Este é um espaço para falar de Política: notícias, opiniões, bastidores, principalmente do que ocorre no Espírito Santo. A colunista ingressou na Rede Gazeta em 2006, atuou na Rádio CBN Vitória/Gazeta Online e migrou para a editoria de Política de A Gazeta em 2012, em que trabalhou como repórter e editora-adjunta

Segundo turno no ES sinaliza fim do "Casagrande paz e amor"

Críticas ácidas a Manato (PL) partiram do deputado federal Felipe Rigoni (União Brasil), mas movimento está em sintonia com a campanha do socialista

Vitória
Publicado em 05/10/2022 às 12h54
Renato Casagrande com apoiadores após resultado do primeiro turno das eleições no ES. O candidato do PSB obteve  46% dos votos
Renato Casagrande com apoiadores após resultado do primeiro turno das eleições no ES. O candidato do PSB obteve 46% dos votos. Crédito: Vitor Jubini

A coluna analisou recentemente quais poderiam ser as estratégias dos candidatos ao governo do Espírito Santo no segundo turno, com base em entrevistas concedidas e sinais emitidos pelos próprios candidatos, Renato Casagrande (PSB) e Carlos Manato (PL).

Logo após passar à segunda etapa da campanha, o socialista já havia adiantado que haveria não apenas confrontação de projetos, mas também de "características pessoais" dos oponentes. E fez um alerta: "Não podemos correr o risco de ter retrocessos".

Esse discurso se aprofundou rápida e indiretamente. O deputado federal Felipe Rigoni (União Brasil) entrou na trincheira ao lado do governador do PSB.

Coube a Rigoni disparar, sem meias palavras, as críticas mais pesadas ao candidato do PL. Entrou em cena o episódio da saída, até hoje não muito bem explicada, de Manato de um cargo comissionado na Casa Civil do governo Jair Bolsonaro. Rigoni aponta que ele foi demitido por "incompetência". 

O parlamentar lembrou ainda que o adversário de Casagrande integrou a Scuderie Le Cocq, um grupo de extermínio conhecido como o esquadrão da morte, que ganhou fama nos anos 1990. 

De acordo com o Ministério Público Federal, "a entidade agia como personificação jurídica do crime organizado e como quartel de grupos paramilitares".  

Manato já rebateu Rigoni, disse que pediu para deixar o governo Bolsonaro e que, na Le Cocq, não participou de atividades relacionadas ao crime organizado, as quais desconhecia.

Casagrande, por sua vez, pouco depois da divulgação do vídeo em que Rigoni atacou Manato e defendeu o voto no socialista, foi ao Twitter dizer que "(A maioria dos capixabas) não quer a turma do atraso, nem a volta do crime organizado ocupando cargos públicos", perfilando-se, assim, ao que foi dito pelo parlamentar, mas sem citar o nome do candidato do PL.

"Os capixabas merecem o melhor, mas para assegurar isso vamos precisar do empenho de vocês. A ameaça do retrocesso, da violência e do crime precisa ser definitivamente derrotada no dia 30", complementou Casagrande.

Isso soa um tom acima do discurso empregado pelo socialista no primeiro turno.

Era, digamos, o "Casagrande paz e amor", para fazer aqui uma, talvez forçada, alusão ao "Lulinha paz e amor", slogan criado pelo marqueteiro Duda Mendonça em 2002.

Na primeira etapa do pleito, o governador evitou criticar os adversários. 

foi alvo de toda a sorte de bordoadas, que partiram não apenas de Manato, mas de Guerino Zanon (PSD) e Aridemo Teixeira (Novo), que ficaram para trás na corrida pelo Palácio Anchieta e já declararam apoio a Manato.

Audifax Barcelos (Rede) também partiu pra cima do socialista, que chegou a apontar, nos debates realizados pela Rede Gazeta, que os demais postulantes ao governo haviam combinado os ataques, o que eles negaram.

Nos debates Casagrande pareceu entre tenso e apático, deixou de responder enfaticamente aos adversários, fugiu dos temas. 

Parecia se esforçar para não rebatê-los. E frisou que pretendia se concentrar em propostas. Na maior parte do tempo, elencou os feitos da gestão estadual.

Pontualmente, desferiu alguns petardos, principalmente contra Audifax e Guerino.

A coluna testemunhou até uma intervenção, feita no intervalo do debate da TV Gazeta, pelo estrategista da campanha do governador à reeleição, Diego Brandy. Ao ouvi-lo, Casagrande concordou: "Mais, calmo, mais calmo".

Provavelmente, a orientação agora é outra, embora os ataques mais pesados sejam terceirizados.

O PLANO

Nesta terça, ao rebater Rigoni, Manato apresentou à reportagem de A Gazeta um plano, segundo ele, vazado da campanha de Casagrande, que orientava como os apoiadores do socialista deveriam se portar após a divulgação do vídeo protagonizado pelo deputado do União Brasil.

"Mobilizar as lideranças e a militância para engajar no vídeo, comentando com críticas ao Manato, apoiando a declaração do Rigoni e declarando voto no Casão", dizia um dos pontos.

E foi isso mesmo que ocorreu nas redes sociais de A Gazeta após a publicação da coluna a respeito do posicionamento de Rigoni.

E AUDIFAX?

Tudo isso ocorreu antes de Audifax, o ex-prefeito da Serra que ficou em quarto lugar na corrida pelo governo do estado, posicionar-se quanto ao apoio a algum dos candidatos no segundo turno.

Ele já havia dito à coluna que, ao lado de Casagrande, não ficaria.

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