A coluna analisou recentemente quais poderiam ser as estratégias dos candidatos ao governo do Espírito Santo no segundo turno, com base em entrevistas concedidas e sinais emitidos pelos próprios candidatos, Renato Casagrande (PSB) e Carlos Manato (PL).
Logo após passar à segunda etapa da campanha, o socialista já havia adiantado que haveria não apenas confrontação de projetos, mas também de "características pessoais" dos oponentes. E fez um alerta: "Não podemos correr o risco de ter retrocessos".
Esse discurso se aprofundou rápida e indiretamente. O deputado federal Felipe Rigoni (União Brasil) entrou na trincheira ao lado do governador do PSB.
Coube a Rigoni disparar, sem meias palavras, as críticas mais pesadas ao candidato do PL. Entrou em cena o episódio da saída, até hoje não muito bem explicada, de Manato de um cargo comissionado na Casa Civil do governo Jair Bolsonaro. Rigoni aponta que ele foi demitido por "incompetência".
O parlamentar lembrou ainda que o adversário de Casagrande integrou a Scuderie Le Cocq, um grupo de extermínio conhecido como o esquadrão da morte, que ganhou fama nos anos 1990.
De acordo com o Ministério Público Federal, "a entidade agia como personificação jurídica do crime organizado e como quartel de grupos paramilitares".
Manato já rebateu Rigoni, disse que pediu para deixar o governo Bolsonaro e que, na Le Cocq, não participou de atividades relacionadas ao crime organizado, as quais desconhecia.
Casagrande, por sua vez, pouco depois da divulgação do vídeo em que Rigoni atacou Manato e defendeu o voto no socialista, foi ao Twitter dizer que "(A maioria dos capixabas) não quer a turma do atraso, nem a volta do crime organizado ocupando cargos públicos", perfilando-se, assim, ao que foi dito pelo parlamentar, mas sem citar o nome do candidato do PL.
"Os capixabas merecem o melhor, mas para assegurar isso vamos precisar do empenho de vocês. A ameaça do retrocesso, da violência e do crime precisa ser definitivamente derrotada no dia 30", complementou Casagrande.
Isso soa um tom acima do discurso empregado pelo socialista no primeiro turno.
Era, digamos, o "Casagrande paz e amor", para fazer aqui uma, talvez forçada, alusão ao "Lulinha paz e amor", slogan criado pelo marqueteiro Duda Mendonça em 2002.
Na primeira etapa do pleito, o governador evitou criticar os adversários.
E foi alvo de toda a sorte de bordoadas, que partiram não apenas de Manato, mas de Guerino Zanon (PSD) e Aridemo Teixeira (Novo), que ficaram para trás na corrida pelo Palácio Anchieta e já declararam apoio a Manato.
Audifax Barcelos (Rede) também partiu pra cima do socialista, que chegou a apontar, nos debates realizados pela Rede Gazeta, que os demais postulantes ao governo haviam combinado os ataques, o que eles negaram.
Nos debates Casagrande pareceu entre tenso e apático, deixou de responder enfaticamente aos adversários, fugiu dos temas.
Parecia se esforçar para não rebatê-los. E frisou que pretendia se concentrar em propostas. Na maior parte do tempo, elencou os feitos da gestão estadual.
Pontualmente, desferiu alguns petardos, principalmente contra Audifax e Guerino.
A coluna testemunhou até uma intervenção, feita no intervalo do debate da TV Gazeta, pelo estrategista da campanha do governador à reeleição, Diego Brandy. Ao ouvi-lo, Casagrande concordou: "Mais, calmo, mais calmo".
Provavelmente, a orientação agora é outra, embora os ataques mais pesados sejam terceirizados.
O PLANO
Nesta terça, ao rebater Rigoni, Manato apresentou à reportagem de A Gazeta um plano, segundo ele, vazado da campanha de Casagrande, que orientava como os apoiadores do socialista deveriam se portar após a divulgação do vídeo protagonizado pelo deputado do União Brasil.
"Mobilizar as lideranças e a militância para engajar no vídeo, comentando com críticas ao Manato, apoiando a declaração do Rigoni e declarando voto no Casão", dizia um dos pontos.
E foi isso mesmo que ocorreu nas redes sociais de A Gazeta após a publicação da coluna a respeito do posicionamento de Rigoni.
E AUDIFAX?
Tudo isso ocorreu antes de Audifax, o ex-prefeito da Serra que ficou em quarto lugar na corrida pelo governo do estado, posicionar-se quanto ao apoio a algum dos candidatos no segundo turno.
Ele já havia dito à coluna que, ao lado de Casagrande, não ficaria.
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