Os candidatos de centro-direita levaram a melhor nas maiores cidades do Espírito Santo. Em Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos) foi reeleito com 79% dos votos, em Viana, Wanderson Bueno, também do Podemos, foi reconduzido ao cargo com um percentual maior ainda, 92,48%.
Em Cariacica, Euclério Sampaio (MDB) foi reeleito com 88,41%. Em Linhares, deu Lucas Scaramussa (Podemos), com 52,92%; em Colatina, Renzo Vasconcelos (PSD), com 39,82%.
Os eleitores de Cachoeiro de Itapemirim decidiram pelo retorno de Theodorico Ferraço (PP) ao poder, após 20 anos da saída dele da prefeitura. E em Guarapari, o eleito foi Rodrigo Borges (Republicanos).
Para completar, em Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos) foi reeleito com 56,22%, ainda no primeiro turno.
Via de regra, os candidatos vitoriosos nessas cidades, cercaram-se de partidos e lideranças distantes de radicalismos e, assim, atraíram os eleitores moderados, que são a maioria.
Foram vitórias típicas da história da democracia brasileira.
AS VITÓRIAS E AS DERROTAS DE CASAGRANDE
Ao apoiar com bastante antecedência as reeleições dos prefeitos Arnaldinho Borgo, em Vila Velha, e Euclério Sampaio, em Cariacica, o governador Renato Casagrande (PSB) já contava com vitórias quase garantidas, tamanho o favoritismo desses dois.
Favoritismo alcançado também graças aos investimentos estaduais e aos louros compartilhados com os prefeitos. Assim, as conquistas deles devem ser creditadas, em parte, ao governador.
Casagrande também fez uma aposta pública e certeira em Wanderson Bueno, em Viana.
Na Serra, o governador foi às ruas ao lado de Weverson Meireles (PDT). O candidato do prefeito Sérgio Vidigal (PDT) não somente foi ao segundo turno como sagrou-se como o mais votado.
Em Colatina, Casagrande entrou na campanha do prefeito Guerino Balestrassi (MDB) apenas na reta final, o que não adiantou, diante da vitória de Renzo.
Já em Guarapari, também declarou apoio a Zé Preto (PP) a poucos dias do pleito. Mas o deputado estadual foi superado pelo vereador Rodrigo Borges (Republicanos).
Em Castelo, o escolhido de Casagrande foi Dr. Abílio (União Brasil), que recebeu 21,87% dos votos e foi superado, e muito, por João Paulo Nali, do Republicanos (78.13%).
Em Cachoeiro de Itapemirim, o governador colocou-se protocolarmente ao lado da correligionária Lorena Vasques (PSB), mas ela ficou em quarto lugar na disputa pela prefeitura.
Mas a principal derrota do governador e de seu grupo político ocorreu em Vitória. Lorenzo Pazolini (Republicanos) foi reeleito ainda em primeiro turno, superando dois candidatos que contavam com a simpatia do Palácio Anchieta, João Coser (PT) e Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB).
Casagrande não participou diretamente da campanha eleitoral em Vitória, nem a favor de Coser nem de Luiz Paulo. Assim, afastou-se da corresponsabilidade pelo resultado. Ao menos publicamente.
Só que, nos bastidores, emissários do governador esforçaram-se para que, ao menos, houvesse segundo turno na Capital.
O objetivo era evitar o fortalecimento de Pazolini, que integra um grupo político diferente.
Pazolini, entretanto, frustrou esses planos.
O CANDIDATO DE HARTUNG E CASAGRANDE
Em Domingos Martins, tanto Casagrande quanto o ex-governador Paulo Hartung (sem partido) estiveram ao lado do candidato do PSD a prefeito, Fabinho Trarbach.
Dupla derrota. Edu do restaurante (PL) foi eleito prefeito da cidade com 43.10% dos votos.
WEVERSON NO 2º TURNO É VITÓRIA DE VIDIGAL
Weverson Meireles (PDT) vai disputar o segundo turno das eleições na Serra contra Pablo Muribeca (Republicanos). É a primeira vez que o candidato do PDT participa de um pleito e, durante a campanha, contou com a onipresença do prefeito Sérgio Vidigal (PDT), seu padrinho político, nas ruas, nas redes sociais, na rádio, nos panfletos, ao infinito e além.
O candidato do PDT começou com resultados tímidos nas pesquisas de intenção de voto, mas cresceu até o derradeiro dia da votação, em que superou todos os adversários.
Chegar ao segundo turno já seria uma vitória, considerando a baixa capilaridade eleitoral de Weverson, mas chegar lá em primeiro lugar é louvável. Uma vitória cujos louros devem ser compartilhados com Vidigal e com a máquina municipal.
Além do já mencionado governador Renato Casagrande.
Weverson recebeu 39,66% dos votos e Muribeca, 25,21%%.
A QUEDA DE AUDIFAX
Audifax Barcelos (PP), surpreendentemente, ficou em terceiro lugar, com 23.96%. A expectativa, de acordo com as pesquisas de intenção de voto, é que ele teria lugar cativo no segundo turno.
Uma reviravolta na reta final, contudo, tirou o veterano político do páreo. Foi uma das maiores derrotas desta eleição.
PSB ELEGE O MAIOR NÚMERO DE PREFEITOS
O PSB, partido de Casagrande, elegeu o maior número de prefeitos no Espírito Santo em comparação com os demais partidos. Dos 37 nomes lançados, 22 foram vitoriosos.
Isso mostra a capilaridade da força do governador e das lideranças governistas no estado, apesar do revés em Vitória.
PP O SEGUNDO
O Progressistas (PP) sofreu um baque com a derrota de Audifax na Serra, mas foi o segundo partido que mais elegeu prefeitos no Espírito Santo, 12, entre eles o de Cachoeiro de Itapemirim (Theodorico Ferraço).
Além disso, o PP pode herdar a Prefeitura de Vitória em 2026 se Pazolini renunciar ao mandato para disputar o Palácio Anchieta. A vice dele é a empresária Cris Samorini (PP).
Em importantes cidades, o PP não compôs a chapa majoritária, mas escolheu o lado vencedor, como o de Arnaldinho, em Vila Velha, e o de Euclério, em Cariacica.
PODEMOS ESTÁ PODENDO
O Podemos foi o terceiro partido que mais elegeu prefeitos no Espírito Santo (11). Os destaques são Arnaldinho, Wanderson Bueno (Viana) e Lucas Scaramussa, em Linhares.
O RESULTADO PÍFIO DO PL
O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, lançou o maior número de candidatos a prefeito no Espírito Santo em 2024: 50. Desses, elegeu cinco, o que corresponde a 10%.
O Partido Liberal não conquistou nenhuma prefeitura capixaba em 2020. Depois, ganhou um chefe de Executivo municipal, quando Tiago Rocha, de São Gabriel da Palha, migrou para o partido. Ele havia sido eleito pelo PSL, que se fundiu com o DEM, dando origem ao União Brasil.
Tiago Rocha foi reeleito, o que garantiu ao PL a manutenção do posto. O prefeito de São Gabriel, porém, foi vitorioso após formar uma “coligação proibidona”. Dos oito partidos que subiram no palanque dele, seis haviam sido barrados pelo presidente estadual da sigla, o senador Magno Malta.
Mas Rocha seguiu com a coligação mesmo assim e o PL não interferiu.
No cômputo geral, o PL passou, portanto, de um para cinco prefeitos no estado.
É um crescimento. Mas, considerando a quantidade de candidatos lançados e o resultado alcançado, o copo está bem mais vazio do que cheio.
NA GRANDE VITÓRIA, AINDA PIOR
Na Grande Vitória, nem há como dourar a pílula. O PL perdeu feio na Capital, na Serra, em Cariacica e em Vila Velha.
O maior percentual de votos recebido por um candidato a prefeito na região metropolitana em 2024 está no município canela-verde.
Lá, Coronel Ramalho saiu das urnas com 17,20% dos votos (42.096). Ficou em segundo lugar, mas muito distante do primeiro colocado, o prefeito reeleito Arnaldinho Borgo (Podemos), escolhido por 79% dos eleitores.
Na Serra, o vereador Igor Elson (PL) tentou virar prefeito, mas ficou em quarto lugar, com 7,66% dos votos (18.724).
Em Cariacica, o pastor Ivan Bastos (PL), recebeu 4.788 votos, o equivalente a 2,51%. Foi o terceiro colocado em uma corrida com três participantes.
Por fim, em Vitória, o deputado estadual Assumção (PL) disputou a prefeitura pela segunda vez e, ainda assim, não decolou. O candidato do PL na Capital recebeu 9,55% dos votos (17.946) em 2024, ficou em quarto lugar.
DERROTA DO PT É MAIOR QUE A DE 2020
O Partido dos Trabalhadores repetiu o resultado ruim de 2020 e não elegeu nenhum prefeito no Espírito Santo em 2024.
Mas com um agravante: na eleição passada, o PT foi ao segundo turno em duas cidades, Vitória, com João Coser, e Cariacica, com Célia Tavares. Desta vez, nem isso.
Coser e Célia, novamente, foram as apostas da sigla, mas acabaram derrotados ainda no primeiro turno, respectivamente, por Lorenzo Pazolini (Republicanos) e Euclério Sampaio (MDB).
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