT, PDT, PSB e a própria Rede, mas não se identifica com esse espectro político, caro ao PSOL. 

 "A gente tem divergências em questões programáticas, como sobre sustentabilidade, ecossocialismo e reforma agrária", exemplificou Cabano, em relação a Audifax.

As divergências são tantas que o mais provável é que PSOL e Rede estejam casados, mas, ao menos no Espírito Santo, apenas no papel. 

"Não necessariamente o PSOL vai apoiar o Audifax. Não tem essa obrigação", admitiu Cabano.

Toni Cabano

Presidente estadual do PSOL

"A gente vai para o cartório junto, mas vai ser uma bigamia"

Ele quer dizer que o PSOL deve estar formalmente atado ao pré-candidato da Rede, mas, na prática, pedir votos para outro candidato ao Palácio Anchieta.

Nada resolvido. Tudo certo. O que mais interessa a Audifax vindo do PSOL é o tempo de propaganda na TV e isso a federação, por si só, já garante ao redista. 

"Audifax já tem o que ele quer nosso, que é o tempo de TV. Sem o PSol, a Rede não teria tempo de TV. E a gente quer o Senado, queremos apresentar nosso programa", complementou o presidente estadual do PSOL.

Não ter o apoio, na prática, do irmão de federação não faria mal a Audifax, avalia um aliado dele. Como o ex-prefeito quer angariar votos ao centro e à direita, não estar vinculado ao PSOL seria até bom.

Outra questão pragmática, desta vez com vantagem para os psolistas, é a formação de chapas proporcionais. A prioridade do partido é eleger a vereadora de Vitória Camila Valadão como deputada estadual.

A chapa para se chegar à Assembleia vai ser mesclada com a da Rede, dando mais estofo à parlamentar. Cabano minimiza esse efeito e diz que a federação, no quesito eleição de deputados, vai ser "boa para os dois lados".

Voltando ao ponto a respeito da disputa pelo Senado, Rose tenta se cacifar em outra chapa, a de Renato Casagrande (PSB), quer o apoio do governador para se reeleger. Se não o obtiver, já tem o convite de Audifax, ainda que a contragosto do PSOL. 

"A gente está conversando com todos. Se depender do PSOL não conversa com ninguém, essa é a cultura deles", avaliou um redista.

Mas como essas arestas vão ser aparadas, na prática? Quem bate o martelo? Toni Cabano diz que o PSOL vai ter a maioria dos assentos na coordenação da federação no estado. 

O PSOL nacional informou à coluna que "a coordenação é formada proporcionalmente à votação dos partidos nas eleições estaduais de 2018". Isso, realmente, dá vantagem ao PSOL.

No Espírito Santo, no entanto, a Rede tem sido mais proeminente que o partido agora coirmão, tem uma pré-candidatura ao Palácio Anchieta, por exemplo. Basicamente, a Rede no estado é Audifax.

Outra conversa entre PSOL e Rede estaduais está marcada para maio. 

Por enquanto, o cenário não é dos melhores, por tudo aqui exposto e pela impressão que o presidente estadual dos psolistas externou à coluna após o primeiro encontro com o ex-prefeito da Serra:

"Fez umas falas como se estivesse se apresentando na televisão, algo que a gente não precisava naquele momento".

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