Este é um espaço para falar de Política: notícias, opiniões, bastidores, principalmente do que ocorre no Espírito Santo. A colunista ingressou na Rede Gazeta em 2006, atuou na Rádio CBN Vitória/Gazeta Online e migrou para a editoria de Política de A Gazeta em 2012, em que trabalhou como repórter e editora-adjunta

Um problema para os candidatos apoiados por Bolsonaro

No ES, Manato e Magno Malta são mais identificados com o presidente. Em recorte feito no país, apenas 6 de 33 nomes endossados por Bolsonaro lideram disputas

Vitória
Publicado em 27/09/2022 às 02h10
Presidente Jair Bolsonaro discursou na Praça do Papa em acenos aos evangélicos falando de luta do bem contra o mal, criticando a ideologia de gênero e o aborto
Presidente Jair Bolsonaro discursou na Praça do Papa, em Vitória, em julho. Junto com ele, estavam Magno Malta e Carlos Manato. Crédito: Carlos Alberto Silva

No Espírito Santo, o candidato ao governo mais identificado com o bolsonarismo, o ex-deputado federal Carlos Manato (PL), apareceu em segundo lugar na pesquisa Ipec divulgada no último dia 22, com 18% das intenções estimuladas de voto, um ponto percentual a menos do que tinha no dia 2. Oscilou, assim, dentro da margem de erro, que é de três pontos.

Já na rejeição, Manato lidera. Entre os entrevistados, 26% disseram que não votariam nele de jeito nenhum. O governador Renato Casagrande (PSB), candidato à reeleição, foi rejeitado por 22%.

Se as eleições fossem realizadas na data da pesquisa, que foi às ruas entre os dias 19 e 21 de setembro, Casagrande seria eleito no primeiro turno, com 61% dos votos válidos.

Levantamento realizado pelo jornal "O Globo" mostrou que de 33 candidatos ao governo e ao Senado abertamente apoiados pelo presidente da Republica, Jair Bolsonaro (PL), apenas seis lideram as disputas nos estados.

Magno Malta (PL), que tenta voltar ao Senado pelo Espírito Santo, não entrou na conta porque apareceu tecnicamente empatado com a senadora Rose de Freitas (MDB)apareceu tecnicamente empatado com a senadora Rose de Freitas (MDB). Ela, aliás, surgiu numericamente à frente, com 31% das intenções estimuladas de voto, contra 27% do ex-senador.

Bolsonaro mencionou os nomes de seus escolhidos em uma live, transmissão ao vivo nas redes sociais, que foi ar na última quarta-feira (21).

Magno e Manato aliam-se bastante à imagem do presidente.

O candidato ao governo tenta furar a bolha ao falar de propostas nas áreas da saúde, segurança, educação e combate à fome.

Passou a adotar também a estratégia de atacar Casagrande pelo apoio ao ex-presidente Lula (PT), arquirrival de Bolsonaro, e por suspeitas de corrupção. Manato ignora ou minimiza, entretanto, as suspeitas que pesam sobre o governo federal.

De acordo com a apuração de O Globo, aliados e integrantes da campanha do presidente admitem que a avalanche bolsonarista que dominou as eleições de 2018 no país não deve se repetir. Isso devido ao desgaste do governo e à alta taxa de rejeição de Bolsonaro, que afetam seus aliados.

Acrescento aqui que a lógica nacional pode não estar, na cabeça do eleitor, tão atrelada à estadual. Em 2020, na eleição municipal, não se viu um fenômeno bolsonarista nas prefeituras. O deputado estadual Capitão Assumção (Patriota), que imita a retórica do presidente da República, por exemplo, tentou comandar a Prefeitura de Vitória e amargou o quarto lugar, teve 7,22% dos votos válidos.

Em 2018, no Espírito Santo, Manato e Magno foram candidatos aos mesmos cargos que disputam agora.

O ex-deputado não fez feio, considerando que a candidatura foi meio improvisada. Ficou em segundo lugar, com 27,22% dos votos válidos, mas não conseguiu chegar ao segundo turno.

Magno, por sua vez, inicialmente liderava as pesquisas, mas na reta final o jogo virou. Imbuídos por um espírito de renovação, os eleitores decidiram tirar a cadeira dele e a do então senador Ricardo Ferraço (PSDB) e eleger dois estreantes nas urnas: Fabiano Contarato (então filiado à Rede) e Marcos do Val (na época, no Cidadania).

O voto para o Senado é decidido mais em cima da hora mesmo. O Ipec apontou que, na pesquisa espontânea, quando os nomes dos candidatos não são informados aos entrevistados, o percentual de indecisos chegou a 57%. A dez dias do pleito.

Também de acordo com o Ipec, Bolsonaro e Lula estão tecnicamente empatados no Espírito Santo, com 39% e 38% das intenções estimuladas de voto, respectivamente.

Ou seja, ele se sai melhor que seus pupilos, mas não consegue transferir votos na mesma medida para eles.

Quanto à avaliação do governo Bolsonaro, os capixabas estão divididos: 39% disseram que a gestão dele é boa ou ótima. Para 37%, é ruim ou péssima.

OUTROS NOMES

Outros candidatos bolsonaristas também estão no páreo, embora não contem com o endosso público do presidente. Guerino Zanon (PSD) e Claudio Paiva (PRTB), que concorrem ao Palácio Anchieta, declararam voto no presidente.

Guerino apareceu com 7% das intenções estimuladas de voto; Paiva não atingiu nem 1% das menções.

No Senado, além de Magno, ao menos Nelson Junior (Avante) já se disse simpatizante de Bolsonaro. Criador do movimento "Eu Escolhi Esperar", Nelson marcou 1%.

Para o Senado, não há segundo turno e apenas uma vaga está em jogo.

OS SEIS BOLSONARISTAS QUE LIDERAM NO PAÍS

Candidatos ao governo:

  • Wilson Lima (União Brasil), no Amazonas
  • Ratinho Jr (PSD), no Paraná
  • Cláudio Castro (PL), no Rio de Janeiro
  • Antônio Denarium (PP), em Roraima

Candidatos ao Senado:

  • Tereza Cristina (PP), no Mato Grosso do Sul
  • Dr. Hiran (PP), em Roraima

O DINHEIRO

Pela lista, somente um candidato do PL, partido do presidente, está à frente no páreo, Cláudio Castro. A sigla destinou R$ 6 milhões do fundo eleitoral para a campanha dele. O União Brasil aportou mais R$ 3,5 milhões e o Republicanos, R$ 3 milhões.

Manato recebeu apenas R$ 100 mil da direção nacional do PL, é o candidato ao governo da legenda que menos conta com recursos. A coligação de Manato é formada também pelo PTB, que não fez repasses para ele.

Com um patrimônio declarado de R$ 10,2 milhões, o ex-deputado federal tirou R$ 5 mil do próprio bolso para fazer campanha.

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