Já tratamos aqui que, em um primeiro momento, a aliança entre o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (recém-filiado ao PSB) e o ex-presidente Lula (PT) significava menos chances de o senador Fabiano Contarato (PT) ser realmente candidato ao governo do Espírito Santo. Isso porque a aliança entre as duas siglas poderia envolver contrapartidas nos estados. O PSB quer que o PT retire a pré-candidatura de Contarato e apoie a reeleição do governador Renato Casagrande (PSB).
Apesar da dobradinha, a federação entre os dois partidos não se confirmou. Se essa hipótese prosperasse as duas siglas estariam "amarradas" por quatro anos e nem haveria como disputarem entre si por aqui. Mas a união vai se dar apenas entre PT, PCdoB e PV.
O PSB ficou solto por temer tornar-se um coadjuvante do PT. E, como defendeu Casagrande, por ser um partido de porte médio, poderia sobreviver e ainda galgar mais espaços. Sem a federação, no entanto, não há barreiras legais ao lançamento de Contarato.
E surgiu um fato novo. Por um período de 30 dias, deputados federais e estaduais puderam trocar de partido sem o risco de perder o mandato. É a janela partidária. Como resultado, a bancada do PSB na Câmara caiu de 30 para 22 integrantes.
Diante disso, como revelou a Folha de S. Paulo, o PSB perdeu força na negociação com o PT. Para o Partido dos Trabalhadores, os socialistas não podem exigir muita coisa.
Já está costurado um acordo para que os petistas apoiem as candidaturas do PSB no Rio de Janeiro, em Pernambuco e no Maranhão. O principal entrave é São Paulo, onde o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) lidera a corrida pelo governo do estado, seguido pelo socialista Márcio França. E ninguém quer deixar de disputar.
No Espírito Santo, embora a situação seja menos crucial para a aliança, a pré-candidatura de Contarato segue posta. Em março, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que o lançamento ou não do senador ao Palácio Anchieta estava "em discussão".
Essa discussão agora se dá com um PSB enfraquecido nacionalmente. No estado, é diferente. Após a janela partidária, o partido de Casagrande transformou-se na maior sigla da Assembleia Legislativa. E não perdeu o deputado federal Paulo Foletto, que é pré-candidato à reeleição.
Sobre a bancada federal, o presidente estadual do PSB, Alberto Gavini, diz que o partido não foi pego de surpresa pela saída de alguns parlamentares. "Por não termos feito a federação, já sabíamos que alguns iriam sair. E estamos trabalhando para recuperar a bancada, trouxemos nomes novos. Isso não reduz o poder de negociação do PSB", avalia.
Gavini prega que as siglas de centro-esquerda se unam no estado e no país para derrotar Bolsonaro. Reeleger Casagrande faria parte desse plano. "A reeleição de Casagrande aqui é para não dar espaço a outros grupos que pensam como Bolsonaro pensa", alerta.
A discussão sobre lançar ou não Contarato ao governo não se dá apenas na instância estadual, mas, principalmente, nos meandros de Brasília e São Paulo. O senador já se disse disposto a fazer o que for melhor para o partido. Ou seja, não vai se insurgir se a decisão for a de retirar a pré-candidatura.
Se disputar e perder, Contarato não fica na planície, tem mais quatro anos de mandato como senador. Pode, no máximo, ter o capital político reduzido. Em 2018 ele foi eleito com 1.117.036 votos, um pouco mais do que os 1.072.224 alcançados por Casagrande.
Já o governador pode ver os votos a serem destinados à centro-esquerda divididos entre os dois nomes, o que enfraquece o palanque socialista. Do outro lado, também há diversos pré-candidatos, é verdade. Mas nem todos devem aparecer nas urnas.
Por enquanto, há o ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon, pelo PSD, uma pré-candidatura de centro-direita; o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso, pelo Republicanos, um partido do Centrão, mas que tem se apresentado como "o único realmente conservador"; o ex-secretário da Fazenda de Vitória Aridelmo Teixeira pelo Novo, um partido liberal, também de centro-direita; o deputado Felipe Rigoni, pelo União Brasil, do mesmo espectro político.
Há ainda o ex-deputado federal Carlos Manato, pelo PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, de extrema direita. Também está no páreo o ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos, pela Rede. O ex-prefeito se diz de esquerda, de centro e de direita, então fica difícil definir.
O fato é que, até pela viabilidade, ou falta de viabilidade eleitoral, alguns vão ficar pelo caminho. O ex-vice-governador César Colnago, por exemplo, saiu do PSDB para conseguir um lugar ao sol no PSD, que passou a presidir no estado, mas lá a pré-candidatura posta, inclusive citada pelo presidente nacional, Gilberto Kassab, é a de Guerino.
As intenções de voto esperadas para Contarato, que ganhou projeção no mandato de senador, não são desprezíveis. Logo, não devem ser as pesquisas a derrubá-lo do posto de pré-candidato.
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