O PTB está nos estertores. Ganhou os holofotes recentemente após o presidente de honra do partido, o ex-deputado federal Roberto Jefferson, então em prisão domiciliar, disparar tiros de fuzil e granadas contra policiais federais, no último dia 23.
O episódio protagonizado pelo aliado do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), caiu como uma bomba (perdão pelo trocadilho) em meio ao segundo turno das eleições de 2022. Mas, aparentemente, já foi suplantado por novas maluquices.
Pode ter passado despercebido que o PTB vai se fundir ao Patriota, dando origem ao Mais Brasil (sim, o mesmo nome da marca de batatas congeladas).
No Espírito Santo, o Partido Trabalhista Brasileiro é presidido pelo empresário Bruno Lourenço, vice na chapa de Manato (PL), que disputa o Palácio Anchieta contra Renato Casagrande (PSB).
E uma deputada federal, Soraya Manato, esposa do candidato do PL.
Antes de falarmos do futuro da sigla, um pouco do passado:
O PTB foi fundado em 1945 por Getúlio Vargas. Como o nome da sigla sugere, representava o trabalhismo.
De acordo com Alzira Vargas, filha do ex-presidente e uma de suas principais conselheiras, o partido “destinava-se a ser um anteparo entre os verdadeiros trabalhadores e o Partido Comunista – que tinha então voltado à legalidade. Os trabalhadores não se filiariam ao PSD (Partido Social Democrático) nem à UDN (União Democrática Nacional). Iriam com mais facilidade engrossar os quadros do comunismo. O PTB, sendo dos operários, um veículo para que eles possam expressar seus anseios e suas necessidades, servirá ao mesmo tempo de freio contra o comunismo e de acicate (incentivo) para o PSD”.
Em 1965, a ditadura extinguiu o PTB, assim como os demais partidos. Na década de 1980, com a redemocratização, a sigla ressurgiu.
Com o passar do tempo, a legenda afastou-se do trabalhismo, mais ligado à esquerda, e caiu nas mãos de Roberto Jefferson, ex-deputado federal e condenado no mensalão.
O PTB até apoiou a reforma trabalhista proposta pelo governo Michel Temer (MDB), em 2017.
Depois, mergulhou no bolsonarismo. Jefferson, que já havia apoiado Lula (PT) e Temer, tornou-se aliadíssimo de Bolsonaro.
Os quadros do partido em todo o pais passaram a ser alinhados ao presidente da República. No Espírito Santo, não foi diferente.
Alguns tiveram que pedir desfiliação para manterem-se ao lado de Casagrande.
O PTB coligou-se com Manato. O primeiro e único partido a embarcar na aliança.
Como resultado, foi ao segundo turno, como já mencionado. Mas não elegeu deputados federais.
Soraya foi a escolha de 59.988 eleitores, uma votação expressiva. O Tenente Assis, outro que tentou a Câmara Federal pela sigla, alcançou 58.887.
Não foi o suficiente para serem eleitos, apesar de candidatos com desempenho mais tímido terem conquistado cadeiras. Isso ocorreu porque a a chapa formada por outros petebistas não colaborou.
"Nossos principais nomes mostraram força. Eles tiveram mais voto que candidatos à reeleição, como Amaro (Amaro Neto, do Republicanos teve 52.375 votos). Com mais 16 mil votos a mais a gente faria um (deputado federal), calculou Bruno Lourenço.
"AMO ROBERTO JEFFERSON"
"A pessoa do Roberto Jefferson eu amo, porque sou um cristão, assim como amo a sua pessoa e amo o Manato", afirmou o presidente estadual do PTB à coluna.
"Mas não concordo com a atitude (de Roberto Jefferson). Sou a favor da segurança pública. Não se atira em polícia, eles estavam cumprindo o dever deles. A atitude que ele tomou é errada, acredito que ele passou um ano em meio preso, é uma pessoa de idade, pode ter sido um lapso", acrescentou Lourenço.
Ele avalia que os tiros de Jefferson não atingiram, indiretamente, o partido.
E não credita a "atitude errada" do ex-deputado federal ao incentivo à violência e à postura agressiva de bolsonaristas.
Questionado, Lourenço criticou o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) que, aí sim, para ele, é violento.
RESULTADO NAS URNAS
Em todo o país, o PTB elegeu apenas um deputado federal, Bebeto, no Rio de Janeiro. É um homônimo do ex-jogador de futebol. O futuro parlamentar é comerciante.
Mas Bebeto já está de malas prontas para sair do partido, que não atingiu a cláusula de desempenho. Assim, a sigla fica sem tempo de TV e com pouco dinheiro, além de não ocupar espaços de destaque na Câmara.
É por isso que a legenda vai se unir ao Patriota, dando origem ao Mais Brasil, cujo número de urna vai ser 25. Isso já foi aprovado pelos dois partidos, mas o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) precisa chancelar a parceria para que ela seja oficializada.
O Patriota elegeu quatro deputados federais, mas também ficou aquém da cláusula de desempenho. No Espírito Santo, o partido é presidido pelo deputado estadual Rafael Favatto.
De acordo com o Estadão, Roberto Jefferson não deve ocupar cargos de direção no Mais Brasil e talvez nem ser filiado. Ele está preso em Bangu 8, no Rio de Janeiro, e foi indiciado por tentativa de homicídio.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.