Três ficaram pelo caminho e sete estão na disputa pelo governo do Espírito Santo. Todos são homens. A maioria, veteranos nas urnas. Os candidatos têm 46 dias, contados a partir desta terça-feira (16), para fazer campanha e convencer os eleitores a escolhê-los ao apertar "confirma" na urna eletrônica.
É o eleitor quem decide, no fim das contas. Mas, para esse convencimento, os postulantes ao Palácio Anchieta contam com apoios, alguns públicos, outros mais discretos.
Quem sai na frente nesse quesito é o governador Renato Casagrande (PSB), que busca a reeleição. Ele tem a maior coligação, formada por 10 partidos, uma aliança heterogênea, que vai do PT do ex-presidente Lula ao PP, que apoia o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Casagrande reúne ainda a torcida e, certamente, a mobilização da maioria dos prefeitos e dos deputados. Prefeitos são, naturalmente, governistas, tamanha a dependência dos municípios de recursos alheios a seus limites geográficos.
Cerca de 50 deles marcaram presença na casa da senadora Rose de Freitas (MDB), em Vitória, no último dia 10. O governador também compareceu e recebeu o apoio dos chefes de Executivos municipais.
O socialista tem ainda a vantagem de disputar o pleito enquanto exerce o cargo. Isso lhe conferiu maior visibilidade, principalmente na pré-campanha, além de garantir apoios como os já mencionados.
O governador vai ter o maior tempo no horário eleitoral gratuito. Ao lado dele, está o ex-senador Ricardo Ferraço (PSDB), o vice na chapa. Ricardo tem bom trânsito com o empresariado.
Além de Rose, candidata à reeleição, que apoia a dupla e também é apoiada.
Casagrande declarou que vai votar em Lula e fazer campanha apenas para ele, mas não transformou isso em sua principal bandeira. O socialista até menciona o nome do petista, mas não recorrentemente.
Lula, por sua vez, também não dá mostras de se esforçar pela eleição de Casagrande. Em um vídeo, endereçado ao senador Fabiano Contarato (PT), que foi retirado da corrida pelo Palácio Anchieta, o ex-presidente chamou Casagrande de "companheiro", mas foi só isso.
BOLSONARO E PROARMAS
O ex-deputado federal Carlos Manato (PL), além do próprio partido, conta apenas com o PTB.
O ex-parlamentar se arvora como o representante legítimo de Bolsonaro na corrida e, realmente, foi o primeiro a divulgar o nome do então deputado federal por aqui.
A pré-campanha de Manato foi bastante calcada no bolsonarismo, mas o candidato tenta variar os temas. Não se restringe a falar mal da esquerda genericamente, embora também o faça, e não se atrela somente à "pauta de costumes". Diz que, se eleito, pretende priorizar as áreas de saúde, educação e segurança.
Aferra-se muito a associações de policiais militares. E conta com o endosso da ProArmas, uma associação que defende que haja ainda mais armas nas mãos de civis.
Como vice, o ex-deputado tem o empresário Bruno Lourenço (PTB), estreante nas urnas. Ao Senado, Manato apoia e é apoiado pelo ex-senador Magno Malta (PL), outro bolsonarista e velho conhecido dos capixabas.
O presidente gravou um vídeo em que declara apoio a Manato e a Magno.
MILITAR E PASTOR
O ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos (Rede), por sua vez, conseguiu ampliar as alianças partidárias, que no início pareciam difíceis de se expandir para o lado dele.
Após indefinições e idas e vindas, Audifax garantiu o Pros e o Avante como integrantes da coligação. Além do Solidariedade. O Psol também está no grupo, já que formou, em todo o país, uma federação com a Rede.
No Espírito Santo, no entanto, os psolistas não estão com o ex-prefeito.
Aliás, os dois divergem até quanto à corrida pelo Senado. O candidato da federação (Rede+Psol) é Gilberto Campos (Psol).
Mas Audifax apoia outro nome, o do pastor Nelson Junior (Avante), que concorre avulsamente, sem coligação.
A vice do ex-prefeito, por sua vez, é a Tenente Andresa (Solidariedade), do Corpo de Bombeiros.
A militar e o pastor são conservadores e, embora não tenham declarado voto em Bolsonaro quando questionados, têm o perfil dos eleitores e candidatos desse viés ideológico.
Audifax tampouco diz em quem deve votar para presidente da República, não quer "nacionalizar a eleição".
Ele é próximo ao governador Paulo Hartung (sem partido), que não declarou apoio a ele e nem a ninguém na disputa local.
EMPRESÁRIO, DEPUTADO E PEQUENOS PARTIDOS
Já o ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon (PSD), além do próprio partido, conseguiu coligar apenas com os nanicos PMB e DC.
Como vice, ele anunciou o empresário Marcus Magalhães (PSD).
Informalmente, o deputado federal Evair de Melo, um dos vice-líderes do governo Bolsonaro, está com Guerino. A aliança não pode ser formal, já que o partido do parlamentar, o PP, subiu no palanque de Casagrande.
Guerino tem tentado unir a própria imagem à de Bolsonaro. Declarou voto no presidente e o elogia frequentemente.
O ex-prefeito é aliado de Hartung.
Magalhães, o vice, foi subsecretário de Agricultura na última gestão do ex-chefe do Executivo estadual.
E os integrantes do PSD, com destaque para o presidente estadual do partido, Neivaldo Bragato, também são aliados de primeira hora do ex-governador.
Para o Senado, Guerino não apoia ninguém. O DC lançou o coronel Lugato, mas avulsamente e sem contar com declaração pública de endosso por parte do ex-prefeito.
BLOCO DO EU SOZINHO
Três candidatos ao governo do Espírito Santo contam apenas com os próprios partidos na corrida.
O ex-secretário da Fazenda da Prefeitura de Vitória Aridelmo Teixeira tem só o Novo para chamar de seu. A vice na chapa é a ex-repórter da TV Gazeta Camila Domingues, do mesmo partido.
Aridelmo é outro aliado de Hartung no pleito. Ele atuou no programa Escola Viva.
O Novo não lançou ninguém ao Senado. Para a Presidência da República, tem candidato próprio, o cientista político Felipe D'Avila.
O PSTU é outro com chapa puro-sangue. Tem como candidato ao governo o Capitão Vinicius Sousa. A vice é a jornalista aposentada Soraia Chiabai.
Para o Senado, o PTSU lançou o servidor público Filipe Skiter.
Para a Presidência da República, o nome da sigla é Vera Lucia.
Por fim, há o candidato Cláudio Paiva, do PRTB, que tem a profissão de terapeuta, conforme informou à Justiça Eleitoral.
O vice é Marco Aurelio, do mesmo partido. E o PRTB também lançou candidato ao Senado, o economista Antonio Bungestab.
Paiva é bolsonarista.
Correção
17 de agosto de 2022 às 10:09
Inicialmente, a coluna registrou que a coligação de Renato Casagrande conta com 11 partidos. Com a saída do Pros do bloco, que migrou para o palanque de Audifax Barcelos, no entanto, o número correto é 10. A informação foi corrigida.
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