Apesar de ter se lançado como pré-candidato e até contar com um bordão – "Pra cima deles" – e adesivos colados em veículos, o coronel Alexandre Ramalho (Podemos) nunca foi um nome dado como certo na corrida pelo Senado.
Isso porque o partido dele integra a base aliada ao governador Renato Casagrande (PSB), que já tinha ao menos outros dois postulantes à vaga de candidato a senador, o deputado federal Da Vitória (PP) e a senadora Rose de Freitas (MDB).
Por um tempo, até o pastor Nelson Junior (Avante) fez parte do grupo que queria a bênção do socialista para disputar.
No fim das contas, foi Rose quem se consolidou. É a candidata da chapa do governador. Para outro casagrandista ser lançado ao Senado, só se for de forma avulsa, com um partido solitário, sem coligação.
O Podemos fechou as portas para essa possibilidade, rifando Ramalho oficialmente. Já Da Vitória é candidato à reeleição. E Nelson Junior flerta com o ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos (Rede).
O coronel ressaltou, por mais de uma vez que, no início de abril, quando se filiou ao Podemos, obteve a garantia do presidente estadual da legenda, Gilson Daniel, e do próprio governador de que concorreria ao Senado.
Mas, em política, as coisas mudam. Não há garantia de nada.
Ramalho é ex-secretário estadual de Segurança Pública, integrou o primeiro escalão do governo e não se furta a se afirmar como casagrandista.
É, também, no entanto, bolsonarista. Até apareceu em um culto, em Vitória, no último dia 23, para ouvir o presidente da República discursar.
Com a bandeira da segurança pública e o uso de termos como "acabar com a bandidagem", o militar da reserva da PM tinha potencial para tirar votos de outro bolsonarista, Magno Malta (PL), que quer voltar ao Senado.
O não lançamento de Ramalho, portanto, beneficia, principalmente, Magno, que já havia sido contemplado com a retirada do ex-prefeito de Colatina Sérgio Meneguelli (Republicanos) do páreo.
O presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso, que substituiu Meneguelli na disputa, também deve estar comemorando a concretização da saída de Ramalho da disputa. Erick almeja os votos dos eleitores conservadores, mesmo filão de Magno e do ex-pré-candidato do Podemos.
O deputado gostaria do apoio do coronel, ainda que informalmente, e até já telefonou para ele.
Rose de Freitas, por outro lado, declarou ser contra candidaturas avulsas na base de Casagrande. Assim, ela deve estar satisfeita com a interdição do militar da reserva da PM.
CÂMARA DOS DEPUTADOS
Uma opção, que cabe a Ramalho aceitar ou não, é disputar uma cadeira de deputado federal. Isso ajudaria a eleger nomes do Podemos à Câmara, entre eles o presidente estadual da legenda, Gilson Daniel.
Gilson, no entanto, garante que, mesmo sem o coronel, o partido consegue eleger dois deputados federais.
Ramalho não tem como, a esta altura do campeonato, trocar de partido para disputar qualquer cargo em 2022. O prazo de filiações terminou no início de abril.
Outro ponto importante é que, sem entrar na briga pelo Senado, o Podemos fica com mais recursos para investir na eleição de parlamentares.
A prioridade dos partidos, em geral, é eleger deputados federais. É com base no número de cadeiras na Câmara que é calculado, por exemplo, o valor do Fundo Partidário, um recurso público, que cada sigla recebe.
A COLIGAÇÃO
Para o governador Renato Casagrande, por outro lado, em termos práticos, não faz muita diferença o Podemos integrar ou não a coligação dele.
O tempo de propaganda de TV do partido é pequeno. Apenas as seis maiores siglas participantes da aliança entram na conta.
Gilson Daniel e aliados, de qualquer forma, pediriam votos para ajudar na reeleição do governador.
O presidente estadual do Podemos também foi secretário da atual gestão. Deixou a pasta de Planejamento em abril por imposição da legislação eleitoral.
A convenção estadual da legenda delegou, na última sexta-feira (29), à Executiva estadual a decisão sobre coligar ou não. Como não vai lançar a candidatura avulsa, a parceria oficial com o PSB vai ser selada.
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