Weverson Meireles (PDT) e Pablo Muribeca (Republicanos) participaram de debates eleitorais pela primeira vez em 2024. O pedetista nunca disputou um cargo eletivo e o republicano foi eleito vereador e deputado estadual, corridas em que, via de regra, não há debates.
Isso considerado, não podemos deixar de constatar que os dois candidatos a prefeito da Serra não proporcionaram bons embates, em termos de conteúdo e oratória, neste pleito. Quem perde são os eleitores.
"Ah, Letícia e você faria melhor no lugar deles?". Talvez não, mas também não sou candidata a prefeita, certo?
Voltemos, então, à eleição na Serra. Na noite de sexta-feira (25), Weverson e Muribeca protagonizaram, na TV Gazeta, o último confronto antes da eleição de domingo (27), o segundo turno que vai definir quem vai comandar o Executivo municipal pelos próximos quatro anos.
Foi o terceiro debate entre eles num período de sete dias.
As estratégias adotadas pelos candidatos foram as mesmas dos eventos anteriores: chamar o adversário de mentiroso, fazer críticas em looping, cobrar propostas, mas não apresentar propostas na mesma proporção, e repetir frases como se fossem bordões.
O tom de voz de Weverson foi mecânico. O de Muribeca, suplicante.
O pedetista voltou a falar que o outro não tem "equilíbrio emocional" — Weverson fez isso ao menos 13 vezes no debate realizado por A Gazeta e CBN, no dia 21. Está chato já, realmente.
Chamou o adversário de "campeão de fake news", disse que Muribeca não tem propostas e se apresentou como "a mudança segura" para a Serra.
Muribeca fez diversas críticas ao passado de Weverson, rebatidas pelo pedetista como "mentiras". E as negativas de Weverson, por sua vez, foram consideradas mentirosas pelo adversário. Um círculo vicioso.
O republicanio afirmou que Weverson não é "mudança coisa nenhuma", "escolhido do prefeito (Sérgio Vidigal)", e se autointitulou "o homem do povo".
As "mães atípicas" foram mencionadas diversas vezes pelos dois candidatos. Muribeca apelou, como sempre, aos "papais e mamães".
O tema saúde pública até predominou, no primeiro bloco, mas foi tratado de forma rasa, como os demais assuntos abordados.
SANDI MORI, O PARTICIPANTE INVOLUNTÁRIO
Houve poucas coisas diferentes em relação ao debate de A Gazeta/CBN e ao da TV Vitória, realizado na quinta-feira (24).
Uma novidade: as citações nominais ao delegado da Polícia Civil Rodrigo Sandi Mori.
O chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra foi citado seis vezes, somando as falas de Weverson e Muribeca, sempre em tom elogioso.
O pedetista trouxe à baila o fato de que Muribeca, em um primeiro momento, afirmou ter sofrido um atentado em meio à campanha eleitoral. Como a coluna mostrou, o republicano chegou a registrar um boletim de ocorrência colocando-se como vítima de uma tentativa de homicídio e publicou vídeo, depois apagado, dizendo: "Tentaram me matar!".
Em depoimento a Sandi Mori, porém, Muribeca afirmou que não era o alvo dos disparos que foram feitos durante uma carreata em Central Carapina. O delegado, em entrevista coletiva, revelou o resultado de uma rápida investigação: tratou-se de uma rusga entre gangues rivais, sem nenhuma conotação política.
Muribeca agradeceu, em nota oficial e no debate desta sexta, a pronta elucidação do caso e rendeu homenagens ao "grande Sandi Mori".
Já Weverson afirmou que o republicano "tentou enganar até o Sandi Mori" com o "falso atentado".
"Parece que você estava torcendo para eu levar um tiro", rebateu Muribeca.
Cenas do debate do 2º turno da Serra
Outro assunto revelado pela coluna "rendeu" no debate: a exclusão de todas as menções à sigla LGBT do plano de governo de Weverson Meireles.
O pedetista fez isso após ser acusado, por Muribeca, de "defender ideologia de gênero", o que, de fato, nunca houve.
"Por que você traiu a comunidade?", questionou o candidato do Republicanos, num rompante de compaixão por um segmento que ele mesmo havia tratado com virulência e desinformação.
O fato de Weverson ter deletado todas as menções à "comunidade" do plano também foi, claro, um desrespeito.
Mas a coisa, no debate, ficou por aí mesmo, não chegou-se a lugar algum, para variar.
O pedetista voltou a afirmar que Muribeca "é mentiroso" por ter falado de "ideologia de gênero" e tentou justificar, assim, a "adequação" do plano de governo.
PARENTES
Mais uma novidade: como se já não bastassem os demais assuntos tratados de forma comezinha, a grande revelação feita pelos candidatos no debate foi que a esposa de Muribeca e a namorada de Weverson são primas.
Enfim, o almoço em família neste domingo vai ser interessante.
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