A dois dias do prazo que as direções de PT e PSB estabeleceram para definir em quais estados os dois partidos vão estar lado a lado, o governador do Espírito Santo, o socialista Renato Casagrande, afirmou que vai "apertar 13" e, logo, votar no ex-presidente Lula na eleição de outubro.
Ele, assim, cumpre uma das concessões feitas ao PT local, de declarar publicamente o apoio ao pré-candidato petista.
O PT tem a pré-candidatura do senador Fabiano Contarato ao Palácio Anchieta e há sinalizações de que ele deve ser retirado da disputa em favor do apoio a Casagrande. É isso que o governador, que deve disputar a reeleição, quer.
Faz parte das negociações que envolvem as cúpulas dos partidos que já estão alinhados na chapa Lula-Alckmin.
"O Lula é o candidato do PSB nacional e, naturalmente, a pessoa em quem eu vou votar. Essa é uma resposta implícita na coligação que o PSB nacional fez. Votarei no Lula", cravou.
Aos dirigentes locais do PT, em reunião recente, ele já havia dito que declararia voto no petista "do jeito dele", ou seja, sem muito estardalhaço, até para não desagradar a outros aliados.
Note-se que, ao adiantar quais números vai apertar na urna eletrônica – "Vou apertar 13, vou votar no ex-presidente Lula" – , Casagrande não diz que o fará pelos atributos do ex-presidente ou por achar que é o melhor pré-candidato e sim porque ele, Casagrande, é fiel ao próprio partido.
"Sou secretário-geral do partido nacional, tenho responsabilidade com o partido", ressaltou, nesta segunda-feira (13), em entrevista no Palácio Anchieta.
E ainda lembrou que a aliança que ele costura no estado vai contar com outros postulantes ao Palácio do Planalto.
"Terei junto comigo outras candidaturas a presidente da República no projeto que vou defender. Além do debate com o PT, nós temos o Ciro Gomes (PDT), figura que eu gosto muito. Temos o MDB, que é um partido que a gente conversa e a Simone (Tebet) é candidata à Presidência da República", exemplificou.
O PP, que apoia o presidente Jair Bolsonaro (PL), também está com Casagrande no Espírito Santo.
O governador, de acordo com as palavras dele mesmo, no entanto, não quer "forçar a barra" com o PT, quer que os petistas o apoiem por vontade própria, não por imposição da direção nacional, como já havia dito à coluna.
"Assim que o PSB fez uma aliança nacional eu manifestei isso ao PT aqui, que, da minha parte, seria bom que nós formalizássemos uma aliança. Mas o PT tem o direito de achar e verificar qual vai ser o melhor caminho", reforçou.
"Não é possível que alguém vá para uma aliança e não queira ir de forma inteira. É melhor as coisas acontecerem de forma natural, não forçar a barra. Essa tem que ser uma decisão do PT, não minha", ponderou.
Ou seja, o governador não quer as próprias digitais na retirada da candidatura de Contarato. E disse respeitar a decisão do partido se ela for pela manutenção do nome dele na corrida.
RESISTÊNCIA NO PT LOCAL
Bem, se o apoio do PT vier, certamente não será por inteiro. A militância do partido está em polvorosa com a possibilidade de Contaarato concorrer ao governo do estado e manifestou isso no último sábado (11) em plenária realizada em Vitória.
Dirigentes locais, como a presidente estadual do PT, Jackeline Rocha, também incensaram Contarato como candidato. À coluna, ainda no sábado, Jackeline avaliou que a simples declaração de Casagrande sobre votar em Lula não seria suficiente:
"Seria necessário ele se posicionar em relação ao palanque de Lula, não somente a questão de declarar voto. O PT precisa de um palanque eletrônico, com número, com representação, e isso a gente tem com Fabiano Contarato".
De qualquer forma, a última palavra é da direção nacional do partido, que pode rifar Contarato em troca do apoio do PSB a candidatos petistas em outros estados.
Contarato, por sua vez, disse, também no sábado, em entrevista à coluna, que Lula "merece um palanque efetivamente progressista", numa alfinetada na ampla aliança casagrandista.
(Com colaboração de Natália Bourguignon)
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