No quarto mandato não consecutivo como prefeito da Serra, Sérgio Vidigal (PDT) poderia tentar a reeleição em 2024. Mas decidiu lançar o próprio chefe de gabinete, Weverson Meireles, para disputar o comando do Executivo municipal.
Meireles é também o presidente estadual do PDT. Jovem, vai fazer 33 anos na próxima segunda-feira, ele nunca concorreu a um cargo eletivo.
Até dezembro de 2023, era secretário de Turismo do governo Renato Casagrande (PSB) e foi substituído por Philipe Lemos (PDT) a pedido de Vidigal.
O prefeito da Serra o queria por perto. Assim, Meireles assumiu a chefia de gabinete do pedetista.
O lançamento da pré-candidatura de Weverson Meireles ocorreu neste sábado (16) em um cerimonial em Jardim Limoeiro.
O evento, a convenção municipal do PDT, converteu-se em uma prestação de contas dos três anos da gestão Vidigal, com muitos elogios ao atual prefeito.
O pastor Álvaro Lima chegou a compará-lo a Jesus Cristo, “um homem que viveu há dois mil anos e era seguido por muitas pessoas”.
A presidente do PDT da Serra e primeira-dama da cidade, Sueli Vidigal, marcou presença e recebeu uma oração especial, com imposição de mãos.
“Essa minha companheira de vida, que passou por momentos difíceis”, resumiu o prefeito.
Sueli passa por problemas de saúde e foi efusivamente saudada no evento. Ela escolheu a música “O que é o que é?”, de Gonzaguinha, como trilha sonora da entrada da própria Sueli, de Vidigal e de Weverson no evento.
Além das homenagens ao casal Vidigal, “casal que é apaixonado pela Serra. Sem eles, a Serra não é seria o que é hoje”, de acordo com a cerimonialista, o evento cravou um novo fato político na corrida pela prefeitura.
Como a coluna já havia destacado, a decisão de Vidigal que não concorrer envolve motivos pessoais, da família.
Já a escolha de Weverson Meireles vem na esteira da busca por um nome novo, considerando que, há quase 27 anos, apenas duas pessoas, Sérgio Vidigal e Audifax Barcelos (PP), revezam-se no comando da prefeitura.
Vidigal, que em dezembro de 2023 afirmou que “a gestão da Serra não é para amadores”, neste sábado discursou:
“Política tem que renovar, mas com qualificação. (Meireles) é um jovem qualificado”.
Em 2020, após ser eleito, Sérgio Vidigal prometeu que “encerraria um ciclo” e não tentaria a reeleição.
Depois, deu sinais dúbios e a aposta dos atores políticos da Serra era que o prefeito iria, sim, em busca de mais um mandato.
O anúncio deste sábado configura uma reviravolta.
O motivo citado por Vidigal foi um só:
“Não vou ser candidato à reeleição por amor à minha família”.
“Se eu fosse simplesmente um animal político… as pesquisas mostram que tenho chances reais de continuar à frente do município da Serra. Mas a vida é feita de escolhas”, discursou o prefeito.
Vidigal contou que a esposa foi diagnosticada com câncer e submetida a uma cirurgia no ano passado e ele não pôde estar presente.
Agora, quer dedicar tempo à companheira de 38 anos.
“Tive um câncer no rosto. Trinta e quatro pontos (na cirurgia) deste lado (…) Estou bem, estou sendo tratada”, relatou Sueli.
APOIO DO PALÁCIO
Presidentes estaduais de dois partidos, Ricardo Ferraço, do MDB, e Felipe Rigoni, do União Brasil, sentaram-se na primeira fileira.
A presença deles, respectivamente, vice-governador e secretário estadual de Meio Ambiente, denotam ainda a simpatia do Palácio Anchieta ao PDT da Serra. Vidigal e Casagrande são aliados.
O presidente estadual do PSB, Alberto Gavini, afirmou à coluna que “se o PSB apoiar alguém na Serra, vai ser ele (Weverson Meireles)”.
O presidente municipal do Podemos, deputado estadual Alexandre Xambinho, também marcou presença.
O evento lotou o cerimonial e os aparelhos de ar-condicionado não deram conta do calor.
O lançamento de Weverson Meireles, com o perdão do trocadilho, aquece a corrida eleitoral na cidade.
O ex-prefeito Audifax Barcelos, o deputado estadual Pablo Muribeca (Republicanos) e nomes a serem lançados por PL, PT e Novo terão que duelar não mais com o próprio Vidigal e sim com seu pupilo.
É preciso lembrar, contudo, que o candidato do PDT terá a seu favor as máquinas municipal e estadual.
“A Serra não conhecia Sérgio Vidigal. Olha ele aqui. A Serra pode não conhecer o Weverson, mas olha o exército que está aqui”, exortou Sueli à plateia.
Há quem aposte que, até o registro de candidaturas, outra reviravolta vai ocorrer na Serra, com Sérgio Vidigal disputando a prefeitura e Meireles compondo a chapa como vice.
Não foi esse o tom do lançamento da pré-candidatura neste sábado. Mas o tempo dirá.
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